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S&P mantém rating mas sobe perspectiva para a dívida de Portugal

A agência de notação financeira Standard & Poor’s, que em Setembro de 2017 retirou Portugal do "lixo", manteve esta sexta-feira a classificação da dívida soberana no último nível da categoria de investimento de qualidade, e elevou o"outlook" de "estável" para "positivo".

14 de Setembro de 2018 às 21:06
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A Standard & Poor’s reafirmou o rating da dívida soberana de Portugal em ‘BBB-’, um nível acima de lixo. A agência, recorde-se, foi a primeira das três grandes a retirar Portugal da categoria de investimento especulativo, ao melhorar a avaliação do país em Setembro do ano passado para o patamar onde decidiu agora mantê-lo.

 

Quanto à perspectiva (outlook) para a evolução da qualidade da dívida, a S&P subiu-a de "estável" para "positiva", o que significa que em breve poderá voltar a elevar a classificação soberana. Se esse "upgrade" se concretizar, o rating passará para BBB (dois níveis acima de lixo).

A S&P foi assim ao encontro do que estimavam os analistas do Commerzbank, que estavam convictos de que a agência poderia melhorar a perspectiva de Portugal.

"O ‘outlook’ positivo reflecte a possibilidade de uma subida do rating se o desendividamento privado e público prosseguir, a par com melhorias na estabilidade financeira", sublinha a agência no seu relatório divulgado esta sexta-feira, 14 de Setembro.

E especifica: "podemos elevar a classificação de Portugal se a economia continuar a desalavancar-se externamente ao actual ritmo anual de 3%-3,5% do PIB, um processo que reduzirá o ainda elevado stock de dívida externa líquida".

"Ponderaremos igualmente subir o rating se as condições do crédito em Portugal convergirem ainda mais para a média da Zona Euro, melhorando a transmissão da política monetária do Banco Central Europeu", destaca o relatório da agência.

 

A Standard & Poor’s diz que irá monitorizar os custos de financiamento dos "ainda elevados níveis de crédito malparado no sistema bancário".

 

Mas também deixa advertências: "por outro lado, poderemos descer o ‘outlook’ para ‘estável’ se observarmos uma clara debilitação do crescimento económico ou a inexistência de progressos na implementação das reformas estruturais conducentes à melhoria do crescimento".

 

Um outro factor poderá também levar a agência a colocar de novo a perspectiva em ‘estável’: se, contrariamente às expectativas da S&P, a situação orçamental do governo se deteriorar ou se houver um retrocesso no ajustamento externo em curso de Portugal.


Centeno chama atenção para confiança da S&P em Portugal


O Ministério das Finanças congratulou-se de imediato com esta decisão da S&P. Em comunicado enviado às redacções, refere que "e
sta actualização reflecte a confiança na sustentabilidade dos progressos registados na evolução da economia portuguesa e na gestão das contas públicas, com destaque para as projecções de um crescimento económico robusto, a diminuição da dívida externa, o dinamismo do sector exportador e a solidez do processo de consolidação orçamental".

 

De notar também "os progressos alcançados no reforço da estabilidade financeira, entre os quais a redução significativa do rácio do crédito mal parado", acrescenta.

 

"Este desenvolvimento é o resultado das nossas políticas orientadas para reforçar a confiança dos agentes económicos, estabilizar o sistema financeiro e equilibrar as contas públicas, através do aumento continuado da qualidade da despesa pública", realça por seu lado o ministro das Finanças, Mário Centeno.

 

E prossegue: "o Governo tenciona alcançar um orçamento equilibrado no próximo ano e manter a trajectória descendente do peso da dívida pública no PIB, por forma a reforçar a resiliência das contas públicas e da economia portuguesa".

 

"A decisão da S&P traduz o compromisso do Governo de prosseguir uma gestão criteriosa das contas públicas e de continuar a promover um crescimento económico sustentável inclusivo, com aumento do emprego e redução das desigualdades", remata o comunicado das Finanças.

 

Moody's foi a primeira a colocar Portugal no lixo…

 

Recorde-se que a 6 de Abril 2011 José Sócrates anunciava ao País que Portugal ia pedir ajuda externa, uma notícia que Teixeira dos Santos avançara, horas antes, ao Negócios.

 

As agências de rating já vinham a descer a classificação portuguesa há alguns meses, mas foi este pedido de ajuda, que conduziu ao programa de assistência financeira da troika, que precipitou Portugal para o lixo.

 

O então Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva, declarou a 8 de Julho que as decisões das principais agências de rating eram "uma ameaça à estabilidade da economia europeia" e considerou "escandalosa" a entrada no lixo, pela mão da Moody’s, da classificação da República Portuguesa. Quase sete anos depois, esta agência é a unica entre as consideradas grandes a manter Portugal no patamar de "junk".

... e S&P foi a primeira a retirá-lo


A Standard & Poor’s foi, no dia 15 de Setembro de 2017, a primeira das três grandes agências a colocar Portugal na categoria de investimento de qualidade, para BBB- (um nível acima de lixo), depois dos sucessivos "downgrades" durante a crise financeira e sob os anos da troika.

 

Foi também no ano passado, a 15 de Dezembro, que a Fitch retirou Portugal do lixo, ao subir a notação da dívida da República em dois níveis, para BBB. Ficou assim a ser a agência que melhor classificação dá a Portugal.

 

Das três grandes, só falta a Moody’s [que foi a primeira a colocar Portugal no "lixo"] decidir-se pela colocação da dívida soberana num patamar de investimento de qualidade. O "outlook" que a Moody's atribui é "positivo", pelo que poderá fazê-lo já na próxima avaliação.

 

Antes da decisão da S&P em Setembro do ano passado, apenas a canadiana Dominion Bond Rating Service (DBRS) tinha a notação portuguesa fora da categoria de "junk". 

Com efeito, a DBRS foi a única das agências consideradas pelo Banco Central Europeu (BCE) que avaliou Portugal acima de "lixo" durante a crise da dívida. E assim foi até ao dia em que a S&P tirou Portugal desse patamar de investimento especulativo.

A  segunda ronda de avaliações à dívida soberana de Portugal começou então com a S&P neste dia 14 de Setembro, prossegue com a Moody's e a DBRS a 12 de Outubro e termina com a Fitch a 30 de Novembro.


(notícia actualizada às 22:22)

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