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Portugal paga mais para emitir mais dívida que o previsto

O Tesouro vendeu mais de mil milhões de euros em dívida a dez anos e, por isso, ultrapassou o montante indicativo para operação. Superior foi também a taxa de juro, face ao registado na última emissão.

Miguel Baltazar/Negócios
11 de Maio de 2016 às 10:47
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A Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública (IGCP) concluiu esta quarta-feira, 11 de Maio, um leilão de obrigações do Tesouro (OT) a dez anos. Uma operação na qual o Estado colocou 1.150 milhões de euros, um montante acima do previsto. Já as taxas de juro acabaram por ser mais elevadas do que na última operação equivalente. 

O instituto liderado por Cristina Casalinho (na foto) regressou ao mercado para o terceiro leilão de obrigações do ano. O objectivo? Colocar entre 750 e 1.000 milhões de euros em dívida a dez anos. Mas a procura foi suficiente para o Tesouro ir mais além. Emitiu um total de 1.150 milhões de euros em títulos.

A procura total dos investidores por esta operação ascendeu a 1.830 milhões de euros, o que traduz um rácio de 1,59 vezes face à oferta. Um factor positivo, não fosse a taxa de juro superior à registada no último leilão equivalente, realizado em Março. É que, agora, o IGCP conseguiu uma taxa de 3,252%, quando há dois meses esta tinha ficado pelos 3,138%.

Mas foi melhor do que a registada no mercado secundário. Actualmente, a "yield" das obrigações a dez anos segue a cair 6,7 pontos base para negociar nos 3,286%, numa sessão em que os juros da dívida portuguesa afundam em todas as maturidades. A tendência é positiva em toda a Zona Euro, com a "yield" da Alemanha a recuar 0,6 pontos para 0,117%. Desempenho que está a levar o prémio de risco de Portugal a cair para 316,9 pontos.

Resultado positivo em dia concorrido

Desde Março que Portugal não recorria ao mercado sem o auxílio de um sindicato bancário. Mas este é também o "primeiro grande teste à República Portuguesa, depois de a agência de ‘rating’ canadiana [DBRS] ter mantido a qualidade da nossa dívida num nível acima de lixo", nota Pedro Ricardo Santos, gestor da XTB.

Filipe Silva aponta que "foi um leilão que correu dentro do esperado, com a taxa em linha com o que se faz no mercado secundário". "Correu sem qualquer problema", reforça o director da gestão de activos do Banco Carregosa, justificando que "talvez por isso se tenha optado por emitir um pouco acima do previsto".

"O grande destaque foi o montante colocado, com os investidores a comprarem mais títulos do que inicialmente previsto pelo IGCP", destaca também Steven Santos. Mas o gestor do BIG salienta também que, "embora com juros mais altos do que na emissão comparável, a procura forte é um indicador saudável, se considerarmos que hoje é um dia muito concorrido na emissão de dívida periférica".

É que o Tesouro espanhol prepara-se para emitir obrigações a 50 anos esta quarta-feira. Uma operação pouco comum em qualquer país, tendo em conta a longa maturidade dos títulos. Ao mesmo tempo, há jornais que avançam que também Itália está a ponderar uma emissão de títulos no mesmo prazo. 


(Notícia actualizada às 11:28, com mais informação)

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