Outros sites Medialivre
Notícias em Destaque
Notícia

Portugal obtém pela primeira vez juro negativo na dívida a seis meses

O IGCP foi ao mercado financiar-se em 1.500 milhões de euros, obtendo a maior “fatia” através dos bilhetes do Tesouro a 12 meses. Contudo, nos títulos de mais curto prazo acabou por obter, pela primeira vez, uma taxa negativa de -0,002%.

Miguel Baltazar/Negócios
20 de Maio de 2015 às 10:39
  • 30
  • ...

Portugal obteve um juro negativo de -0,002% na emissão de bilhetes do Tesouro a seis meses, a taxa mais baixa alguma vez registada numa operação do género. No prazo a 12 meses, onde foram colocados 1.200 dos 1.500 milhões de euros emitidos nestes leilões de curto prazo, o juro também caiu para mínimo histórico.

 

Pela primeira vez na história, o IGCP conseguiu obter uma taxa média com um sinal de menos numa emissão de dívida. Os 300 milhões de euros emitidos com um prazo de seis meses apresentaram um juro de -0,002%, resultado da elevada procura registada pelos bilhetes do Tesouro nesta maturidade. A procura superou em 4,61 vezes a oferta.

 

"Embora não seja um dado impressionante, não deixa de ser uma novidade  Portugal estar a emitir a taxas negativas", diz Filipe Silva, director da Gestão de Activos do Banco Carregosa. Nesta operação, "o Estado recebe hoje 100.001, mas só vai ter que entregar 100 daqui a seis meses. Isto é pedir dinheiro emprestado a custo zero", remata. "Este movimento é, acima de tudo, o resultado do plano de compras de activos do BCE", acrescenta.

 

Em Abril, numa emissão a três meses, o instituto liderado por Cristina Casalinho tinha pago uma taxa de juro média ponderada de 0,007%, mas uma parte dos títulos tinha sido já colocada com uma taxa de -0,001%. Desta vez, e depois de já vários países o terem conseguido, Portugal obteve uma taxa média negativa. E num prazo superior.

 

Os 300 milhões com juros negativos foram, no entanto, apenas uma pequena parte dos 1.500 milhões de euros obtidos pelo país neste leilão duplo de bilhetes do Tesouro. A maior "fatia" foi colocada em títulos a 12 meses: 1.200 milhões de euros, sendo que a procura superou em 1,99 vezes a oferta.

 

Neste prazo mais longo, Portugal obteve uma taxa média de 0,021%, também esta um mínimo histórico, isto apesar do mercado de dívida ter vivido, nas últimas semanas, uma forte agitação que fez disparar as taxas dos soberanos. "A 12 meses, os dados não se afastaram do que estávamos à espera", diz Filipe Silva. Na última operação a 12 meses, realizada em Março, o IGCP tinha obtido uma taxa de 0,094%.

 

(Notícia actualizada às 11h05 com mais informação e comentário de analista)

Ver comentários
Saber mais dívida BCE obrigações Maria Luís Albuquerque Finanças IGCP Cristina Casalinho
Outras Notícias
Publicidade
C•Studio