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Portugal volta a emitir dívida com taxas negativas recorde

O IGCP colocou 1.500 milhões de euros em títulos de dívida de curto prazo, num duplo leilão que volta a ser marcado por taxas de juro negativas mais baixas de sempre.

Pedro Elias/Negócios
15 de Novembro de 2017 às 10:34
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Portugal voltou a emitir dívida de curto prazo com taxas negativas, que foram ainda mais baixas do que no último duplo leilão realizado a 20 de Setembro, numa operação onde angariou 1.500 milhões de euros, que corresponde ao limite máximo do montante indicativo.

Os bilhetes do Tesouro com maturidade em 18 de Maio de 2018 (seis meses) foram colocados com uma taxa média de -0,4%,o que compara com os 0,363% da última emissão.

 

Já os bilhetes do Tesouro (BT) com maturidade em 16 de Novembro de 2018 (12 meses) foram emitidos com uma taxa de -0,349%, o que compara com os -0,345% da emissão de Setembro.

Nos títulos de maturidade mais curta o IGCP colocou 400 milhões de euros, sendo que a procura superou a oferta em 2,91 vezes. Em BT a 12 meses o instituto que gere a dívida do Estado emitiu 1.100 milhões de euros, com a procura a superar a oferta em 2,1 vezes.


O resultado deste leilão volta a ter como justificação "o forte apetite pelo risco que se vive nos mercados mundiais, com as 'yields' a 10 anos dos periféricos a cairem significativamente", diz Tiago da Costa Cardoso, gestor da corretora XTB, assinalando que "é ainda notável verificar que o valor diferencial entre a dívida alemã e a dívida portuguesa a 10 anos está perto dos mínimos de 2015, o que revela que a confiança no mercado de dívida português está a normalizar-se a passos largos".

Os juros das obrigações do Tesouro a 10 anos está esta manhã a descer 2 pontos base para 1,99%, perto dos mínimos de 2015 fixados na semana passada.

Todos os leilões de 2017 com juros negativos

O resultado do leilão de hoje mostra que permanece intacto o apetite dos investidores por dívida portuguesa, numa altura em que cresce a expectativa de que mais agências de "rating" retirem a notação financeira de Portugal do lixo. A Fitch vai pronunciar-se a 15 de Dezembro e a Moody's no início do próximo ano.

Este é o terceiro leilão desde que a S&P efectuou o "upgrade" surpresa ao "rating de Portugal, pelo que o duplo leilão realizado a 20 de Setembro (oque é exactamente comparável com o de hoje) já reflectia estas condições de mercado mais favoráveis. Na semana passada o instituto liderado por Cristina Casalinho (na foto) emitiu dívida a 10 anos, sendo que o custo de financiamento ficou pela primeira vez abaixo dos 2%.

No caso da dívida de curto prazo as taxas negativas não são uma novidade, sendo que foi em 20 de Maio de 2015 que pela primeira vez os investidores aceitaram pagar para financiar Portugal (foram emitidos BT a seis meses com uma "yield" de 0,002%).

Desde então foram muitos os leilões de BT que ficaram marcados por taxas negativas, embora só em 2017 tal seja uma constante.

Na emissão de hoje, os investidores aceitaram pagar 4 euros por cada mil euros em que financiaram Portugal.

No caso das BT a 6 meses, em todos os nove leilões realizados desde Julho de 2016 os títulos foram colocados com taxas negativas. Nas BT a 12 meses, todos os 11 leilões realizados em 2017 foram concretizados com taxas negativas, sendo que a tendência tem sido para as taxas irem renovando mínimos de leilão para leilão.


Apesar do valor elevado colocado neste duplo leilão, os BT deverão ter um contributo praticamente nulo no financiamento líquido do Estado este ano, com estas emissões a servirem para refinanciar outra dívida de curto prazo que vai atingindo a maturidade. 

(notícia actualizada às 11:01 com mais informação)

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