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Portugal paga menos por 1.223 milhões de euros em dívida a um ano
O IGCP foi ao mercado esta quarta-feira, naquele que foi o segundo leilão de dívida desde que o Governo caiu. Desta vez foram bilhetes do Tesouro com maturidade a 20 de março de 2026.
Portugal pagou menos para emitir 1.223 milhões de euros em nova dívida de curto prazo. A Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública (IGCP) esteve num mercado para um leilão de bilhetes do Tesouro (BT), com maturidade a um ano e que tinha como montante indicativo até 1.250 milhões de euros.
O juro da operação fixou-se em 2,227%, o que compara com uma taxa média de 2,416% no último leilão de títulos com a mesma maturidade, realizado em janeiro. Na altura, a procura foi 2,67 vezes o montante colocada, acima do registado esta quarta-feira: a procura ficou 2,48 vezes acima da oferta.
"Esta descida das taxas reflete o movimento de cortes que o Banco Central Europeu (BCE) tem vindo a fazer nas taxas de juro, bem como as expetativas de que continue a reduzi-las ao longo deste ano", indica Filipe Silva, diretor de investimentos do Banco Carregosa.
O desempenho do país no mercado primário replica o que está a acontecer em mercado secundário. Apesar do agravamento das "yields" que se fez sentir nas últimas semanas, tem havido um alívio. Esta quarta-feira, os títulos a um ano negoceiam com um juro de 2,25%, a recuar 1,2 pontos-base. Já na maturidade "benchmark" (a 10 anos), a dívida pública portuguesa beneficia de uma descida no juro de 1,8 pontos-base para 3,28%.
"A curva das taxas de juro mantém-se invertida nas maturidades de curto prazo, ou seja, a partir de um ano, para prazos mais longos, taxas mais elevadas. Não obstante, as taxas de curto prazo têm seguido uma trajetória descendente, tendência que se espera que prossiga", acrescenta Filipe Silva.
Este foi o segundo leilão de dívida desde que os deputados chumbaram a moção de confiança ao Governo que vai levar, esta quinta-feira, à dissolução da Assembleia da República. Os investidores não têm, contudo, mostrado sinais de stress em relação à instabilidade política no país. Foi também a última operação agendada para este trimestre.
No plano de financiamento para o ano, o IGCP indicava que o montante das necessidades de financiamento líquidas do Estado no ano de 2025 deverá situar-se em cerca de 18.000 milhões de euros. Em 2025, a entidade espera que o financiamento líquido resultante da emissão de bilhetes do Tesouro produza um impacto positivo de 4.600 milhões de euros.
(Notícia atualizada às 12:10)