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"Há a possibilidade de uma recessão nos Estados Unidos neste trimestre"

Em dia de decisões na Reserva Federal norte-americana, o economista Marlon Francisco, em entrevista ao Negócios, diz que há sinais que mostram o abrandamento da economia norte-americana, que pode cair em recessão até junho.

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No dia em que a Reserva Federal (Fed) norte-americana anuncia a sua decisão de política monetária, a expectativa dos economistas e do mercado é de que mantenham os juros diretores no intervalo entre 4,25% e 4,50%. Para o economista Marlon Francisco, o presidente da Fed tem de pesar vários fatores na tomada de decisão.

"Acho que existem aqui dois pesos que o Jerome Powell tem que medir bastante bem. O primeiro é, obviamente, a incerteza que vem destas tarifas e o peso que poderá ter na inflação futura. Mas, ao mesmo tempo, esta própria incerteza também está a começar a criar alguns efeitos, possivelmente recessivos, na própria economia americana. E, portanto, se por um lado não queremos baixar os juros com a possibilidade que venha a inflação a seguir; por outro lado, talvez não seja boa ideia mantê-los tão altos quando existem já sinais de que a economia está a abrandar profundamente", afirma em entrevista ao Negócios no canal NOW.

O professor da Nova SBE acredita que, tendo em conta estes fatores, "o mais prudente é, efetivamente, manter os juros estáveis tal como estão". Até porque, sublinha, há "uma possibilidade de uma recessão neste trimestre [nos Estados Unidos]. Aliás, a Fed da Atlanta costuma fazer este GDP Now, que nós chamamos de Nowcast. Dados que não são propriamente oficiais, mas que ajudam a fazer algumas previsões naquele momento. E, efetivamente, este GDP Now já mostra uma recessão no primeiro trimestre com menos 1,8% neste momento".

Além disso, acrescenta, há outros sinais que mostram algum abrandamento da economia, como "a queda no investimento e a queda no consumo. E faz sentido. Se nós não sabemos como é que vão ser as tarifas, é natural que as próprias empresas também não saibam o que é que irão fazer. É normal que elas próprias também estejam numa situação de não saber se fazem encomendas, se não fazem encomendas. E os próprios consumidores também não sabem".

Por outro lado, na Europa, os sinais são outros e "os investidores começam a ver a economia europeia com um bom potencial de crescimento". O economista dá como exemplo as "yields" alemães que dispararam depois do anúncio do fim do travão para a dívida. "É possível, e é o que está a acontecer neste momento, que os juros das dívidas estejam a subir, meramente porque existe uma maior probabilidade de pagamento no futuro e, portanto, também se pode pedir um bocadinho mais. Estamos perante um mercado a funcionar como deveria funcionar", conclui.

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