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Empresas dos EUA e do Reino Unido excluídas do fundo de 150 mil milhões da UE
As empresas de países sem um acordo de defesa e segurança com a UE não vão ter acesso ao financiamento de 150 mil milhões anunciado por Bruxelas. De fora ficam ainda sistemas de defesa que tenham restrições de uso impostas por países terceiros à UE.
As empresas dos EUA, Reino Unido e de outros países que não tenham contratos de defesa e de segurança com a União Europeia (UE) não poderão receber verbas do fundo de 150 mil milhões de euros anunciado por Bruxelas no início de março - nem mesmo se tiverem peso na indústria dos Estados-membros. De acordo com responsáveis do bloco de 27 países, citados pelo Financial Times, estes contratos são uma peça chave para poder aceder ao financiamento europeu.
De fora do alcance do fundo ficam ainda quaisquer sistemas de armas avançados sobre os quais um país terceiro à UE tenha controlo na sua produção ou utilização. Esta cláusula excluí, por exemplo, o sistema aéreo e de mísseis Global Patriot, sobre o qual Washington impõe algumas restrições de uso.
O investimento de 150 mil milhões de euros em empréstimos para aumentar os gastos com defesa na UE surgiu em resposta a uma retirada da ajuda militar norte-americana do continente. A Europa quer assumir a sua independência neste campo face aos EUA e apostar na produção própria de armamento e sistemas de defesa – uma política bastante defendida por Estados-membros como a França e que agora se materializa.
"Seria um verdadeiro problema se o equipamento adquirido por um Estado-membro não pudesse ser utilizado, porque um país terceiro se oporia", explica um dos responsáveis do bloco, citado pelo FT. Desta forma, pelo menos 65% do custo de produção ou aquisição de uma arma ou sistema tem de ser gasto na UE ou num países com um acordo de defesa ou segurança com Bruxelas (uma lista que inclui a Noruega, Japão, Coreia do Sul, Ucrânia, entre outros).
Esta medida vai contra as pretensões do Reino Unido. O antigo Estado-membro da UE tem exercido pressão juntos do bloco de países europeus para ser incluído nesta iniciativa, uma vez que várias empresas britânica – como a BAE Systems e a Babcock Internacional – têm um grande peso na indústria da defesa de nações como a Itália e a Suécia. As negociações para criar um pacto entre Londres e Bruxelas neste campo não são novas e até já existe uma base negocial para o alcançar, mas estão a ser limitadas por outras problemáticas como a imigração e direitos de pesca.
"Vemos uma enorme potencial [neste fundo] e é correto que o Reino Unido seja visto como uma parte integrante da Europa. Mas se a UE – em especial, a França – quiser ser transacional em relação a este tema, isto vai prejudicar toda a filosofia de uma Europa unida em termos de defesa e segurança", explicou um alto funcionário da indústria britânica ao jornal inglês, que se manteve anónimo.