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Portugal paga juro de 2,33% para emitir 750 milhões em dívida a nove anos

O Tesouro português conseguiu colocar 750 milhões de euros no leilão de dívida a médio prazo realizado esta quarta-feira.

JOSÉ SENA GOULÃO/LUSA
Portugal colocou esta quarta-feira 750 milhões de euros em emissões de Obrigações ao Tesouro (OT) a nove anos pagando juros mais elevados do que na anterior operação comparável.

O IGCP - Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública emitiu 750 milhões de euros em OT com maturidade a 17 de outubro de 2031 (nove anos e quatro meses), com uma yield de 2,33 %.

A yield mais do que duplica face à taxa paga na última emissão com maturidade em outubro de 2031, realizada em fevereiro, antes da invasão russa à Ucrânia: 1,008%.

Segundo os dados da Bloomberg, a procura foi de 2,68 vezes a oferta, um "bid-to-cover" superior ao registado na última emissão comparável (1,27 vezes).

2022 tem sido marcado por um agravamento das taxas de juro, devido à expectativa em torno de um início da normalização das taxas de juro na Europa, face a uma inflação crescente.

Esta quarta-feira a yield da dívida nacional a nove anos no mercado secundário segue a tendência na Zona Euro e agrava 3,3 pontos base para 2,334%. Já o "benchmark", ou seja, a yield das obrigações a dez anos soma 3,8 pontos base para 2,471%.


O diretor de investimentos do Banco Carregosa considera que a superação da procura em relação à oferta foi justificada pelo disparo do juro pago. " O prémio de risco de Portugal continua a subir e a refletir o movimento que temos assistido globalmente nas taxas das dívidas soberanas", explica Filipe Silva.

Salienta ainda que "no início do ano era expetável que fossemos assistir a uma subida nas taxas das dívidas soberanas, no entanto a elevada inflação que se faz sentir globalmente, a guerra na Ucrânia e os novos confinamentos na China, vieram criar novas disrupções no ciclo económico".

"Os bancos centrais têm vindo a correr atrás do prejuízo, quer retirando estímulos de forma mais rápida do que se esperava inicialmente, como elevando as taxas de juro. O facto de sairmos de taxas de juro negativas, é um processo de normalização económica e saudável para a economia, o problema atual é que o ritmo a que tudo está a acontecer está a ser muito mais rápido do que se previa inicialmente", frisa o especialista.

O diretor de investimentos do Carregosa alerta, no entanto, que "os países da periferia têm sido mais penalizados neste movimento, Portugal não é exceção e o seu spread [face à] Alemanha continua a aumentar". Atualmente, o spread entre os juros da dívida nacional a dez anos e o "benchmark" está em máximos de 2015.

Durante esta quarta-feira, Espanha colocou também oito mil milhões de euros em obrigações a 10 anos, tendo pago um juro de 2,4%, o mais elevado desde 2014. 

(Notícia atualizada às 11:08 com o comentário)

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