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Portugal paga juro de 3,08% por quatro mil milhões em dívida a 10 anos
Na primeira venda sindicada de obrigações do Tesouro deste ano, a procura dos investidores foi seis vezes superior à oferta.
Portugal emitiu esta quinta-feira quatro mil milhões de euros de obrigações do Tesouro (OT) através de uma venda sindicada de dívida, de acordo com informações recolhidas pela Bloomberg. Foi a primeira colocação deste ano e aconteceu numa altura em que vários países europeus estão também no mercado.
O juro fixou-se em 3,08%, o que representa um prémio de 55 pontos face à taxa "mid swap" do euro com a mesma maturidade. Na abertura dos livros de ordens, o cupão apontava para 57 pontos base acima da taxa de referência a dez anos, ou seja, 3,1%, tendo esse valor acabado por descer muito ligeiramente em resposta à procura dos investidores.
"Na sua primeira emissão sindicada do ano, Portugal colocou com sucesso obrigações do tesouro a 10 anos. Esta emissão contou com a colaboração de várias instituições financeiras. A 'yield' da emissão fixou-se nos 55 pontos base acima da taxa 'swap' do euro a 10 anos (2,5279%). A emissão teve uma forte procura, o livro de ordens acabou por superar os 25 mil milhões para uma emissão de 4.000 mil milhões", indica Filipe Silva, diretor de investimentos do Banco Carregosa.
A procura foi assim 6,25 vezes acima da oferta, incluindo dos "joint lead managers", os mandatários da emissão, o BBVA, o BNP Paribas, a Caixa BI, o Credit Agricole CIB, o JP Morgan e o Morgan Stanley. A nova linha de dívida a 10 anos atinge a maturidade a 15 de junho de 2035.
"Com esta emissão a 10 anos o IGCP vem para o mercado com um novo 'benchmark' para a dívida nacional. No início de 2024, numa emissão semelhante Portugal pagou um 'spread' de 40 pontos base e os 'swap' a 10 anos estavam nos 2,54%. A forte procura mostra a confiança que os investidores têm na dívida nacional, o baixo 'spread' que temos versus a Alemanha tem permitido fazer estas emissões com uma 'yield' relativamente baixa", acrescenta Filipe Silva.
Em mercado secundário, os juros da dívida portuguesa com maturidade a 10 anos, agravam-se 2 pontos base para 3,003% - o valor mais elevado desde 27 de julho de 2024, em linha com a tendência de agravamento no resto da Europa.
Esta foi a primeira vez que Portugal esteve no mercado de dívida em 2025, sendo que no último leilão do ano passado de obrigações do Tesouro a 10 anos, realizado em meados de novembro, a República financiou-se em 577 milhões de euros com um juro de 2,824%.
Uma venda sindicada é habitualmente mais cara dado o formato da operação, mas permite ao país captar montantes mais elevados de financiamento. Com o Banco Central Europeu (BCE) a cortar as suas taxas de referência e o contágio das crises políticas na Zona Euro a manter-se contido, os analistas antecipam que este ano o Tesouro beneficie de condições mais favoráveis do que no ano passado e que possa mesmo ser visto como "refúgio".
O IGCP aponta para uma emissão bruta de 20,5 mil milhões de euros em obrigações do Tesouro no total de 2025. Além disso, conta ainda com financiamento das famílias por via dos certificados e também do reavivar das obrigações do Tesouro de Rendimento Variável (OTRV).
(Notícia atualizada às 12:35 horas com comentário)