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Portugal financia-se em 1.250 milhões. Paga mais de 1% para emitir dívida a 9 anos

O Tesouro português realizou esta manhã um duplo leilão de obrigações com maturidade em outubro de 2031 e outubro de 2028, levantando o máximo pretendido para esta operação.

Cristina Casalinho
Miguel Baltazar
09 de Fevereiro de 2022 às 10:46
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Portugal regressou esta quarta-feira ao mercado, com um duplo leilão de obrigações a 6 e 9 anos, que permitiu ao Tesouro português financiar-se em 1.250 milhões de euros. Apesar do sucesso da operação, os juros mais elevados já se fizeram sentir nos custos, com o país a pagar mais de 1% para colocar dívida na maturidade mais longa.

O IGCP emitiu 706 milhões de euros em títulos com maturidade em outubro de 2031, com uma taxa de 1,008%. Na anterior operação comparável, em julho do ano passado, Portugal tinha pago 0,127% para emitir 622 milhões de euros. A procura também ficou significativamente abaixo da operação realizada em julho, ao situar-se em 1,27 vezes.

Já na linha com prazo em outubro de 2028, o Tesouro colocou 544 milhões de euros, tendo pago um juro de 0,603%, com a procura a superar a oferta em 2,06 vezes. No total, Portugal conseguiu levantar 1.250 milhões de euros, o montante máximo pretendido.

Este aumento de juros já era expectável, face ao agravamento dos juros nos mercados secundários. No final da última sessão, a taxa de referência a 10 anos encerrou a negociar em 1,054%, um valor que não visitava desde abril de 2020. Já as taxas a seis e nove anos, as maturidades que foram alvo da colocação, estavam em 0,538% e 0,901%, respetivamente.

"A subida que estamos a assistir no prémio de risco de Portugal, é um reflexo do movimento que temos tido em todas as dívidas soberanas e que acabam por refletir as novas posições que os Bancos Centrais têm vindo a adotar", explica Filipe Silva, num comentário aos custos do leilão.

Para o diretor de investimentos do Banco Carregosa, "na Europa, o Banco Central Europeu, adotou uma posição mais hawkish, face a uma inflação que tem sido mais persistente, o que poderá implicar que os programas de compras de ativos acabem já este ano e posteriormente poderemos assistir a uma subida das taxas, que a acontecerem deverá ser no final de 2022 ou início de 2023".

Os juros das obrigações soberanas têm vindo a agravar-se nas últimas semanas, com os investidores a incorporarem a expectativa de uma normalização da política monetária no euro mais rápida do que era anteriormente esperado.

Na última reunião, a presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde, já não fechou a porta a uma subida de juros este ano, com vários bancos de investimento a reverem as suas previsões para a subida de juros na região. Os especialistas antecipam agora o fim dos juros negativos na região no final deste ano, na sequência de dois aumentos na taxa dos depósitos até dezembro.

"O mercado obrigacionista, numa tentativa de antecipar estes movimentos, tem caído o que leva a uma subida das taxas. Os países da periferia têm sido mais prejudicados com o seu spread versus a Alemanha a aumentar", nota Filipe Silva. O especialista acrescenta que "este movimento acaba por refletir a normalização do mercado, face a uma economia mais robusta, voltarmos para taxas positivas e para spreads ajustados ao risco de cada uma das economias, à medida que vão saindo do mercado os Bancos Centrais com os seus programas de compra de ativos".

Este é o primeiro leilão de dívida de longo prazo, depois da emissão sindicada realizada em janeiro. O Tesouro português vendeu três mil milhões de euros em dívida a 20 anos, com uma taxa de 1,2%.


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