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Portugal emite mais de 900 milhões com juro mais baixo

O instituto que gere a dívida portuguesa conseguiu levantar 914 milhões, um valor ligeiramente abaixo do montante máximo de mil milhões fixado, no primeiro leilão de dívida de longo prazo deste trimestre.

A presidente do IGCP, Cristina Casalinho, destaca que os reinvestimentos do BCE se vão manter pelo menos até 2023.
António Cotrim/Lusa
14 de Julho de 2021 às 10:48
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Um dia depois de ter estado no mercado a recomprar 1,1 mil milhões de títulos em dólares, com maturidade em 2024, o IGCP colocou mais de 900 milhões em Obrigações do Tesouro com um prazo de 9 e 16 anos. A taxa de juro do leilão para as duas linhas ficou abaixo da paga nas emissões anteriores.

Portugal colocou 622 milhões de euros em obrigações com maturidade em outubro de 2030, tendo pago um juro de 0,127%, abaixo dos 0,237% pagos na emissão comparável, realizada em março, segundo indica a agência Bloomberg.

Já na emissão de dívida a 16 anos, a República conseguiu emitir 292 milhões de euros, com uma "yield" de 0,609%. No anterior leilão comparável, a 12 de maio, o IGCP tinha pago uma taxa de juro de 0,841%. 

Com este duplo leilão, o IGCP consegue assim levantar 914 milhões de euros, um montante próximo do intervalo máximo definido para a operação: o montante indicativo era de 750 a 1.000 milhões de euros.

Em relação à procura, a "bid-to-cover" na emissão com maturidade em 2030 situou-se em 2,29 vezes, ligeiramente abaixo dos 2,32 vezes fixados na emissão comparável anterior. Para a linha que vence em 2037, a procura foi de 2,49 vezes a oferta.

"Apesar de estar prevista uma emissão cujo montante poderia ascender aos 1.000 milhões, o IGCP optou por emitir apenas 914 milhões", comenta Filipe Silva. De acordo com o diretor de investimentos do Banco Carregos, "a tendência descendente nas yields da dívida soberana tem-se mantido desde maio, o que permitiu taxas mais baixas na emissão de hoje".

Apesar deste ano ter sido marcado por um movimento de subida dos juros das obrigações, nos meses de março e abril, as "yields" voltaram a recuar nas últimas semanas, depois do Banco Central Europeu (BCE) ter reforçado que os estímulos são para manter e ter revisto a sua estratégia para a inflação.

"Os setores mais afetados pela pandemia, ainda estão longe de uma normalidade e os discursos dos líderes dos Bancos Centrais continuam cautelosos, pelo que falar em abrandamento dos estímulos ou fim dos programas de compras de ativos, ainda não é assunto. Teremos de assistir a uma recuperação evidente da atividade económica como um todo, para que possamos assistir a uma real inversão desta tendência nas taxas de juro de longo prazo", explica Filipe Silva.

Nas linhas de atuação para o terceiro trimestre, publicadas no início do mês, o IGCP avançava que previa realizar leilões, sendo esperadas colocações de 750 a 1.000 milhões de euros por emissão de OT.

 

"Os leilões de OT terão a participação dos Operadores Especializados de Valores do Tesouro (OEVT) e Operadores de Mercado Primário (OMP) e poderão ser realizados à 2a ou 4a quartas-feiras de cada mês após anúncio do montante indicativo e linhas de OT a reabrir até três dias úteis antes da respetiva data de leilão", indicava o IGCP.

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