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Portugal emite dívida com taxas negativas recorde

Após a decisão da S&P em tirar o “rating” de lixo, o Estado foi ao mercado financiar-se em 1.750 milhões de euros em Bilhetes do Tesouro a seis e a 12 meses.

Pedro Elias
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Novos mínimos históricos na operação de financiamento de curto prazo. O Tesouro financiou-se em 1.750 milhões de euros, o montante máximo previsto para emissão. E os juros desceram para valores ainda mais negativos, após a decisão da S&P, da passada sexta-feira, de retirar o "rating" de Portugal de "lixo".

O duplo leilão desta quarta-feira, 20 de Setembro, incidiu sobre Bilhetes do Tesouro (BT) a seis e a 12 meses. Na maturidade mais curta foram colocados 500 milhões de euros com uma taxa de -0,363%. É o juro mais baixo de sempre e compara com os -0,292% da última operação com prazo semelhante, realizada a 19 de Julho. A procura excedeu em 2,83 vezes a oferta.

Já nos BT a 12 meses, foram colocados 1.250 milhões de euros. E as taxas também caíram a pique. O juro da operação foi de -0,345%, um novo mínimo para este prazo. Esta taxa compara com a de -0,259% realizada na última operação semelhante, também em Julho. 

"Nesta operação, o país conseguiu as taxas mais baixas de sempre para estes prazos e ambas foram, mais uma vez, negativas. Era o que se esperava: depois da subida de rating (que  coincidiu com alteração para o grau de "investment grade") por parte da Standard & Poors, a dívida portuguesa de longo prazo estreitou e o curto prazo está a ter o mesmo comportamento. Não é de estranhar, por isso, que tenha sido emitido o montante máximo previsto", refere Filipe Silva, director da gestão de activos do Banco Carregosa. 

Já Steven Santos, gestor do BiG, diz numa nota que "
se o mercado já confiava em Portugal nos leilões a curto prazo, o interesse hoje foi ainda maior depois do upgrade da S&P na sexta-feira à noite". 


Apesar do valor elevado colocado neste duplo leilão, os BT deverão ter um contributo praticamente nulo no financiamento líquido do Estado este ano, com estas emissões a servirem para refinanciar outra dívida de curto prazo que vai atingindo a maturidade. "Estas operações no mercado monetário têm um peso residual no financiamento líquido do Estado e visam refinanciar Bilhetes do Tesouro que vão vencendo". A grande fatia das necessidades de financiamento líquidas do Estado é assegurada através da emissão de títulos de dívida de médio e longo prazo. 

 

(notícia actualizada às 11:44 com comentários de analistas)

 

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