Notícia
Portugal emite 1.250 milhões de euros com taxa mais negativa de sempre
Num leilão duplo, Portugal colocou dívida de curto prazo com a taxa mais negativa de sempre.
O IGCP, o instituto que gere a dívida pública portuguesa, colocou esta quarta-feira um total de 1.250 milhões de euros em dívida a três e 11 meses, com a taxa mais negativa de sempre. -0,096% na emissão a 11 meses e -0,219% a 3 meses. Portugal consegue assim renovar mínimos, depois de já ter atingido níveis inéditos numa emissão no mês passado.
Portugal emitiu 1.000 milhões de euros com maturidade em Janeiro de 2018 e 250 milhões com prazo a 19 de Maio. O Tesouro português consegue assim colocar o máximo pretendido, de 1.250 milhões de euros, com a procura a superar amplamente a oferta.
Nos últimos leilões comparáveis realizados, a 19 de Outubro, o Tesouro colocou o montante máximo pretendido - 1.250 milhões de euros - com juros negativos na maturidade mais curta (-0,012%) e juros de 0,06% no prazo a 11 meses.
Já nas últimas operações de financiamento de curto prazo realizadas - no caso, nas maturidades a 6 e 12 meses -, a 18 de Janeiro passado, Portugal conseguiu taxas historicamente negativas, aproveitando na altura as condições de mercado favoráveis.
"Portugal acompanha a curva das taxas de dívida de curto prazo que se verifica na Europa, aproveitando para emitir com taxas negativas, o que é sempre positivo para o país", realça Filipe Silva. "No caso da emissão de dívida a 3 meses, a descida da taxa foi bastante acentuada e levou-nos para mínimos históricos - Portugal nunca se financiou a taxa tão baixa como esta", acrescentou o director da gestão de activos do Banco Carregosa.
Ainda assim o especialista destaca que as taxas não foram uma surpresa, "uma vez que o mercado secundário tem estado com as taxas negativas para a dívida de curto prazo".
Já Tiago da Costa Cardoso refere que "apesar de ser positivo este novo 'rollover' de dívida, falamos de um valor bastante pequeno, 250 milhões de euros a três meses e mil milhões a 12 meses, algo que não traz um impacto muito grande ao bolo global do pagamento de juros de dívida". Mas, "acaba por obviamente ser positiva esta emissão, pois a expectativa de ter juros negativos mais baixos foi alcançada", explica o gestor da XTB.