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Portugal continua a emitir dívida de curto prazo a taxas negativas
Os custos de financiamento de Portugal agravaram-se ligeiramente na emissão de dívida realizada esta quarta-feira, mas a taxa na dívida a seis meses permanece em terreno negativo.
O Tesouro concretizou esta quarta-feira, 16 de Novembro, um leilão duplo de dívida curto prazo, emitindo 1,5 mil milhões de euros em bilhetes do Tesouro, com um custo de financiamento ligeiramente mais elevado, embora ainda a taxas negativas nos títulos a seis meses. O montante colocado correspondeu ao máximo do intervalo definido para a operação, que era de entre 1,25 mil milhões e 1,5 mil milhões de euros.
A agência que gere a dívida do Estado, o IGCP, colocou 1,25 mil milhões de euros em títulos a 12 meses, com uma taxa de 0,005%, que compara com uma "yield" ligeiramente negativa de -0,014% no leilão realizado a 21 de Setembro. O IGCP colocou também 250 milhões de euros em títulos com maturidade de seis meses, com a taxa a permanecer em terreno negativo (-0,027%), embora acima do verificado no leilão de Setembro (-0,033%). Já a procura excedeu em 3,94 vezes a oferta na linha a seis meses e em 1,57 vezes nos títulos a seis meses.
Apesar do ligeiro aumento dos custos de financiamento, as taxas registadas esta quarta-feira comparam de forma favorável com as praticadas nos leilões de dívida de curto prazo realizados em Maio e Julho. Isto apesar de nas últimas semanas se ter assistido a uma tendência de subida das taxas de obrigações a nível global, dadas as apostas do mercado num regresso da inflação.
Filipe Silva refere que "houve um ajuste em praticamente todos os países, e os bilhetes do Tesouro seguem as obrigações". O responsável pela negociação de dívida no Banco Carregosa acrescenta que para investidores como bancos "é melhor ter dívida de curto prazo com um juro negativo de 0,027% do que depositá-lo no BCE e perder 0,4%. Aqui pode residir a explicação para o sucesso deste leilão: as compras feitas pelos bancos que preferem estas BT a ter que depositar a liquidez no BCE".
Já Marisa Cabrita afirma que "na generalidade, considerando o "sell off" observado no mercado obrigacionista, um pouco por todo o lado, depois da eleição de Donald Trump, e que levou à subida das "yields", os resultados do leilão de hoje podem ser considerados positivos". A gestora de activos da Orey Financial conclui que "a deterioração ligeira observada, era de alguma forma esperada, considerando" esse cenário.
O IGCP tinha indicado que com este leilão o financiamento de 2016 através de bilhetes do Tesouro ficaria concluído. No entanto, o Tesouro tem ainda a decorrer uma oferta de obrigações para o retalho e sinalizou que poderá vir a realizar um leilão de obrigações do Tesouro até ao final do ano.
(notícia actualizada às 11:06 com mais informação)