Notícia
Juros de Portugal atingem novo máximo de nove meses
Os juros superaram a barreia dos 3,7% e o diferencial face à divida alemã está hoje a agravar-se para 350 pontos base.
A "yield" das obrigações do Tesouro a 10 anos está a agravar-se em 5 pontos base, tendo já atingido um novo máximo de nove meses nos 3,76%.
Os títulos de Portugal seguem o desempenho negativo das obrigações italianas, que no prazo a 10 anos também registam um agravamento de 5 pontos base para 2,09%.
Em Espanha a "yield" das obrigações a 10 anos avança 3 pontos base para 1,57% e na Alemanha estão estáveis em 0,287%. Desta forma o risco da dívida portuguesa, medido pelo diferencial face às "yields" das bunds, está a agravar-se para valores em redor de 350 pontos base.
Numa nota enviada a clientes esta quinta-feira o Commerzbank aguardava um agravamento do "spread" da dívida portuguesa, sobretudo por suspeitar que os investidores estão a vender obrigações do Tesouro no mercado secundário para participarem no leilão de dívida de longo prazo que acredita que irá ocorrer na próxima quarta-feira.
"Além das ‘yields’ [das obrigações soberanas de Portugal] estarem num elevado nível alarmante, o desempenho superior face às obrigações soberanas de Itália chegou ao fim", refere o Commerzbank numa nota enviada aos clientes esta quinta-feira.
O IGCP indicou ao mercado que até ao final do ano deveria avançar com um leilão de obrigações do Tesouro. O banco alemão espera que a emissão seja confirmada já esta sexta-feira e concretizada na quarta-feira (23 de Novembro), com a reabertura das linhas com maturidade em Outubro de 2022 e Julho de 2026 num montante de mil milhões de euros.
O Commerzbank suspeita que o desempenho negativo da dívida portuguesa nas últimas sessões esteja relacionado com este leilão, pois habitualmente os investidores vendem títulos no mercado secundário para participar na emissão no mercado primário.
"Se for este o caso, será pouco provável um alívio nos juros da dívida portuguesa até o leilão se concretizar", refere o Commerzbank, que reiterou a postura de cautela com a dívida portuguesa no médio prazo.
Este agravamento dos juros que os investidores exigem para trocar dívida entre si acontece depois de terem sido divulgadas notícias positivas para Portugal, com o PIB a registar no terceiro trimestre o maior crescimento na Zona Euro (+0,8% em cadeia) e de a Comissão Europeia ter dado luz-verde ao Orçamento do Estado.
Notícias que levaram o primeiro-ministro a afirmar ontem quem espera uma descida dos juros da dívida soberana de Portugal no próximo ano.
"É muito provável que, ao longo de 2017, perante números que se consolidam sobre o crescimento da economia e a mensagem de confiança da União Europeia relativamente à evolução orçamental portuguesa, os próprios mercados ajustem o custo da nossa dívida face a valores mais compatíveis com a realidade económica do país", disse, citado pela Lusa. Segundo Costa, "as famílias podem começar a olhar para o seu dia-a-dia com maior tranquilidade, sem sobressaltos de cortes ou de aumentos de impostos" e as empresas "podem olhar com confiança para as condições de financiamento".
Yield das obrigações a 10 anos superou os 3,7%: