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Commerzbank: Juros de Portugal em "nível alarmante"
O banco alemão estima que as obrigações soberanas de Portugal vão continuar sob pressão, até porque o IGCP deverá na próxima semana avançar com um leilão de dívida de longo prazo.
O Commerzbank recomenda cautela com a evolução das obrigações soberanas de Portugal no curto e no médio prazo, assinalando que a "yield" dos títulos de dívida está a atingir um "nível alarmante".
O juro da dívida de Portugal a 10 anos fechou ontem no nível mais elevado em nove meses, acima dos 3,6%, com os títulos a serem dos mais penalizados com a turbulência no mercado de obrigações que se verificou nos últimos dias devido à vitória de Trump nas eleições nos Estados Unidos.
Para a sessão desta quinta-feira o banco alemão estima um novo agravamento no "spread" da dívida portuguesa, já que os investidores deverão posicionar-se antes do leilão de obrigações que deverá acontecer já na próxima quarta-feira.
"Além das ‘yields’ [das obrigações soberanas de Portugal] estarem num elevado nível alarmante, o desempenho superior face às obrigações soberanas de Itália chegou ao fim", refere o Commerzbank numa nota enviada aos clientes esta quinta-feira.
O IGCP indicou ao mercado que até ao final do ano deveria avançar com um leilão de obrigações do Tesouro. O banco alemão espera que a emissão seja confirmada já esta sexta-feira e concretizada na quarta-feira (23 de Novembro), com a reabertura das linhas com maturidade em Outubro de 2022 e Julho de 2016 num montante de mil milhões de euros.
O Commerzbank suspeita que o desempenho negativo da dívida portuguesa nas últimas sessões esteja relacionado com este leilão, pois habitualmente os investidores vendem títulos no mercado secundário para participar na emissão no mercado primário.
"Se for este o caso, será pouco provável um alívio nos juros da dívida portuguesa até o leilão se concretizar", refere o Commerzbank, que reiterou a postura de cautela com a dívida portuguesa no médio prazo.
Os juros da dívida portuguesa a 10 anos estão esta quinta-feira em queda ligeira, cedendo 1,6 pontos base para 3,657%.