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Juros da dívida atingem novo máximo acima dos 3,8%

As obrigações soberanas de Portugal continuam a perder terreno, em linha com o comportamento dos títulos de dívida dos outros periféricos do euro.

António Costa acredita na descida dos juros da dívida portuguesa em 2017 Miguel Baltazar
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Os juros da dívida pública de Portugal atingiram um novo máximo de nove meses no arranque da sessão desta sexta-feira, que volta a ser marcada pela pressão sobre os títulos de dívida dos países periféricos do euro.

 

A "yield" das obrigações do Tesouro a 10 anos avança 6 pontos base para 3,804%, um máximo desde Fevereiro deste ano, naquela que é já a sétima sessão em oito de alta nos juros dos títulos portugueses.

 

Este agravamento dos juros não é um exclusivo de Portugal, com a "yield" das obrigações italianas a aumentar 5,7 pontos base para 2,15% e o juro dos títulos de Espanha a subir 5,8 pontos base para 1,651%.  

 

A vitória de Trump nas eleições dos Estados Unidos levou a uma fuga de investidores do mercado de obrigações, devido às expectativas mais elevadas para a inflação e para o rimo de subida dos juros nos Estados Unidos. De acordo com a Bloomberg, a prestação do mercado de obrigações nas últimas duas semanas foi a pior em 25 anos.

 

A presidente da Reserva Federal, Janet Yellen, reiterou ontem a perspectiva de que os juros do banco central vão subir em Dezembro, o que está a alimentar esta pressão sobre as obrigações soberanas.

 

"A maior influência para as obrigações portuguesas são os títulos dos tesouro dos EUA e as obrigações alemãs. As taxas das obrigações portuguesas têm subido nos últimos dias devido à ameaça de Trumpinflação. E isso permanece uma ameaça real para o próximo ano", considera Ciaran O’Hagan, estratego do Société Générale.

 

Desde as eleições americanas, a taxa das obrigações a dez anos sobe de 3,22% para mais de 3,8%. A dívida nacional é apontada pelos analistas como uma das mais vulneráveis a choques. E tem sofrido com a aposta de que a política económica de Trump resulte em mais inflação e marque o princípio do fim da era de juros baixos.   

 

A subida dos juros nacionais ocorreu apesar dos dados surpreendentes do PIB no terceiro trimestre, da decisão da Comissão Europeia em não aplicar sanções a Portugal e de ter aprovado o Orçamento para o próximo ano.

 António Costa disse esta quarta-feira que esses factores tornariam como "muito provável que ao longo de 2017, os próprios mercados ajustem o custo da nossa dívida ". No entanto, esta quinta-feira os juros voltaram a subir. 

"São certamente factores positivos. Do que duvido é da sua influência nos juros da dívida portuguesa, no curto prazo", refere Filipe Silva.  O director da gestão de activos do Banco Carregosa explica que se existirem más notícias, como instabilidade política, desvios na execução orçamental ou o fim das compras do BCE, isso agravará as taxas.   Mas  nota que mesmo que todos esses factores corram bem, isso pode ser insuficiente para levar os juros a descer.

"O que vimos foi que apesar das boas notícias as taxas da nossa dívida subiram porque as taxas da dívida dos outros países da Europa também subiram", observa Filipe Silva.  Conclusão: "Para termos taxas mais baixas é, acima de tudo, preciso que desçam as taxas da dívida soberana europeia". 


Apesar da tendência de subida dos juros ser global, o Commerzbank defendeu numa nota de que os juros nacionais estão num nível "alarmante". E realçaram um outro factor. Se numa primeira fase subiam menos que os de Itália, nas últimas sessões tiveram agravamentos de maior dimensão. 

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