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Peter Boone nega manipulação da dívida pública

O economista doutorado em Harvard nega as acusações do Ministério Público. Diz mesmo que colaborou com as autoridades durante os cinco anos de investigação e diz não haver correlação entre os seus artigos de opinião e a subida das taxas de juro da dívida pública.

Bruno Simão/Negócios
30 de Outubro de 2015 às 16:43
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Peter Boone, o economista acusado pelo Ministério Público de ter manipulado dívida pública, nega e diz que irá "defender-se veementemente". O doutorado de Harvard acrescenta ainda que colocaborou com toda investigação e classifica como "inconcebível" que a subida dos juros da dívida se deva aos seus artigos de opinião.

"O Dr. Peter Boone nega ter, em qualquer momento, praticado actos dessa natureza e irá defender-se veementemente desta acusação", refere o comunicado emitido esta sexta-feira, 30 de Outubro, e ao qual o Negócios teve acesso. O mesmo documento acrescenta que o economista "cooperou com as autoridades portuguesas desde o início das investigações e continuará a fazê-lo agora que o caso vai a julgamento".

Em causa está o comunicado divulgado na quinta-feira, 29 de Outubro, no site da Procuradoria-Geral da Distrital de Lisboa. Era indicado no mesmo que "o Ministério Público requereu o julgamento de um arguido de nacionalidade canadiana e residente em Londres, pela prática do crime de manipulação de mercado, tendo por objecto a desvalorização das obrigações do tesouro português".

Era referido no mesmo comunicado que em causa estava um académico que "publicou vários artigos em blogs, sendo um deles associado a um jornal de referência mundial, no período compreendido entre Fevereiro e Abril de 2010". Estes tiveram depois um efeito negativo no preço das obrigações portuguesas, tendo o responsável tirado partido com uma venda a descoberta dos mesmos títulos.

O Negócios soube depois que se tratava de Peter Boone, economista doutorado em Harvard e ex-professor na prestigiada London School of Economics and Political Science. No comunicado divulgado esta sexta-feira, em nome de Peter Boone, o agora arguido diz que "é inconcebível que as flutuações no preço das obrigações do tesouro português possam ser atribuídas aos blogues do Dr. Boone". E acrescenta que "as preocupações quanto às finanças públicas portuguesas expressas nesse blogue eram também partilhadas e publicadas por um vasto número de comentadores de primeira linha".

Em sua defesa, Peter Boone diz ainda que "o objetivo destes artigos nunca foi o de constituírem recomendações de investimento". O comunicado cita ainda Simon Johnson, co-autor do artigo mais polémico ("O próximo problema mundial: Portugal"), que afirma que o economista "é honesto, digno de confiança e reputado por membros de governo, académicos e jornalistas do mundo inteiro. Esta acusação de manipulação do mercado através de um artigo que escrevemos juntos é ridícula".

Já no fim do comunicado, Peter Boone defende que "expressar opiniões sobre assuntos de finanças públicas não só não constitui um crime como é um elemento essencial de uma sociedade democrática". Por isso, atira, "esta acusação representa um ataque a esses valores e por isso será contestada". "Confiamos que as autoridades portuguesas irão reconsiderar os factos e determinar que este caso não deve chegar a julgamento", conclui. 


(Notícia actualizada às 17h11, com mais informação)
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