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O que jornais, economistas e políticos dizem sobre Portugal

Portugal tem estado, literalmente, nas bocas do mundo. E não pelas melhores razões. Nos últimos tempos, sucedem-se diariamente comentários, opiniões e previsões sobre a actual crise nos chamados PIIGS e Lisboa tem estado na ribalta.

26 de Abril de 2010 às 18:21
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Portugal tem estado, literalmente, nas bocas do mundo. E não pelas melhores razões. Nos últimos tempos, sucedem-se diariamente comentários, opiniões e previsões sobre a actual crise e Lisboa tem estado na ribalta. Veja aqui o que jornais, economistas, bancos e políticos têm dito sobre Portugal.

Uns dizem que Portugal nada tem a ver com a Grécia; outros, pelo contrário, acham que será o próximo país em risco de incumprimento. O que andam, afinal, a dizer sobre nós e sobre outros por comparação connosco?

“A crise grega começou a espalhar-se ao restantes países da periferia da Europa e Portugal parece ser o seguinte na fila. A situação em Portugal é menos urgente do que na Grécia, mas o cenário de médio prazo é problemático. Se os líderes europeus não conseguirem conter a situação, Portugal irá deparar-se com um período muito desconfortável”.
(Darren Williams, economista da Alliance Bernstein, “The Globe and Mail”, 26 de Abril)

“Em relação a Portugal e Espanha, quando olhamos para os números, vemos que não são comparáveis aos da Grécia. Se os analisarmos numa perspectiva económica, percebemos que não existe qualquer razão económica para se falar de contágio”.
(Ewald Nowotny, membro do conselho de governadores do BCE, “Bloomberg”, 24 de Abril)

É pouco provável que a Grécia seja a última nação da Zona Euro a precisar de ajuda do FMI. (...) Irlanda, Espanha e Portugal são “conspicuamente vulneráveis”.
(Kenneth Rogoff, professor de Economia em Harvard, “Bloomberg”, 26 de Abril)
Kenneth Rogoff

“Portugal ainda não está a jogar na mesma Liga que a Grécia”.
(Carsten Brzeski, economista do ING Bank, “The Wall Street Journal”, 26 de Abril)

“Os portugueses não têm o mesmo historial triste de contabilidade criativa que a Grécia”.
(Idem)

“Portugal e a sua vizinha Espanha têm problemas, mas não estão com problemas imediatos de financiamento”.
(Eric Stein, gestor de carteira da Eaton Vance, “The Wall Street Journal”, 26 de Abril)

“Obviamente estamos preocupados com a situação nos mercados financeiros, mas, como temos sublinhado por diversas vezes, a situação portuguesa não é comparável à situação grega”.
(Luís Amado, ministro dos Negócios Estrangeiros, “Reuters”, 26 de Abril)

“Tal como a Grécia (2,6% do PIB), Portugal (1,8% do PIB) é um pequeno país da periferia da Europa com um défice orçamental e de conta corrente substancial. (...) Contudo, as diferenças [entre Portugal e a Grécia] são significativas e Portugal está menos vulnerável que a Grécia nos seus fundamentais”.
(Estudo Bank of America, liderado pelo economista Holger Schmieding, 26 de Abril)

“Apesar do revés que a Grécia constituiu para o mercado, a tensão sobre os juros focaliza-se agora em Espanha e Portugal e não tanto nos gregos, que já não têm liquidez.
(José Luis Martínez Campuzano, analista do Citigroup, “Expansión”, 26 de Abril)

“Portugal está a ser vítima de especulação e preconceito. A opinião dos economistas dos EUA tem ajudado”.
(Paul de Grauwe, especialista em Economia Internacional, ao Negócios, 26 de Abril)

Christian Noyer
“Há risco para outros países da Zona Euro? Não, as outras situações não têm absolutamente nada a ver com a da Grécia”.
(Christian Noyer, governador do Banco de França, “Bloomberg”, 26 de Abril)

“É Portugal, e não a Grécia, que coloca o maior problema existencial à Zona Euro”.
(Ambrose Evans-Pritchard, editor de Economia Internacional do “Telegraph”, 18 de Abril)

“Depois da Grécia, Portugal pode bem ser o o próximo problema global (...). O próximo no radar é Portugal”.
(Simon Johnson, ex economista-chefe do Fundo Monetário Internacional, e Peter Boone, investigador da London School of Economics, “The New York Times”, 15 de Abril)

“Temo que o Governo português esteja em estado de negação”.
(Simon Johnson, ao Negócios, 19 de Abril)

“As medidas de Portugal para conter o défice poderão ser menos ambiciosas depois da ajuda à Grécia”.
(Paul Mortimer-Lee, responsável pelo departamento de economia de mercado no BNP, nota de análise citada na Bloomberg, 12 de Abril)

“Se não estivessemos no Euro, estaríamos como a Islândia”.
(Emanuel dos Santos, secretário de Estado do Orçamento, “TSF”, 19 de Abril)

“Portugal está numa situação orçamental séria, mas tem capacidade para enfrentar os actuais problemas, que são diferentes da crise da dívida grega”.
(Durão Barroso, presidente da Comissão Europeia, “Reuters”, 23 de Abril)
Durão Barroso


“A situação britânica é pior do que a de Portugal, Espanha ou Itália. O défice orçamental no Reino Unido está nos 11,8% do PIB – quase tão elevado como os 12,9% da Grécia”.
(Pierre-Olivier Beffy, do Exane BNP, no “London Evening Standard”, 19 Abril)

“Não tenho qualquer dúvida de que a especulação excessiva e a inexistência de normas governamentais vinculativas causam a crise financeira mundial. No entanto, no que diz respeito aos problemas de países como a Grécia, Islândia ou Portugal, culpo os seus governos, não os especuladores, pelo grande risco financeiro gerado. Os governos têm a responsabilidade de regular, velar pelo cumprimento e monitorizar as actividades financeiras que podem prejudicar a economia de um país. Haverá sempre incumpridores e cabe ao governo afastá-los”.
(Fadel Gheit, analista da Oppenheimer, ao Negócios, 23 Abril)

“Esqueçam os slogans sobre as praias douradas ou o vinho verde. Aquilo que o governo português quer que o mundo saiba é mais simples: Portugal não é a Grécia”.
(“The Economist”, 22 de Abril)

“Longe de ser o foco da próxima crise da dívida soberana, como foi previsto por vários economistas, os políticos estão a pintar Portugal como um membro bem comportado da Zona Euro, que não é, de forma alguma comparável à instável e mentirosa Grécia”.
(Idem)

“Portugal é, de facto, diferente da Grécia. Mas se os mercados decidiram testar isso, o baixo crescimento crónico, a drástica perda de competitividade e o elevado endividamento público e privado são fraquezas que podem minar rapidamente a protecção que é suposto ser dada pelo facto de [Portugal] ser diferente”.
(Ibidem)

“Há pelo menos duas grandes diferenças entre a Grécia e Portugal. (...) A primeira está na falta de credibilidade de Atenas e a segunda no facto de as necessidades de refinanciamento da dívida serem muito mais preocupantes na Grécia”.
(Luca Cazzulani, analista do banco italiano UniCredit, “The Wall Street Journal”, 22 de Abril)

“Portugal é um animal diferente da Grécia”.
(Richard Barley, “Heard on the Street”, 21 de Abril)

“Portugal não é a Grécia, mas parece estar a pedir problemas”.
( “The Wall Street Journal”, 22 de Abril)

George Soros
“Uma ajuda temporária deverá ser suficiente para a Grécia, mas ainda ficamos com o problema de Espanha, Itália, Portugal e Irlanda. Juntos, estes países constituem uma parte demasiado extensa da Eurolândia que tem de ser ajudada da mesma forma”.
(George Soros, investidor, “Financial Times”, Abril)

“A Grécia é um ‘caso especial’ e não pode ser comparada com outros países cujos défices têm estado na mira do mercado, como Portugal, Espanha e Irlanda”.
(FMI, relatório de Estabilidade Financeira Global, 20 de Abril)

“É melhor olharmos para o Norte de Atenas, e não para Oeste, quando procuramos o próximo país que vai ter problemas. (...) O mais provável é que, a seguir à Grécia, seja a Hungria e não Portugal ou Espanha” quem vai estar na ribalta... pelos piores motivos.
(Maya Bhandari, estratega da Lombard Street Research, “Financial Times Alphaville”, 19 de Abril)

Se a Grécia é o Bear Stearns – o banco de investimento que foi resgatado -, a dúvida está em quem será o Lehman Brothers, que colapsou em Setembro de 2008. Talvez Espanha? “Talvez Portugal”.
(Resposta de Joseph Siglitz, Nobel da Economia, à pergunta do “El País”, 16 de Abril)

“Pode acontecer que os Estados mais fracos, como Portugal ou a Grécia, acabem por sair da união monetária e isso enfraquecerá a moeda única”.
(Nouriel Roubini, economista, à CNN, 16 de Abril)

Recorde-se que o acrónimo PIGS começou a ser usado por alguns jornalistas em 2008, representando quatro países que estavam em dificuldades: Portugal, Itália, Grécia e Espanha. Quando o “Financial Times” o usou, em Setembro desse ano, motivou protestos declarados por parte de um grupo de empresários espanhóis e pelo então ministro português da Economia, Manuel Pinho.

Mais tarde, passou a PIIGS, quando foi introduzida a Irlanda. E há já quem se refira aos PIIGGS, sendo que o segundo ‘G’ é para ‘Great Britain’ (Grã-Bretanha). Para evitar confusões, há quem tenha optado pelo acrónimo mais simples (PIGS), mas incluindo Itália e Irlanda.

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