A redução do endividamento é uma das principais razões que levou a Moody’s a colocar o "rating" de Portugal com uma perspetiva positiva. Apesar de reconhecer que o nível da dívida pública face ao PIB do país é um dos mais elevados, os testes de stress realizados pela agência de notação financeira para avaliar o potencial impacto de diferentes cenários na economia antecipam que o nível de dívida continue a cair, mesmo em cenários mais adversos.

A consolidação alcançada por Portugal ao nível da descida da dívida pública é um dos pontos fortes do perfil de risco da dívida portuguesa. Para Sarah Carlson, a analista da Moody’s responsável pelo país, o endividamento continua a ser um "desafio significativo", mas a dívida face ao PIB deverá continuar a baixar, mesmo em cenários mais adversos, como uma desaceleração da economia. 

"A perspetiva positiva (do rating) é o reconhecer do nível de descida da dívida", explica a analista, na conferência anual em Lisboa. Além das melhorias ao nível da consolidação orçamental, a analista aponta ainda as melhorias alcançadas no setor da banca e a redução da alavancagem.

Mas há riscos que preocupam a agência de notação financeira. Mesmo reconhecendo que Portugal deverá conseguir alcançar um excedente orçamental em 2020 - estima um excedente de 0,1% do PIB, Sarah Carlson diz que ainda há "pressões orçamentais". Questões estruturais da economia, como o envelhecimento da população, irão implicar um aumento da despesa, nomeadamente no setor da saúde e dos hospitais.

A Moody’s avalia o risco de Portugal com uma nota de Baa3, mas mantém um outlook positivo para o país, o que significa que poderá melhor a sua avaliação nos próximos meses.