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Moody's coloca Altice França a três níveis do incumprimento

A agência de notação financeira desceu para Caa2 o "rating" de longo prazo da empresa e a sua probabilidade de incumprimento no reembolso da dívida. 

Patrick Drahi fala esta segunda e terça-feira aos investidores em dívida num conferência a propósito dos resultados do último trimestre.
Miguel Baltazar
27 de Março de 2024 às 18:10
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A Moody's desceu esta quarta-feira o "rating" da Altice France Holding - grupo que detém a Altice França -, colocando-a a apenas três níveis do incumprimento.

A agência de notação financeira cortou tanto o "rating" de longo prazo da empresa (Corporate Family Rating) como a probabilidade de incumprimento - de B3 para Caa2, o que significa que houve uma descida de dois níveis. 

O Caa2 é o oitavo de 11 níveis da categoria especulativa, o chamado "lixo", e neste patamar extremamente especulativo a Moody's vê um elevado risco de incumprimento por parte da entidade que controla a Altice França, que é detida por Patrick Drahi (na foto). Com efeito, neste nível considera-se que a ca
pacidade de reembolso da dívida depende de condições favoráveis e sustentáveis.

A descida do "rating" segue-se à apresentação de resultados da operadora francesa, a 20 de março, em que a empresa sinalizou que espera uma queda dos resultados operacionais e dos lucros antes de juros, impostos, depreciações e amortizações (Ebitda). Foi também nesse dia, numa "conference call" com os obrigacionistas, que a companhia disse ter como objetivo reduzir a alavancagem para 4 vezes o rácio da dívida líquida/EBITDA, o que poderia requerer "a participação do mercado". Isto levou, aliás, um grupo de credores da Altice França a procurar consultoria

"A descida para Caa2 reflete a nossa expectativa de que o desempenho operacional e as métricas de crédito da empresa serão mais fracos do que inicialmente esperávamos, com a alavancagem a aumentar para 7,4 vezes em 2024", afirmou Ernesto Bisagon, da Moodys, na nota em causa. 

Consequentemente, a probabilidade de incumprimento por parte da empresa francesa "aumentou de facto", uma vez que "a estrutura de capital é insustentável com as atuais taxas de juro", acrescentou. 

A agência de notação financeira salienta, ainda, que dado que a concorrência no mercado francês "continua a impactar os resultados" e que o criação de "cash flow" continua "muito fraxa", "há pouca visibilidade de uma trajetória de desalavancagem", sobretudo, quando considerando que alguns das maturidades de dívida terão de ser refinanciadas com juros mais elevados.

A empresa está agora a apenas três níveis do "default".

A Moody's desceu também a classificação dos instrumentos sénior não garantidos emitidos pela Altice France Holding para Ca - o nível imediatamente anterior ao último nível, que é C - e que significa incumprimento.  O "rating" dos instrumentos sénior de crédito bancário emitidos pela Altice França (tanto os garantidos como os endossados a outros instrumentos) também estão agora no nível Caa1 - o que representa uma descida de dois níveis e revela que há um substancial risco no reembolso.

No que diz respeito às perspetivas para a empresa, o cenário não é melhor. A perspetiva (outlook) da Moody's para a evolução da qualidade da dívida da Altice France Holding é "negativa". Isto sinaliza uma potencial nova descida do "rating" nos próximos 12 a 18 meses.

A descida do "rating" e o "outlook" negativo complicam a vida à empresa de Drahi, uma vez que lhe atribuí pouca confiança na capacidade de reembolsar os investidores, dificultando o refinanciamento da operadora no mercado de dívida.

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