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Moody's alerta que investigação à Altice deverá afetar confiança dos investidores

Em meados de junho, a Moody’s tinha já revisto em baixa o "rating" da Altice International e da Altice France. Avisa agora que as investigações podem pesar sobre a confiança dos investidores e a situação financeira do grupo.

A CEO da Altice Portugal, Ana Figueiredo, diz que empresa continua “focada” na operação.
Miguel Baltazar
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A investigação das autoridades portuguesas ao grupo Altice mostra problemas nos controlos internos da empresa e é negativa para a avaliação de "rating" do grupo de telecomunicações. O alerta é feito pela agência de notação financeira Moody's, que considera provável que haja um enfraquecimento da confiança dos investidores.

"O anúncio é negativo para o 'rating', dado que indica fraquezas materiais nos controlos internos", pode ler-se numa nota da Moody's relativa à Altice Internacional, assinada por Ernesto Bisagno e Ivan Palacios, a que a Bloomberg teve acesso.

"Mesmo que a empresa reveja e reforce o processo de aprovação de todas as ordens de aquisição, pagamentos e compra e processos relacionados, quaisquer ações corretivas demorariam tempo a ser implementadas", sublinham.

O Ministério Público e a Autoridade Tributária efetuaram na passada quinta-feira uma série de buscas por suspeitas de uma viciação do processo decisório do grupo Altice, em sede de contratação, com práticas lesivas das próprias empresas daquele grupo e da concorrência, que apontam para corrupção privada na forma ativa e passiva.

"As deficiências identificadas nos sistemas de controlo interno aumentam a incerteza em torno da relação da empresa com os seus fornecedores, bem como o risco de impacto financeiro em caso de ser aplicada uma multa", antecipam Ernesto Bisagno e Ivan Palacios.

Para já, ainda está na fase de investigações. A "Operação Picoas" tem como principais suspeitos Armando Pereira, cofundador da Altice, e Hernâni Vaz Antunes, empresário bracarense e braço direito de Pereira. O gestor Alexandre Fonseca suspendeu todas as funções, enquanto Ana Figueiredo, CEO da Altice Portugal, passou desempenhar temporariamente funções de presidente do conselho de administração da operação em território português.

Contratos contra risco já dão sinais de alarme 

A situação "cria incerteza que irá provavelmente afetar a confiança dos investidores", especialmente se se prolongar até à próxima data em que terá de devolver dívida aos obrigacionistas, em 2025.

Em meados de junho, a Moody’s tinha já revisto em baixa o "rating" da Altice International e da Altice France, alertando para a "prolongada deterioração das métricas da dívida da Altice International".

Na altura, a agência de notação financeira alertou ainda para a "reduzida flexibilidade financeira" da empresa após a distribuição de 320 milhões de euros em dividendos, bem como para a "contínua fraca geração de capital". A Moody’s antecipa que a Altice sofra pressão adicional do aumento do custo da dívida.


As obrigações que transacionam no mercado viveram, no dia em que Alexandre Fonseca suspendeu funções, a pior desvalorização de sempre. Os investidores estão já numa corrida aos títulos, cujo volume de negociação aumentou para mais do dobro da média diária.

À medida que os preços das obrigações colapsam, os "credit default swaps" (CDS) - os seguros contra incumprimento da dívida - disparam. Os CDS sobre a dívida a cinco anos já subiu quase 1.400 pontos base esta semana, tendo incorporado uma probabilidade de 68% de um "default" até 2028.

O grupo Altice tem recorrido ao mercado de dívida para financiar a expansão. Já no mercado acionista, a Altice Europe saiu da bolsa de Amesterdão em janeiro de 2021, após Patrick Drahi ter assumido o controlo da empresa. Na bolsa de Nova Iorque, as ações da Altice USA reagiram inicialmente em baixa às buscas, mas já recuperaram e sobem mais de 5% desde quinta-feira.

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