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Mercado obrigacionista global dá maior tombo do que na crise financeira de 2008

O mercado obrigacionista mundial perdeu em janeiro 2,6 biliões de dólares. Para o futuro, o risco de crédito pode levar à diminuição do apetite dos investidores pela dívida.

24 de Março de 2022 às 17:54
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O mercado obrigacionista global sofreu uma sangria no primeiro mês deste ano. O índice global agregado da Bloomberg, referência mundial para avaliar os retornos em dívida soberana e empresarial caiu 11% em janeiro, mais do que a contração de 10,8% registada pelo mesmo índice em plena crise financeira de 2008. Ao todo, foram derramados durante este mês 2,6 biliões de dólares.

 

O aumento da pressão inflacionista em todo o mundo está a alimentar as preocupações dos investidores sobre a capacidade da economia global de enfrentar períodos com custos de financiamento mais altos. Para os investidores, tal significa que o apetite por  manter a dívida - mesmo no que toca a obrigações soberanas consideradas seguras - está a diminuir, devido à sua sensibilidade às mexidas nas taxas de juro.

 

Na semana passada, pela primeira vez desde 2018, a Reserva Federal norte-americana (Fed) subiu os juros diretores em 25 pontos base. Esta semana, o presidente do banco central, Jerome Powell, anunciou que estava disposto a ir mais longe, subindo mais vezes a taxa dos fundos federais e de forma mais intensa. As declarações de Powell foram, mais tarde apoiadas, por líderes regionais da Fed.

 

Retorno de dívida em risco de amortecimento 

 

O aumento dos custos do crédito corre o risco de reduzir ainda mais o retorno da dívida, corroído pela aceleração da inflação, como não era visto há décadas. Como se não bastasse, este cenário pode ser agravado pelo aumento dos preços das matérias-primas, que durante o mês de fevereiro regressaram a níveis de 2009 devido ao conflito na Ucrânia, de acordo com o índice de "commodites" da Bloomberg.  

No futuro, o mercado obrigacionista empresarial pode ser o mais prejudicado pelo cenário macroeconómico, já que é mais sensível a um panorama de estagflação, dado que, como explica a Bloomberg, "o abrandamento do crescimento económico também aumenta os riscos de crédito".

 

Para já, os investidores europeus não devem estar preocupados com a possibilidade de "default" por parte das empresas, dado que, como defende Amanda Lynam, analista do Goldman Sachs, numa nota enviada aos clientes esta terça-feira e citada pela Bloomberg, as companhias norte-americanas e europeias apresentam contas saudáveis e um cronograma de vencimento de dívida eficiente.

Ainda assim, a especialista alerta para o facto de o mercado da Zona Euro estar mais exposto (do que o norte-americano) às tensões geopolíticas que decorrem a Leste da Europa.

 

Por sua vez, no mercado accionista a nível global, os títulos estão a perder cerca de 6% este ano, de acordo com informação recolhida pela Bloomberg.

Segundo a mesma fonte, o recuo nos mercados obrigacionista e acionista este ano está em linha com com a a dinâmica clássica da carteira "60/40" (quando 60% do portefólio são ações enquanto 40% corresponde a obrigações), a qual pretende mitigar as perdas no mercado de ações, equilibrando-o com o investimento no mercado obrigacionista.

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