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Mercado obrigacionista a caminho do pior ano desde 1999

O Índice Global do Barclays – um dos índices de maior referência no mercado destes títulos e que agrega 68 biliões de dólares em dívida soberana e empresarial – registou desde janeiro até agora um retorno negativo de 4,8%.

O ambiente de incerteza nos mercados está a penalizar as obrigações soberanas no euro.
Miguel Baltazar
28 de Dezembro de 2021 às 13:04
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O mercado obrigacionista está a caminho do seu pior ano desde 1999. O Índice Global do Barclays – um dos índices de maior referência no mercado destes títulos que agrega 68 biliões de dólares em dívida soberana e empresarial – registou desde janeiro até agora um retorno negativo de 4,8%.

Segundo os especialistas contactados pelo Financial Times, este declínio foi em grande parte impulsionado por dois períodos de venda severa da dívida pública. No início do ano, os investidores "despejaram" dinheiro em títulos públicos a longo prazo, motivados pelo fenómeno da reflação, ou seja apostaram que a recuperação da pandemia desencadearia um período de crescimento sustentado e de inflação.

Mais tarde, as declarações de vários bancos centrais, no sentido de aumentar as taxas de juro e de desencadear uma política económica mais agressiva, voltou a pesar nos títulos de dívida.

No outono, a dívida com maturidades mais curtas ficou sob pressão quando os bancos centrais sinalizaram que estavam a preparar-se para responder aos altos níveis de inflação com aumentos nas taxas de juros.

Nos Estados Unidos, cuja dívida representa mais de um terço do índice e que viram a inflação subir 6,8% em novembro, as "yields" das obrigações ao Tesouro, com maturidade a 10 anos, subiram de 0,93% para 1,49% no início do ano, refletindo a queda dos preços das obrigações. Já as taxas de juro das obrigações com maturidade a dois anos subiram de 0,12% para 0,65%.

"Não devemos surpreender-nos que as obrigações sejam um mau investimento quando a inflação está em 6%", disse James Athey, gestor de investimentos da Aberdeen Standard Investments, em entrevista ao diário económico britânico.

"A má notícia para os investidores de obrigações é que o próximo ano também parece que vai ser complicado. Por outro lado, temos o potencial de um novo choque se os bancos centrais se moverem mais rápido do que o esperado, e eu não acho que [títulos mais arriscados] serão particularmente atraentes", acrescentou o especialista.

Já Nick Hayes, gestor de risco na Axa Investment Managers é mais optimista e vê na política de "tapering" dos bancos centrais, prevista para o próximo ano, uma oportunidade para o mercado obrigacionista.

"Não estou a dizer que teremos retornos de dois dígitos no próximo ano, mas a realidade é que se olharmos para trás, um ano negativo tende a ser seguido por um positivo", explicou Hayes ao FT.

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