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Juros a 10 anos acentuam subida

As taxas de juro implícitas da dívida portuguesa estão a subir no mercado secundário em todos os prazos, devido essencialmente aos receios em torno da DBRS. Os juros estão a subir no dia em que o IGCP voltou ao mercado e emitiu dívida de curto prazo a juros negativos.

1 de Abril de 2011-  Fitch corta 'rating' de Portugal em três níveis para próximo de 'lixo', de 'A-' para 'BBB-'. Quatro dias depois a Moody’s reduz a notação financeira do país para Baa1 e admite voltar a cortar.
17 de Agosto de 2016 às 12:27
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A taxa de juro implícita na dívida portuguesa a 10 anos está a subir 11,8 pontos base para 2,957%, tendo ontem subido quase 15 pontos base, naquela que foi a subida mais acentuada desde o Brexit, de acordo com os preços genéricos da Bloomberg.

 

Em sentido contrário está a dívida alemã, com as bunds a 10 anos a descerem 1,3 pontos para -0,043%, elevando para mais de 298,8 pontos base o "spread" da dívida portuguesa face à alemã (a referência).

 

A subida está a ser generalizada, com subidas entre 8,2 pontos e 14,1 pontos base nos diferentes prazos. Nos períodos mais curtos, a três e seis meses, as taxas continuam negativas, ainda que estejam a subir.

 

Negativos foram também os juros conseguidos pelo IGCP no leilão realizado esta quarta-feira. De realçar que as taxas de juro conseguidas no leilão do IGCP não são as mesmas que negoceiam no mercado secundário. Este último é onde negoceia a dívida que já foi emitida e serve de referência para emissões que possam estar a ser realizadas ou pensadas.

 

A taxa de juro da dívida a três meses, por exemplo, está a negociar nos -0,103% no mercado secundário. Já o IGCP conseguiu colocar 400 milhões de euros a três meses com uma taxa igualmente negativa de -0,108%. Este valor a que Portugal se financiou esta quarta-feira é ainda inferior ao conseguido em Dezembro de 2015, altura em que conseguiu um juro de -0,023%.

  

No mercado secundário, os juros da dívida nacional sobem assim pelo segundo dia consecutivo, depois de ontem terem registado a maior subida desde o dia 24 de Junho, um dia depois do referendo que ditou o sim da saída do Reino Unido da União Europeia.

 

A contribuir para esta subida esteve essencialmente as declarações do responsável pela análise de ratings soberanos da DBRS, em entrevista à Reuters . Fergus McCormick afirmou que "as pressões [sobre o rating português] parecem aumentar", apesar do rating de Portugal continuar com uma perspectiva "estável". As palavras do analista surgem depois de na sexta-feira, 12 de Agosto, ter sido revelado que o produto interno bruto (PIB) de Portugal cresceu 0,8% no segundo trimestre, quando comparado com igual período do ano passado, e 0,2%, quando comparado com o primeiro trimestre.

 

Estes números levam a que Portugal possa crescer menos de 1% este ano, desacelerando face aos 1,5% do ano anterior e ficando distante da previsão do Governo de um crescimento de 1,8% inscrita no Orçamento do Estado e no Programa de Estabilidade.

 

Para a DBRS o baixo crescimento da economia portuguesa e os elevados níveis de dívida pública e privada, a que se juntam ainda as dificuldades da banca nacional, estão a contribuir para o elevar da pressão sobre Portugal. 

 

As declarações do responsável da DBRS assumem uma importância maior porque esta é a única das quatro agências de rating a que o Banco Central Europeu (BCE) recorre para avaliar a dívida pública dos países que atribui grau de investimento à dívida portuguesa. Ou seja, é a única que não tem um rating de "lixo". Caso retire Portugal deste grau, o BCE deixa de poder comprar dívida soberana no âmbito do programa de compra de activos de 1,7 biliões de euros.

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