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Juros de Itália afundam quase 20 pontos com derrota da Liga em eleições regionais
Os juros da dívida italiana a dez anos estão a registar a maior queda desde julho, depois de o partido de extrema-direita liderado por Salvini ter sido derrotado nas eleições regionais de Emilia Romagna.
Os juros da dívida de Itália estão a registar fortes quedas esta segunda-feira, 27 de janeiro, depois de o partido liderado por Matteo Salvini ter sido derrotado nas eleições regionais de Emilia Romagna, que poderiam ditar um novo momento de crise para o governo transalpino.
No entanto, o Partido Democrático venceu com 51,4% dos votos, contra 43,7% para o candidato da Liga, aliviando os receios em torno da estabilidade do governo de coligação entre o Partido Democrático e o Movimento 5 Estrelas, liderado por Giuseppe Conte.
Após este resultado, a yield associada às obrigações italianas a dez anos está a afundar 19,1 pontos base para 1,036%, o valor mais baixo desde 6 de novembro. A queda é a mais acentuada desde 3 de julho (tendo em conta os valores de fecho), sessão em que os juros recuaram 25,5 pontos base.
O antigo ministro do Interior Matteo Salvini estava a apostar tudo numa vitória nas eleições de domingo em Emilia Romagna, um bastião da esquerda, e já havia ameaçado que, caso o seu partido ganhasse, exigiria eleições gerais antecipadas.
Num comício recente, o líder da Liga garantiu aos seus apoiantes que receberia ordens dos eleitores "para os mandar para casa [ao governo]", uma afirmação que foi contestada pelo primeiro-ministro. Conte assegurou que as eleições regionais nada tinham a ver consigo nem com a "sobrevivência" do executivo.
Além de estarem a refletir o resultado das eleições deste domingo, os juros de Itália estão a acompanhar o alívio generalizado que se verifica na generalidade dos países do euro, num dia em que os investidores estão a fugir dos mercados acionistas e a privilegiar a dívida soberana.
Consequentemente, as obrigações estão em alta, e os juros em queda. Na Alemanha, a yield associada às obrigações a dez anos recuam 3,5 pontos para -0,373%, enquanto em Portugal os juros descem 5,6 pontos para 0,312%.
Na origem deste movimento estão os receios em torno do impacto económico do surto de coronavírus na China, numa altura em que o número de infetados já excede os 2.700 e o número de mortes aumentou para mais de 80.
As autoridades chinesas já admitiram que será difícil controlar a propagação deste vírus, até porque o contágio pode acontecer durante o período de incubação de cerca de dez dias, durante os quais os infetados não manifestam sintomas.