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Juro das obrigações dos EUA supera 3% pela primeira vez desde 2014

A taxa de rendibilidade das obrigações soberanas dos Estados Unidos a 10 anos atingiu os 3% pela primeira vez desde Janeiro de 2014, devido aos receios com a subida da inflação e o agravamento dos juros por parte da Reserva Federal.

24 de Abril de 2018 às 14:59
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As "yields" das obrigações soberanas dos Estados Unidos já superam os 3% na maturidade de referência: o vencimento a 10 anos. Ontem, tinham já atingido um máximo de quatro anos ao tocarem nos 2,998% devido aos receios de aceleração da inflação numa altura em que os preços do petróleo continuam a subir, e a questão que se colocava era quando é que chegariam ao número redondo.



Recorde-se que em finais de Janeiro os juros a 10 anos nos EUA já tinham estado muito perto deste patamar, o que assustou os investidores e levou a uma forte correcção nas bolsas. No entanto, nem todos estão receosos.

 

"Trata-se de um nível psicológico de grande relevo, que não foi atingido durante algum tempo, e é um patamar a que os investidores a nível mundial estão atentos para perceberem qual será o novo rumo", declarou à Bloomberg um estratega do mercado obrigacionista na Cantor Fitzgerald, Justin Lederer.

 

"Assim que a poeira assente, será que os juros vão continuar acima deste nível e prosseguir a subida ou será que o mercado vai conter as "yields" neste patamar?", questionou-se Lederer.

 

Os juros em alta levam habitualmente a que os investidores desviem aplicações do mercado accionista para o obrigacionista, se bem que as cotadas da banca se vejam beneficiadas com a subida das "yields".

 

Mas, para Jeff Kravetz, estratega do U.S. Bank Wealth Management, embora a subida dos juros das obrigações torne as acções menos atractivas, o facto de se esperar uma época robusta de apresentação dos resultados trimestrais das cotadas ajuda a contrabalançar essa situação. Na opinião de Kravetz, citado pela Reuters, as obrigações só irão competir verdadeiramente com as acções quando as "yields" chegarem aos 4%.

 

O facto é que em finais de Janeiro e durante grande parte de Fevereiro, as bolsas registaram fortes quedas à conta da subida dos juros norte-americanos, que chegaram a tocar nos 2,95% no prazo a 10 anos.

O Tesouro norte-americano emite hoje dívida a dois anos, num leilão em que espera captar 32 mil milhões de dólares, no âmbito de uma oferta total de 96 mil milhões esta semana. A reagir a esta emissão, os juros das obrigações a dois anos dispararam para 2,5%, o valor mais alto desde Setembro de 2008.

 

A perspectiva de uma "avalancha" de nova dívida soberana [com as referidas emissões previstas no país], numa altura em que a Fed - liderada por Jerome Powell (na foto) - pretende continuar a aumentar a taxa de juro directora, pesou assim no mercado obrigacionista dos EUA, avaliado em 14,9 biliões de dólares, com as "yields" da dívida a 10 anos a tocarem hoje nos 3,0014% [os juros evoluem inversamente à tendência das obrigações].

 

O nível dos 3% é crucial para o mercado obrigacionista, segundo os investidores Jeffrey Gundlach da DoubleLine Capital e Scott Minerd da Guggenheim Partners. Os juros só superaram esse nível, e muito temporariamente, em 2013 e em Janeiro de 2014 – altura em que se aproximava do fim o chamado "taper tantrum".

 

O "taper tantrum" da Fed [quando a Reserva Federal norte-americana anunciou, no Verão de 2013, uma redução da compra de obrigações, no âmbito do programa de estímulos à economia] levou os mercados a reagirem com um aumento dos juros da dívida.

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