Notícia
IGCP emite com juros mais altos a 5 e 10 anos em semana de alta volatilidade
A agência liderada por Cristina Casalinho (na foto) voltou ao mercado para emitir dívida a 5 a 10 anos numa altura de elevada volatilidade. O IGCP conseguiu emitir 1.181 milhões de euros, tal como pretendido, mas com juros mais altos.
A Agência de Gestão de Tesouraria e da Dívida Pública (IGCP) emitiu 1.181 milhões de euros de obrigações do Tesouro esta quarta-feira, 11 de março, com uma maturidade de 5 e 10 anos com juros mais elevados do que em operações semelhantes anteriores. Esta emissão ocorre na terceira semana de turbulência nos mercados, com elevada volatilidade.
O IGCP encaixou 681 milhões de euros a cinco anos a uma taxa de juro de 0,059%, o que compara com o juro de 0,085% associado às obrigações com este prazo no mercado secundário. Em fevereiro, a emissão a seis anos tinha sido com juros negativos. A procura superou em 1,63 vezes a oferta.
Já a 10 anos, a agência encaixou 500 milhões de euros a uma taxa de juro de 0,426%, o que compara com o juro de 0,442% associado às obrigações a 10 anos no mercado secundário e com os 0,333% da última emissão comparável. A procura superou em 1,53 vezes a oferta, abaixo do rácio de 1,63 da anterior emissão.
Esta operação decorre na terceira semana de abalo nos mercados financeiros que está a ser marcada por uma elevada volatilidade e, no geral, uma queda no valor dos ativos de risco, como é o caso das ações. No entanto, perante o perigo de uma recessão provocado pelo novo coronavírus e a expectativa de corte dos juros diretores, os investidores têm apostado na dívida soberana como ativo de refúgio, principalmente na das economias mais fortes.
Tanto nos EUA como na Alemanha, os juros atingiram mínimos históricos no mercado secundário. Já os juros portugueses não registaram uma tendência tão acentuada de descida, tendo oscilado nas últimas sessões, mas também estão mais baixos do que no período anterior ao agravamento do surto na Europa. Na sessão de hoje, os juros aliviam com os investidores a especular sobre o que fará o Banco Central Europeu (BCE) na reunião desta quinta-feira, 12 de março.
De acordo com a Bloomberg, a presidente do BCE, Christine Lagarde, terá dito ontem aos líderes europeus que, sem uma coordenação dos países ao nível europeu, a Europa irá "ver um cenário que recordará a muitos de nós da grande crise financeira de 2008". Lagarde terá também dito que o banco central está a ponderar todas as ferramentas ao seu dispor, particularmente as que assegurem a liquidez e o fluxo do crédito na Zona Euro, mas argumentou que as medidas só funcionam se os Governos também atuarem.
"Esta ténue subida nas yields está diretamente ligada ao impacto que o Covid-19 tem tido nos mercados globalmente", explica Filipe Silva do Banco Carregosa, num comentário enviado após a emissão. Para o analista, "se por um lado os países core assistem a mínimos históricos nas suas taxas de longo prazo, com o bund a fazer um mínimo de -0,90% e os EUA 0,3%, já os países da periferia assistiram a um alargar do seu spread, com as taxas a subirem".
No caso de Portugal, "apesar da subida que tivemos, ainda estamos a emitir dívida com taxas historicamente baixas", considera Filipe Silva, referindo que "se a perceção de risco para a nossa economia não mudar drasticamente, esta deverá ser a tendência para os próximos tempos".
A última emissão de longo prazo do IGCP ocorreu a 12 de fevereiro e nessa altura Portugal emitiu a seis anos com juros negativos pela primeira vez, um bom indicador para a emissão desta semana a cinco anos. Na última emissão "normal" a 10 anos (excluindo a sindicada do início do ano), em novembro do ano passado, Portugal financiou-se a 0,333% num leilão regular de OT.
Com esta emissão, Portugal assegura já cerca de 38,4% (cerca de 6,4 mil milhões de euros) das necessidades de financiamento da República em 2020. No total, a agência liderada por Cristina Casalinho prevê emitir 16,7 mil milhões de euros em obrigações do Tesouro em 2020, mais do que o emitido em 2019. Em janeiro, o "custo" da nova dívida foi de apenas 0,4%, um mínimo histórico.
(Notícia atualizada às 11h22 com o comentário do Banco Carregosa)
O IGCP encaixou 681 milhões de euros a cinco anos a uma taxa de juro de 0,059%, o que compara com o juro de 0,085% associado às obrigações com este prazo no mercado secundário. Em fevereiro, a emissão a seis anos tinha sido com juros negativos. A procura superou em 1,63 vezes a oferta.
Esta operação decorre na terceira semana de abalo nos mercados financeiros que está a ser marcada por uma elevada volatilidade e, no geral, uma queda no valor dos ativos de risco, como é o caso das ações. No entanto, perante o perigo de uma recessão provocado pelo novo coronavírus e a expectativa de corte dos juros diretores, os investidores têm apostado na dívida soberana como ativo de refúgio, principalmente na das economias mais fortes.
Tanto nos EUA como na Alemanha, os juros atingiram mínimos históricos no mercado secundário. Já os juros portugueses não registaram uma tendência tão acentuada de descida, tendo oscilado nas últimas sessões, mas também estão mais baixos do que no período anterior ao agravamento do surto na Europa. Na sessão de hoje, os juros aliviam com os investidores a especular sobre o que fará o Banco Central Europeu (BCE) na reunião desta quinta-feira, 12 de março.
De acordo com a Bloomberg, a presidente do BCE, Christine Lagarde, terá dito ontem aos líderes europeus que, sem uma coordenação dos países ao nível europeu, a Europa irá "ver um cenário que recordará a muitos de nós da grande crise financeira de 2008". Lagarde terá também dito que o banco central está a ponderar todas as ferramentas ao seu dispor, particularmente as que assegurem a liquidez e o fluxo do crédito na Zona Euro, mas argumentou que as medidas só funcionam se os Governos também atuarem.
"Esta ténue subida nas yields está diretamente ligada ao impacto que o Covid-19 tem tido nos mercados globalmente", explica Filipe Silva do Banco Carregosa, num comentário enviado após a emissão. Para o analista, "se por um lado os países core assistem a mínimos históricos nas suas taxas de longo prazo, com o bund a fazer um mínimo de -0,90% e os EUA 0,3%, já os países da periferia assistiram a um alargar do seu spread, com as taxas a subirem".
No caso de Portugal, "apesar da subida que tivemos, ainda estamos a emitir dívida com taxas historicamente baixas", considera Filipe Silva, referindo que "se a perceção de risco para a nossa economia não mudar drasticamente, esta deverá ser a tendência para os próximos tempos".
A última emissão de longo prazo do IGCP ocorreu a 12 de fevereiro e nessa altura Portugal emitiu a seis anos com juros negativos pela primeira vez, um bom indicador para a emissão desta semana a cinco anos. Na última emissão "normal" a 10 anos (excluindo a sindicada do início do ano), em novembro do ano passado, Portugal financiou-se a 0,333% num leilão regular de OT.
Com esta emissão, Portugal assegura já cerca de 38,4% (cerca de 6,4 mil milhões de euros) das necessidades de financiamento da República em 2020. No total, a agência liderada por Cristina Casalinho prevê emitir 16,7 mil milhões de euros em obrigações do Tesouro em 2020, mais do que o emitido em 2019. Em janeiro, o "custo" da nova dívida foi de apenas 0,4%, um mínimo histórico.
(Notícia atualizada às 11h22 com o comentário do Banco Carregosa)