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Portugal emite dívida a seis anos com juros negativos

A agência liderada por Cristina Casalinho (na foto) voltou ao mercado para emitir dívida a 6 e a 14 anos. Foram colocados 1.227 milhões de euros a longo prazo com juros mais baixos que em emissões anteriores comparáveis.

Cristina Casalinho, presidente do IGCP, a agência que gere a dívida pública portuguesa. Miguel Baltazar/Negócios
12 de Fevereiro de 2020 às 10:44
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A Agência de Gestão de Tesouraria e da Dívida Pública (IGCP) emitiu 1.227 milhões de euros de obrigações do Tesouro esta quarta-feira, 12 de fevereiro, com uma maturidade de seis e 14 anos. Este foi o primeiro leilão de dívida a longo prazo de 2020, depois da emissão sindicada no arranque do ano. 

O IGCP encaixou 564 milhões de euros a seis anos a uma taxa de juro de -0,057%, o que compara com o juro de -0,038% associado às obrigações com este prazo no mercado secundário. A procura superou em 2,43 vezes a oferta. De acordo com o analista Filipe Silva do Banco Carregosa, esta emissão a 6 anos é "a primeira de longo prazo em que Portugal emite com yield negativa".

Já a 14 anos, a agência encaixou 663 milhões de euros a uma taxa de juro de 0,555%, o que compara com o juro de 0,565% associado às obrigações a 15 anos no mercado secundário. A procura superou em 1,49 vezes a oferta.

Uma emissão que pode ser comparável - com ligeiras diferenças - é a de outubro do ano passado quando o IGCP emitiu a cerca de 15 anos (abril de 2034). Nessa operação, foram colocados 750 milhões de euros a uma taxa de juro de 0,49%. Um mês antes, com prazo semelhante, a emissão tinha sido de 400 milhões de euros a 0,679%. Na altura, a procura tinha superado em 2,47 vezes a oferta.

Já a seis anos, uma emissão que pode ser comparável - também com diferenças ligeiras no prazo - é a de março do ano passado em que o IGCP colocou 388 milhões de euros a 0,763% numa OT com maturidade em julho de 2026. Nessa operação, a procura tinha superado em 2,52 vezes a oferta.

"Os receios de algum abrandamento económico, juntamente com o Conoravirus, levaram os investidores a procurarem ativos de refúgio, pelo que as taxas das dívidas soberanas voltaram a comprimir", explica o analista do Banco Carregosa num comentário enviado às redações, referindo que "os discursos de [Christine] Lagarde e [Jerome] Powel apontam para um 'esperar para ver' o que continua a suportar o mercado de dívida, não deixando grandes espectativas, pelo menos para já, de uma subida de taxas".

Com esta emissão, Portugal assegura já cerca de 31% (5,227 mil milhões de euros) das necessidades de financiamento da Republica em 2020. No total, a agência liderada por Cristina Casalinho prevê emitir 16,7 mil milhões de euros em obrigações do Tesouro em 2020, mais do que o emitido em 2019.

O montante indicativo desta emissão tinha um limite superior de 1.250 milhões de euros pelo que o montante colocado ficou próximo do máximo possível.

(Notícia atualizada às 11h20 com o comentário do analista do Banco Carregosa)
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