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Gana é o primeiro africano a emitir dívida 'sustentável'

"A expectativa é que estes títulos de dívida possam ser emitidos no outono até um máximo de 2 mil milhões de dólares", disse o ministro das Finanças do Gana, Ken Ofori-Atta, em entrevista à Bloomberg, explicando que, além dos investimentos em projetos sustentáveis, parte da receita angariada servirá para melhorar a educação e a saúde no país.

06 de Julho de 2021 às 18:46
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O Gana está a planear emitir dívida pública para objetivos sociais e ambientais no valor de 2 mil milhões de dólares (1,7 mil milhões de euros) em novembro, tornando-se o primeiro país africano a emitir este tipo de dívida.

De acordo com a agência de informação financeira Bloomberg, o Gana planeia emitir, no total, 5 mil milhões de dólares (4,2 mil milhões de euros) este ano, dos quais 2 mil milhões de dólares estarão reservados para investimentos considerados sustentáveis e amigos do ambiente.

"A expectativa é que estes títulos de dívida possam ser emitidos no outono até um máximo de 2 mil milhões de dólares", disse o ministro das Finanças do Gana, Ken Ofori-Atta, em entrevista à Bloomberg, explicando que, além dos investimentos em projetos sustentáveis, parte da receita angariada servirá para melhorar a educação e a saúde no país.

Assim, do limite de 5 mil milhões de dólares de endividamento legal, "sobram" 3 mil milhões de dólares para captar no mercado obrigacionista e metade desse valor servirá para refinanciar dívida atual - por isso "a nova dívida vai limitar-se a 1,5 mil milhões de dólares [1,2 mil milhões de euros]", explicou o ministro, que é uma das vozes que tem liderado as negociações com as instituições internacionais relativamente ao estado das contas públicas no continente.

O Gana torna-se assim o primeiro país em África - na América do Sul, o Chile e o Equador também já o fizeram - a emitir este tipo de dívida, aproveitando o apetite dos investidores pelas obrigações associadas a objetivos sustentáveis, apetite esse que aumentou desde a pandemia.

Estes títulos, vincou o governante, "não são baratos, não há descontos, por isso é preciso negociar as melhores condições".

O Gana tem um défice de 9,5% este ano, melhorando dos 11,7% do ano passado, e deverá aumentar o crescimento do PIB de 0,4% em 2020 para 5% este ano.

As previsões, no entanto, dependem da evolução da pandemia de covid-19, disse Ken Ofori-Atta, lembrando que "enquanto o Ocidente pode ter cerca de 68 doses para cada 100 pessoas, o Gana tem 2 doses por 100 habitantes, e isto não pode continuar".

O Gana não conseguiu garantir mais do que os 1,3 milhões de doses gratuitas asseguradas pela Organização Mundial de Saúde, tendo ainda pequenas doações do governo da Índia e do maior operador de comunicações móveis no continente, o Grupo MTN. "Isto tornou-se o nosso calcanhar de Aquiles", admitiu o governante africano.

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