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Draghi leva a queda dos juros europeus
As taxas de juro associadas às dívidas dos países europeus estão a cair com mais intensidade desde que o presidente do BCE anunciou uma alteração ao programa de compra de activos e mostrou abertura para um maior alívio.
Mario Draghi conduziu a uma forte quebra das taxas de juro associadas aos títulos de dívida dos países europeus. A flexibilização de um aspecto do programa de compra de activos é a justificação.
Foi ao início da tarde que os juros da dívida europeia, com destaque para a portuguesa, começaram a recuar com mais intensidade. Foi nessa altura que o presidente do BCE anunciou que a autoridade monetária pode comprar mais dívida pública: a percentagem máxima de dívida pública que pode ser comprada em leilões aumentou de 25% para 33%. Além disso, o programa de compra de activos poderá, disse, ser alargado.
Esta é uma decisão que está a conduzir a uma redução dos juros porque permite uma maior possibilidade compradora por parte do BCE. A possível maior procura está a levar a uma subida do preço das obrigações, o que faz com que os juros a elas associados, que evoluem em sentido contrário ao preço, desçam. Os juros representam a rendibilidade exigida pelos investidores na compra dos títulos.
Em Portugal, a taxa de juro associada à dívida a dez anos está a recuar 8 pontos base (0,08 pontos percentuais) para se fixar em 2,569%, segundo as taxas genéricas da Bloomberg. É um recuo pelo segundo dia seguido, depois de subidas marcadas nos dias anteriores no mercado secundário (onde os investidores negoceiam dívida pública entre si).
A tendência é de descida nos prazos mais longos, acima de 5 pontos base na maioria deles. A dois anos, a taxa segue nos 0,357%, ao recuar 3,9 pontos base, enquanto a cinco a "yield" fixa-se nos 1,327%, ao perder 7,3 pontos.
Portugal não foi o único mercado a ser impulsionado pela conferência de imprensa de Draghi. Nos restantes países designados de periféricos, os juros também apresentam uma tendência descendente, em torno de 5 pontos base em Espanha e Itália. Grécia também sente uma forte descida nos prazos em que há taxas de referência calculadas pela Bloomberg.
Na Alemanha, verificam-se diminuições das rendibilidades exigidas pelos investidores, ainda que de menor dimensão, tendo em conta que as taxas são também elas reduzidas.
Foi o programa de compra de activos anunciado por Draghi há seis meses que levou as taxas de juro das dívidas públicas europeias a níveis historicamente baixos.