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DBRS melhora perspetiva de Portugal para "positiva"

A agência de notação financeira canadiana DBRS Morningstar decidiu manter o rating no terceiro nível acima de "lixo" e melhorou o outkook da dívida soberana portuguesa.

PIB de Portugal
25 de Fevereiro de 2022 às 21:03
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A DBRS reiterou o rating da República em BBB Alto (três níveis acima de lixo), mas melhou o "outlook" (perspetiva para a evolução da qualidade do crédito) – de estável para positivo.

 

Desde 4 outubro de 2019 que a agência mantém esta classificação – data em que elevou o rating de BBB para BBB Alto, ao mesmo tempo que desceu a perspetiva de positiva para estável.

 

Agora, quase dois anos e meio depois, a DBRS volta a colocar o "outlook" da República Portuguesa num patamar positivo, o que significa que há maiores probabilidades de melhorar a notação da dívida pública do país.

A agência diz que a sua decisão reflete a avaliação da DBRS de que as vulnerabilidades do crédito de Portugal associadas à pandemia parecem estar a diminuir, ao passo que as perspetivas económicas estão a melhorar.

 

"Apesar do abrupto choque económico e em matéria de saúde provocado pela pandemia, que levou a economia a registar uma contração de 8,4% em 2020, no ano passado teve início uma saudável retoma e espera-se que a economia regresse aos seus níveis pré-pandémicos no segundo trimestre de 2022", diz o relatório divulgado pela agência, acrescentando que a crise não parece ter infligido danos económicos severos de longo prazo.

 

Além disso, as perspetivas de crescimento são robustas para os próximos anos, sendo sustentadas pelo reforço da estabilidade política na sequência da maioria governamental saída das eleições de 30 de janeiro passada, por uma população com as taxas de vacinação mais elevadas da Europa e pelos estímulos da União Europeia destinados a melhorar a capacidade produtiva da economia portuguesa, sublinha.

A agência recorda ainda que o rating é sustentado igualmente pelo facto de Portugal ser membro da Zona Euro e pertencer à estrutura de governação económica da União Europeia – se bem que as heranças da crise da Zona Euro continuem a contribuir para as vulnerabilidades, nomeadamente o alto endividamento público, o ainda elevado crédito malparado do sistema financeiro e o potencial relativamente baixo de crescimento económico.

A DBRS diz também que o rating de Portugal poderá ser alvo de um "upgrade" se o desempenho macroeconómico do país continuar a melhorar e se o rácio da dívida pública face ao PIB se estabelecer numa "firme trajetória descendente".

"O rácio dívida pública-PIB, embora ainda elevado, está a melhorar rapidamente. A resposta orçamental à pandemia, a par com a recessão económica, levou a um aumento deste rácio para 135,2% em 2020, o que corresponde a uma subida de quase 19 pontos percentuais do PIB face a 2019. (…) Apesar do grande aumento deste rácio, o custo do serviço da dívida diminuiu nos últimos anos (…) e a perspetiva atual é de que os custos com os juros serão de 1,8% do PIB em 2025, contra 3% em 2019", salienta a agência.

 

Esta era a primeira data agendada pela DBRS para se pronunciar sobre Portugal, estando calendarizada para 26 de agosto a próxima avaliação.

 

As três irmãs e a prima direita


Alcunhadas de "fábricas de produção do triplo A" na crise do "subprime" iniciada em 2008 nos EUA, as agências de rating já não têm o peso de outrora nos mercados de capitais.

 

Embora existam mais de 100 agências de rating ativas em todo o mundo, é incontornável o grupo das chamadas "três irmãs", que detêm cerca de 95% do mercado mundial: Fitch, Moody’s e Standard & Poor’s. Pelo papel que tiveram na crise financeira mundial iniciada em 2008 – que viria a ser conhecida como Grande Crise e que teve origem no chamado "subprime" nos Estados Unidos, com a concessão de empréstimos a clientes de alto risco dada a sua fraca capacidade creditícia – são também alcunhadas de "três mosqueteiras" e "fábricas de produção do triplo A". Às três grandes junta-se a "prima direita" DBRS Morningstar, com uma quota de mercado a rondar os 2%-3%.

 

Apesar das críticas de que foram alvo em finais da década de 2000, por atribuírem excelentes notações que se revelaram descabidas aquando da crise - como foi o caso do banco Lehman Brothers, que acabou por falir em setembro de 2008 -, continuam a ocupar o seu lugar no pódio mundial.

Neste momento, a DBRS é a agência que atribui a notação mais elevada a Portugal. Já a Standard & Poor’s, Fitch e Moody’s colocam a dívida soberana portuguesa no segundo nível acima de "junk" – ou seja, no último grau da categoria de investimento de qualidade.

 

A DBRS nunca colocou a dívida do país no patamar de investimento especulativo, sendo por isso a agência que tinha o poder de ligar ou desligar Portugal da máquina do Banco Central Europeu (BCE), uma vez que era a única que garantia a elegibilidade da dívida nacional para os programas de compra do BCE.

 
(notícia atualizada às 21:58)

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