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DBRS mantém rating dos Açores acima de lixo mas corta perspetiva para negativa
A agência de notação canadiana manteve a classificação dos Açores no último nível de investimento de qualidade, mas reviu em baixa o ‘outlook’. Já a Madeira continua a um nível de sair do lixo, com perspetiva estável.
A DBRS Morningstar confirmou o rating de longo prazo da Região Autónoma dos Açores em BBB (baixo), que corresponde ao último nível da categoria de investimento de qualidade – ou seja, um nível acima de lixo.
No entanto, piorou a sua perspetiva para a evolução da dívida, ao passá-la de estável para negativa.
A justificar a decisão de cortar o ‘outlook’ estão as prováveis implicações para o balanço dos Açores decorrentes das dificuldades financeiras do Grupo SATA, refere a agência no relatório divulgado esta sexta-feira.
"A companhia aérea regional, já numa posição financeira débil no início de 2020, viu as suas dificuldades aumentarem com as restrições às viagens e a queda do turismo na sequência da covid-19", refere.
A recente ajuda financeira à SATA por parte do governo regional, sob a forma de uma garantia, e aprovada pela Comissão Europeia em agosto de 2020, dá à companhia aérea seis meses para apresentar um plano de reestruturação, recorda a agência.
"A colaboração da República de Portugal [com rating BBB (alto), terceiro nível acima de lixo] na obtenção da luz verde da Comissão Europeia para o empréstimo indica, no entender da DBRS, a supervisão e apoio do governo nacional à região", acrescenta.
A agência diz ainda que o rating dos Açores continua a ser sustentado por sólidos resultados operacionais e por um desempenho financeiro geral estável nos últimos cinco anos, mas refere não ser provável que haja um ‘upgrade’ no curto prazo.
Ainda assim, salienta que o rating poderá ser melhorado se a região reduzir materialmente o seu nível de endividamento e a exposição arriscada a empresas regionais com prejuízos.
Por outro lado, diz que o ‘outlook’ poderá voltar a ficar estável se a solvabilidade de médio a longo prazo da SATA for reforçada, se a economia açoriana recuperar mais depressa do que aquilo que atualmente se antecipa, ou se houver fortes indicações de um reforço adicional da relação entre a região autónoma e o governo central.
Madeira ainda no lixo
Relativamente à dívida de longo prazo da Região Autónoma da Madeira, a agência canadiana manteve a classificação de 'BB (alto) [primeiro nível da categoria de investimento especulativo, o chamado lixo]. Está, assim, a apenas um nível de chegar ao patamar de investimento de qualidade.
Já a perspetiva para a região continua a ser estável, refere a DBRS.
A agência diz que o rating da Madeira assenta no desempenho financeiro da região nos últimos anos, que tem vindo a estabilizar, e na gradual melhoria dos seus indicadores da dívida antes do início da crise da covid-19.
Contribui também, tal como no caso dos Açores, a supervisão e apoio da República de Portugal ao governo regional da Madeira.
"O impacto adverso da covid-19 para a economia regional, e particularmente para o setor do turismo, bem como a considerável incerteza relativamente ao período necessário para uma retoma plena, são desafios chave para a avaliação da qualidade do crédito da Madeira", sublinha.
Parpública mantém mesmo rating que a República
A DBRS também se pronunciou relativamente à Parpública – Participações Públicas (SGPS – Sociedade Gestora de Participações Sociais), reiterando o rating de BBB (alto), que é igual ao da República de Portugal.
Já o ‘outlook’ mantém-se estável.
O impacto negativo da covid-19 na economia nacional e a forte incerteza quanto ao tempo que será necessário até que o contexto económico normalize, apesar de constituírem desadios não afetam, de momento, a avaliação do perfil de crédito da Parpública, explica a DBRS.
A agência refere ainda ser provável que qualquer eventual melhoria da notação da República se traduza em igual ‘upgrade’ da Parpública.