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Commerzbank: Portugal deve avançar com emissão sindicada de muito longo prazo
O banco alemão diz que o IGCP deverá querer aproveitar as taxas de juro em mínimos para se financiar a prazos muito longos.
O IGCP deverá em breve avançar com uma emissão de dívida sindicada de muito longo prazo, de acordo com o Commerzbank.
O banco de investimento alemão, numa nota enviada a clientes esta manhã, diz que esta especulação aumentou depois de o instituto que gere a dívida do Estado ter decidido não anunciar nenhum leilão para esta semana. O que "abriu a porta para a especulação sobre uma nova emissão sindicada, provavelmente com uma maturidade ultra-longa", refere o banco.
O última emissão sindicada de dívida ocorreu logo no início deste ano, quando Portugal colocou 3 mil milhões de euros em títulos com maturidade em 2027, aceitando pagar uma taxa de rendibilidade de 4,227%, a mais elevada desde a saída da troika.
Depois disso o IGCP já realizou vários leilões de dívida de longo prazo, com custos mais reduzidos. Ao contrário dos leilões, nas emissões de dívida sindicada a colocação dos títulos está garantida por um sindicato de bancos e habitualmente servem para abertura de uma nova linha.
O último leilão ocorreu a 10 de Maio, tendo o IGCP colocado obrigações a cinco e a dez anos, num total de 1.250 milhões de euros.
O Commerzbank acredita que o IGCP poderá agora avançar para uma emissão sindicada de prazos mais longos, de modo a "aproveitar ‘yields’ no nível mais baixo desde Setembro do ano passado e a avançar no processo de financiamento do Estado".
Emissões já garantem mais de metade do financiamento de 2017
O Estado já emitiu 8.300 milhões de euros em Obrigações do Tesouro este ano, mais de 55% da meta de 15.000 milhões prevista para a totalidade de 2017. E as próximas emissões que serão feitas este ano servirão já para pré-financiar as necessidades do próximo ano, segundo uma apresentação feita na semana passada pelo IGCP.
Neste documento, o instituto liderado por Cristina Casalinho acrescentou que "as próximas emissões servirão para sustentar a confortável posição de liquidez e para pré-financiar as necessidade de financiamento de 2018".
O IGCP conta terminar o ano com "uma posição de liquidez (excluindo garantias) de entre 6.500 milhões e 7.500 milhões de euros, em linha com o nível observado no final de 2015".
Reembolso ao FMI sem impacto para já
A nota do IGCP foi emitida depois de o Governo ter solicitado autorização aos parceiros europeus para reembolsar antecipadamente mais 10.000 milhões de euros ao FMI.
O IGCP refere que o reembolso de mais 10.000 milhões está em linha com o plano em que estava a trabalhar e a apresentar a investidores. O Tesouro prevê pagar antes do prazo 6.500 milhões em 2018 e 3.200 milhões de euros em 2019.
O Commerzbank refere que este anúncio do IGCP sobre reembolso ao FMI "não é relevante" nas emissões a realizar este ano, uma vez que o primeiro pagamento só irá decorrer no próximo ano.