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ARC mantém "rating" de Portugal e preocupações com "crescimento lento" e "dívida elevada"
A agência de notação financeira ARC manteve o "rating" de Portugal um nível acima de "lixo", destacando a capacidade do Governo em estabilizar a economia, embora alerte para o elevado nível de endividamento num contexto de crescimento económico ainda lento.
A ARC, agência de notação financeira que tem a portuguesa Saer como accionista, manteve o rating de Portugal em BBB-, com perspectiva ("outlook") estável.
Numa nota publicada na sexta-feira à noite e distribuída à imprensa esta segunda-feira, 27 ed Novembro, a ARC destaca vários pontos positivos que justificam a notação financeira um nível acima de "lixo".
São eles a "gestão de sucesso" durante a crise, que permitiram "estabilizar a economia"; o "continuado compromisso com a consolidação orçamental"; a "gestão pro-activa da dívida pública"; a "capacidade de salvaguardar a estabilidade financeira e a "melhoria do desempenho económico".
Apesar destas notas positivas, a ARC lista vários factores que representam um constrangimento para o rating de Portugal. O "elevado montante da dívida" surge em primeiro lugar, com a agência a assinalar que tal deixa Portugal mais "vulnerável a oscilações do mercado", o que em conjunto com as "perspectivas de crescimento económico moderado", fazem com que o país mantenha "vulnerabilidades elevadas".
Apesar de assinalar o bom desempenho da economia, a ARC destaque que "a recuperação pós-crise foi inferior à registada pelos pares e só mais recentemente ganhou tracção, com uma maior dependência das exportações e do investimento, um padrão que ainda não provou ser sustentável".
Além do endividamento público, a ARC destaca também o elevado nível de endividamento das empresas, bem como os elevados montantes de crédito mal parado, que "ameaçam as perspectivas para o investimento e o crescimento.
Na justificação da perspectiva do "rating" permanecer estável (tinha melhorado de negativa em Março) a ARC cita as previsões de crescimento do PIB entre 1,5% e 2% no médio prazo, a queda do desemprego, a estabilidade política e o programa de compra de activos do BCE.
"Ainda assim, a agência mantém as preocupações acerca do crescimento económico lento num contexto de elevado endividamento, a capacidade do Governo para manter o equilíbrio entre a consolidação orçamental e as metas de crescimento económico e a crescente pressão para cortes mais fortes na austeridade, bem como o processo de reestruturação do sector financeiro que está a ser mais lento e custoso do que o esperado", refere a nota.
A Fitch e Moody’s classificam a dívida de Portugal na categoria de investimento especulativo ("lixo"), enquanto a S&P e a DBRS atribuem um "rating" um nível acima de "lixo" (na mesma posição da ARC).
A ARC era anteriormente conhecida como Companhia Portuguesa de Rating. Os seus accionistas são agências de 'rating' na Índia (a Care Ratings), da Malásia (a MARC), no Brasil (a SR Ratings), em Portugal (Sociedade de Avaliação Estratégica e Risco) e no Reino Unido (Enigma Investment Holdings Limited).