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DBRS mantém "rating" de Portugal com perspectiva "estável"

A agência canadiana de notação financeira manteve o "rating" de Portugal inalterado em "BBB" (baixo), e a perspectiva continua "estável". Portugal continua a ter um "rating" acima de "lixo".

Miguel Baltazar/Negócios
13 de Novembro de 2015 às 17:03
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A Dominion Bond Rating Service (DBRS) manteve a classificação da dívida soberana de longo prazo de Portugal em "BBB" (baixo) [qualidade de crédito adequada, que é o último nível da categoria de investimento], sendo que a perspectiva continua "estável".

Os analistas inquiridos pelo Negócios antecipavam já que a DBRS não deveria cortar o "rating" soberano, uma vez que a as agências olham para perspectivas de longo prazo, não para picos de incerteza. Além disso, quanto estiver a ponderar baixar a notação portuguesa, deverá primeiro colocar a dívida numa perspectiva "negativa".

No relatório divulgado esta sexta-feira, 13 de Novembro, a DBRS justifica a manutenção do "rating" da dívida de longo prazo de Portugal com o facto de o seu perfil de crédito estar a melhorar nos últimos anos, "na sequência de progressos significativos na redução dos desequilíbrios orçamentais e externos".

 

Além disso, "a melhoria no perfil de reembolso da dívida pública e o compromisso, a nível da Zona Euro, de assegurar a estabilidade financeira na região, constituem um suporte adicional", sublinha a agência.

No entanto, deixa um alerta: "Portugal também se depara com desafios substanciais, incluindo os elevados níveis de endividamento no sector público e privado, bem como as pressões orçamentais e o baixo potencial de crescimento". Por outro lado, acrescenta, "a incerteza política tem aumentado desde os resultados inconclusivos das eleições de Outubro".

 

Em suma, "Portugal tem estado a beneficiar de uma retoma económica em curso, do contínuo estreitamento do défice orçamental e da redução do rácio da dívida pública face ao PIB. As recentes eleições legislativas sugerem que a consolidação orçamental será mais gradual, mas a DBRS não antecipa, neste momento, que se regresse a enormes desequilíbrios orçamentais, crendo que os riscos se mantêm bastante equilibrados", refere o relatório.

 

A DBRS adverte, contudo, que o "rating" de Portugal ficará sob pressão negativa se houver um enfraquecimento do compromisso político em relação às políticas económicas sustentáveis, se um crescimento mais débil do que o esperado levar à deterioração da dinâmica da dívida pública, se houver uma reversão das reformas estruturais ou se a incerteza política persistir.


Único "rating" acima de "lixo" 

Na semana passada surgiram alguns receios de que a DBRS pudesse baixar a notação soberana, quando a responsável da agência para Portugal disse em entrevista à RTP que devia haver um claro compromisso político e que as reformas estruturais não podiam ser revertidas. Nessa altura, Adriana Alvarado advertiu que Portugal poderá voltar ao "lixo" se as actuais medidas forem revertidas e o crescimento falhar.

 

Essa situação colocaria Portugal em maus lençóis, uma vez que o Banco Central Europeu poderia deixar de comprar dívida portuguesa e os bancos não usariam os títulos soberanos como colateral no financiamento. Isto porque o BCE tem em conta o "rating" atribuído por quatro agências, estando a DBRS nesse leque. A agência canadiana é a única que actualmente não atribui uma notação de "junk" a Portugal.

 

Os receios de que a DBRS cortasse o "rating" português estavam hoje mais dissipados, depois de Adriana Alvarado ter dito ao Negócios que o foco da agência nesta análise estava sobretudo no longo prazo. 

No passado dia 15 de Maio, a DBRS tinha já mantido a notação financeira para Portugal em "BBB (baixo)", com a perspectiva para a dívida a continuar também "estável.

Portugal a apenas um nível de sair do lixo nas três maiores agências

A DBRS é a única agência de notação financeira que confere um grau de investimento de qualidade à dívida de Portugal. As três maiores agências do mundo atribuem à dívida de longo prazo de Portugal classificações que a colocam a apenas um nível de entrarem na categoria de investimento de qualidade.

 

A Fitch tem uma classificação de ‘BB+’, que é o primeiro nível de "junk". Já a perspectiva é "positiva".

 

A S&P tem também o rating soberano a apenas um nível de sair de "lixo", já que o aumentou em um nível no passado dia 18 de Setembro, de BB para BB+. Já o "outlook" desceu de "positivo" para "estável" nesse mesmo dia.


A Moody’s, por seu lado, atribui uma notação de ‘Ba1’ a Portugal (que é igualmente o primeiro nível de "lixo"), sendo que o ‘outlook’ é "estável".


(notícia actualizada às 17h40 com mais informação)

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