Se abasteceu o seu veículo nos últimos dias notou que pagou mais por menos combustível. Contudo, a subida do preço da gasolina e do gasóleo não se nota apenas no bolso dos consumidores, afetando também as empresas de transportes e mercadorias e os revendedores.

A Associação Nacional dos Revendedores de Combustíveis (ANAREC) já está a sentir a quebra nas vendas. Em entrevista ao programa do Negócios no canal NOW, a vice-presidente admite que os revendedores sentiram "a fuga de muitos litros para a vizinha Espanha, portanto, temos sentido a quebra de vendas, na medida em que os particulares estão a usar menos as viaturas e os profissionais que conseguem vão abastecer a Espanha".

Mafalda Trigo revela que "principalmente os postos que são perto das fronteiras notam que estão praticamente parados".

A dirigente da ANAREC lembra que uma subida generalizada dos combustíveis afeta todos e vai levar a um aumento generalizado da inflação. "O aumento de combustível acaba por mexer diretamente com o valor da inflação, que numa altura de recessão económica, que se prevê para o ano 2025, não era nada benéfico", reforça.

Questionada sobre se a tendência de aumento dos preços dos combustíveis vai continuar, Mafalda Trigo admite que é imprevisível: "Agora, com a nomeação do Trump, pode ser que possa até estabilizar um bocadinho, mas estamos sempre dependentes de conjunturas diversas, como guerras no Médio Oriente, como uma série de situações que podem acontecer e isso nós não conseguimos controlar".

A ANAREC defende que cabe ao Governo "mexer nos impostos" para beneficiar consumidores, profissionais e o próprio Executivo. "Nós consideramos que podem até ganhar mais receita, ou seja, se baixar o preço por litro, cada litro de combustível pode trazer muitos litros mais aos nossos postos, ao nosso país, o que faz com que baixemos os impostos, mas aumenta a receita fiscal do Governo", conclui.