Notícia
Alertas de Powell penalizam bolsas europeias e petróleo
Acompanhe aqui o dia nos mercados, minuto a minuto.
- Incerteza nos mercados deixa futuros à deriva. Ásia sem tendência definida
- Petróleo termina ciclo positivo e cai de máximos de cinco semanas
- Altri e Sonae em ex-dividendo pressionam bolsa nacional
- Europa perde força com medo de segunda vaga
- Juros da Zona Euro mistos em dia de emissões de dívida
- Ouro mantém-se acima dos 1.700 dólares
- Wall Street abre sem tendência após discurso pessimista de Powell
- Euro perde face ao dólar após discurso de Powell
- Europa resvala perante receios do desconfinamento e alertas de Powell
- Medo de segunda vaga da Covid-19 alivia juros das dívidas
- Alertas de Powell também pressionam petróleo
- Pessimismo de Powell conduz Wall Street para mínimos de três semanas
Neste limbo, os futuros do S&P 500 vão valorizando 0,2%, enquanto que os futuros do europeu Stoxx 50, índice que reúne as 50 maiores cotadas da região, perde 1,5%.
Ontem, o epidemiologista norte-americano Anthony Fauci avisou no Senado que uma reabertura demasiado cedo da economia poderia provocar mortes desnecessárias, numa altura em que cerca de 80 mil norte-americanos perderam a vida devido à covid-19. Fauci disse ainda que a doença está longe de estar controlada e que seriam necessárias muitas precauções para que uma segunda vaga não seja pior do que a primeira.
Os comentários do epidemiologista fizeram estragos nos três maiores índices de Wall Street, que caíram cerca de 2%, bem como na sessão asiática durante a madrugada em Lisboa. Assim, o Topix do Japão perdeu 0,1%, enquanto que em Xangai, na China, o principal índice caiu 0,5%. Na Coreia do Sul, a praça registou uma queda pelo terceiro dia seguido, depois de, em Seul, na capital do país, se terem voltado a registar novos casos de infetados, depois de se ter reaberto a economia, na semana passada.
Na Austrália, o principal índice perdeu 0,4%, num dia em que o país levantou 19 mil milhões de dólares australianos, numa emissão de dívida sindicada recorde. Na Nova Zelândia, o dólar depreciou depois de o banco central do país ter aumentado o seu programa de compra de ativos e indicado que as taxas de juro diretoras negativas seriam uma possibilidade no futuro.
Hoje, o foco dos investidores estará também no discurso do presidente da Reserva Federal dos Estados Unidos, Jerome Powell, que pode dar novas indicações sobre a política do banco central nos próximos tempos.
Já o norte-americano WTI (West Texas Intermediate) cai 0,93% para os 25,54 dólares por barril, com os investidores a temerem que uma nova vaga de contágios da covid-19 possa voltar a pressionar a procura pela matéria-prima.
Os preços do petróleo caíram cerca de 60% este ano, depois de o consumo de energia ter colapsado entre todos os países do mundo, devido aos "lockdowns" implementados para travar a propagação do novo coronavírus.
Ontem, terça-feira, os Estados Unidos voltaram a cortar a sua previsão para a procura por petróleo neste ano e no próximo, enquanto que o IHS Markit não prevê uma recuperação para os níveis pré-covid até pelo menos à segunda metade de 2021.
Apesar disso, os preços têm conseguido recuperar depois do crude norte-americano ter caído para valores negativos, no mês passado, pela primeira vez na história.
Os inventários de petróleo em todo o mundo estão a diminuir e há sinais de retoma de consumo na Ásia. O Instituto de Petróleo dos Estados Unidos mostrou na semana passada que os inventários em Cushing, Oklahoma, caíram 2,6 milhões de barris. Se o Governo confirmar estes números, nesta quarta-feira, será a primeira queda desde a última semana de fevereiro.
O destaque vai para a Altri e também para a retalhista Sonae, que estão a conhecer quedas de 6,64% e 7,34%, respetivamente, num dia em que entram em ex-dividendo. Ambas as cotadas seguem em mínimos de mais de um mês.
No caso da empresa liderada por Paulo Fernandes começou a descontar o dividendo de 30 cêntimos, que vai ser distribuído pelos acionistas a partir do próximo dia 15 de maio.
Já a dona do Continente começou a extrair o dividendo de 4,63 cêntimos que vai ser pago aos acionistas a partir também da próxima sexta-feira, 15 de maio.
A cair está também a petrolífera Galp, que perde 2,78% para os 9,732 euros por ação, num dia em que os preços do petróleo regressam ao patamar negativo.
Num dia em que todos as praças europeias consumam quedas em torno de 1% e em que todos os setores desvalorizam, o destaque vai para o setor automóvel (-2,23%), com as europeias Daimler, Volkswagen, Peugeot e Porsche a desvalorizarem cerca de 3%. A seguir ao setor automóvel surge o setor da banca (-2,05%), como o que mais perde nesta quarta-feira.
A temporada de resultados continua debaixo do radar dos investidores, numa altura em que a transportadora de contentores dinamarquesa A.P. Moller-Maersk A/S diz que o impacto do novo coronavírus vai resultar numa queda de 25% dos volumes no primeiro trimestre. Já o holandês Amro Bank reportou a sua primeira queda de lucro desde 2013.
Os investidores receiam agora que uma segunda vaga de contágios da covid-19 possa fazer ainda mais estragos nas economias da região, num dia em que o Reino Unido reportou uma contração económica de 6% em março, naquela que pode ser a maior recessão do país em mais de três séculos, segundo os dados revelados.
O medo de uma segunda vaga ganhou força depois de ontem, o epidemiologista norte-americano Anthony Fauci, ter avisado no Senado norte-americano que uma reabertura demasiado cedo da economia poderia provocar mortes desnecessárias. Fauci disse ainda que a doença está longe de estar controlada e que seriam necessárias muitas precauções para que uma segunda vaga não seja pior do que a primeira.
Assim, os juros da Alemanha a dez anos caem 2,8 pontos base para os -0,539%, alargando o "spread" para os juros de Itália que hoje sobem 2,7 pontos base para os 1,912%, num dia de emissões de dívida em vários países do continente.
Por cá, os juros de Portugal caem 0,3 pontos base para os 0,907%. O IGCP realiza dois leilões de dívida de longo prazo (a 5 e 10 anos), tendo como objetivo emitir entre 1.000 e 1.250 milhões de euros. O mercado estará atento ao interesse dos investidores e às taxas de juro da colocação.
Em Espanha, os juros a dez anos sobem 0,3 pontos base para os 0,782%.
Isto numa altura em que os ativos de maior risco continuam sobre pressão, com os investidores de pé atrás quanto a uma segunda vaga de contágio da covid-19.
Hoje, os investidores estarão atentos aos discurso do presidente da Reserva Federal dos Estados Unidos, Jerome Powell, que poderá dar novas pistas sobre a política monetária futura do banco.
Para já, a aposta em ETF (exchange-traded funds) de ouro continua a subir pelo décimo terceiro dia consecutivo acrescentando mais 205 toneladas de onças de ouro aos 14,5 milhões de onças registadas este ano.
Por esta altura, o Dow Jones perde 0,93% para os 23.531,53 pontos e o S&P 500 cai 0,82% para os 2.846,56 pontos. Já o tecnológico Nasdaq desvaloriza 0,52% para os 8.951,61 pontos.
O atual líder do banco central norte-americano disse que seriam necessárias "políticas monetárias adicionais no futuro" para conter o impacto do novo coronavírus na economia dos Estados Unidos, prevendo que as repercussões da covid-19 se estendam no tempo.
Powell alertou que as "recessões mais profundas e mais longas" tendem a deixar "danos duradouros na capacidade produtiva da economia" e os EUA arriscam-se a passar por um "período prolongado de baixo crescimento da produtividade".
Os recentes apoios orçamentais e monetários dados pelo banco central e pelo governo dos Estados Unidos têm apoiado os índices, que conseguiram subir mais de 30% desde os mínimos tocados em março.
Contudo, agora surgiram novas preocupações quanto a uma segunda vaga de contágio da covid-19 e que isso possa voltar a travar a economia. Isto depois de terem surgido novos casos em países asiáticos, como a Coreia do Sul ou a China, depois de as medidas de confinamento terem sido levantadas.
Como tal, e apesar de a moeda única europeia ter chegado a apreciar para o valor mais alto desde 5 de maio contra o dólar, o euro inverteu para recuar 0,14% para 1,0833 dólares.
As bolsas europeias fecharam com fortes quebras, com Paris e Frankfurt a destacar-se ao recuar acima de 2,5%. Os setores automóvel e do turismo foram os mais penalizados, e terminaram a sessão com uma quebra em torno dos 5%.
A desmoralizar os investidores esteve o discurso de Jerome Powell, o presidente da Reserva Federal norte-americana, que afirmou que seriam necessárias novas ferramentas para estimular a economia do país, apesar de a resposta económica, até agora, ter chegado "no tempo e no tamanho certos". Isto porque vê no horizonte uma "recessão prolongada".
O presidente da Fed não especificou que medidas adicionais poderiam vir a socorrer a economia, numa altura em que os juros diretores do páis já desceram a mínimos históricos.
Paralelamente, a reabertura das economias deixou de ser vista com tanto otimismo porque, apesar de sinalizar alguma recuperação na atividade e consumo, é crescente o receio de que haja um novo surto a abalar o movimento de desconfinamento.
Em Lisboa, o PSI-20 alinhou com as pares europeias e caiu mais de 1%, pressionado sobretudo pelo BCP, Altri e Sonae, estas duas últimas em ex-dividendo.
Apesar do maior otimismo decorrente da reabertura gradual das economias devido à adoção de medidas de desconfinamento pela generalidade dos governos europeus, surgem indicadores que apontam para uma potencial segundo vaga da pandemia, o que se repercute no reforço do apetite dos investidores por ativos considerados mais seguros.
Ora, este movimento acaba por se refletir na descida das "yields" na área do euro. A taxa de juro associada às obrigações portuguesas com prazo a 10 anos recua 7,9 pontos base para 0,830%, na segunda queda consecutiva que coloca a "yield" nesta maturidade em mínimos de 4 de maio.
O mesmo para as "yields" correspondentes aos títulos a 10 anos da Itália e da Alemanha, que descem respetivamente 8,7 e 2,6 pontos base para 1,798% e para -0,536%. Esta descida surge após duas sessões de agravamento para ambas as "yields".
O dia é também marcado pela revisão em baixa das previsões para a procura mundial de crude em 2020 por parte da OPEP. O cartel estima agora uma quebra de 9,07 milhões de barris diários, muito acima da anterior previsão, que apontava para um decréscimo de 6,85 milhões de barris por dia.
Em Londres, o barril de Brent, de referência para Portugal, cedia 1,63%, para os 29,49 dólares. Já o WTI recuava 1,60%, cotando nos 25,91 dólares.
Esta avaliação foi mal recebida pelos investidores e o resultado foram fortes perdas nos principais índices em Wall Street, com o Dow Jones e o S&P 500 a fecharem em mínimos de cerca de três semanas. O tecnológico Nasdaq, que acumulava ganhos no ano no fecho de segunda-feira, já apresenta um saldo negativo.
O Dow Jones terminou a sessão com uma queda de 2,17%, para os 23.247,97 pontos. O índice das "blue chips" marcou um mínimo desde 21 de abril e acumula perdas de 18,53% desde o início do ano.
Já o índice alargado S&P 500 recuou 1,75%, fechando nos 2.820,00 pontos, o valor mais baixo desde 23 de abril.
E, ao contrário do que sucedeu nos tempos mais recentes, nem o setor tecnológico escapoi. O Nasdaq Composite cedeu 1,55%, para os 8.863,17 pontos, mínimo desde 6 de maio. O índice acumula um saldo negativo de 1,3% este ano.