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Bolsas europeias caem com inflação mais robusta do que o esperado nos EUA
Acompanhe aqui, minuto a minuto, o desempenho dos mercados durante esta terça-feira.
Bolsas europeias caem com inflação mais robusta do que o esperado nos EUA
As bolsas europeias cederam terreno nesta terça-feira, com o índice de referência Stoxx 600 a registar a maior queda em quase quatro semanas. Isto depois do anúncio de que a inflação de janeiro nos EUA foi mais robusta do que o esperado, o que intensifica a probabilidade de a Fed manter durante mais tempo os juros diretores em níveis elevados – o que constituiu uma machadada no otimismo que tem alimentado os mercados este ano quanto à possibilidade de um início de ciclo de corte dos juros ainda no primeiro semestre.
O Stoxx 600 fechou a ceder 0,95%, para 482,83 pontos, pressionado pelo movimento de selloff nos setores mais sensíveis à evolução dos juros diretores, como o tecnológico e o imobiliário.
A ASML Holding NV foi a cotada que mais pressionou o índice de referência, com as suas ações a registarem a maior queda dos últimos 16 meses antes de travarem as perdas no fecho – com os operadores a dizerem que a brusca queda se deveu a uma operação equivocada por parte de um participante de mercado.
Uma operação equivocada é a transação de uma ação que se desvia tanto do preço atual do mercado que é considerada um erro.
Entre os principais índices da Europa Ocidental, o alemão Dax recuou 0,92%, o francês CAC-40 desvalorizou 0,84%, o espanhol IBEX 35 perdeu 0,59% e o italiano FTSE MIB desceu 1,0,3%. Em Amesterdão, o AEX registou um decréscimo de 1,43%.
Juros agravam-se na Zona Euro
Os juros da dívida soberana na Europa fecharam em alta, revelando menos procura dos investidores por obrigações. No entanto, também não houve apetite pelos ativos de risco, como as ações, tendo a procura estado mais centrada noutros ativos-refúgio que não a dívida – como o dólar.
Os juros da dívida portuguesa a 10 anos encerraram a somar 2 pontos base para 3,170%.
Já as "yields" das Bunds alemãs a 10 anos, referência para a Europa, ganharam 3,3 pontos base para 2,391%.
Por seu lado, em França os juros com o mesmo vencimento avançaram 3,1 pontos base para se fixarem em 2,889%.
Em Itália e Espanha, também no vencimento a 10 anos, as "yields" agravaram-se em 3,3 e 1,7 pontos base, para 3,935% e 3,333%, respetivamente.
Crude sobe impulsionado por "outlook" positivo da Agência Internacional de Energia
O petróleo valoriza, tanto em Londres como em Nova Iorque, à boleia do "outlook" positivo da Agência Internacional de Energia, sobre a procura por crude a nível global.
O West Texas Intermediate (WTI) – negociado em Nova Iorque – soma 0,48% para 77,29 dólares por barril.
Por sua vez, o Brent do Mar do Norte – referência para as importações europeias – valoriza 0,38% para 82,31 dólares por barril.
A Agência acredita que a procura por petróleo, a nível global, deverá crescer a um ritmo confortável, ao longo deste ano, em concreto de 1,2 milhões de barris por dia para 1,3 milhões de barris por dia.
Por outro lado, uma parte da frota de petroleiros russos parece estar paralisada devido à sanções do Ocidente, de acordo com um rastreamento citado pela Bloomberg.
Dólar sobe face às 10 principais divisas. Iene em mínimos de novembro
O dólar ganhou força contra várias divisas, depois de os dados da inflação nos EUA, em termos homólogos, em janeiro terem ficado acima das expectativas dos analistas, esfriando as expectativas de cortes de juros diretores para breve.
O "green cash" não só sobe 0,48% para 0,9328 euros, como soma ganhos contra cada divisa do G-10, de acordo com os dados compilados pela Bloomberg.
O G-10 é o grupo de divisas mais negociadas do mercado cambial, ou seja, libra esterlina, iene, dólar australiano, da Nova Zelândia e do Canadá, franco suíço, assim como as coroas norueguesa e sueca (além do euro e do dólar norte-americano).
Entre este "cabaz", o iene é o que mais se destaca, pela "derrota" face ao dólar. A moeda japonesa perde 0,72% contra a nota verde, sendo necessário pagar 150,49 dólares por cada divisa nipónica, estando em mínimos de 17 de novembro.
Esta queda intensifica ainda mais a expectativa de que Tóquio possa intervir no mercado cambial para sustentar o iene. Na passa sexta-feira, o ministro das Finanças, Shunichi Suzuki, deixou claro que o Japão vai continuar a acompanhar o mercado cambial.
Além desta expectativa, os investidores apontam ainda para que o Banco do Japão comece a subir os juros diretores – retirando-os de terreno negativo – este ano.
Otimismo sobre cortes de juros arrefece e ouro cai para mínimos de dois meses
O ouro caiu para mínimos de dois meses, numa altura em que as expectativas dos investidores sobre os cortes de juros diretores este ano arrefecem, à boleia dos mais recentes dados da inflação nos EUA.
O metal amarelo perde 0,98% para 2.000,27 dólares por onça. Prata, platina e paládio seguem esta tendência negativa, estando os dois últimos metais preciosos a derrapar mais de 1%.
A inflação nos EUA, em termos homólogos, abrandou para 3,1% em janeiro, depois de ter alcançado os 3,4% em dezembro. Ainda assim esta descida foi menor do que era esperado.
Os economistas ouvidos pela Bloomberg apontavam para que a inflação tivesse caído para 2,9% no primeiro mês de 2024.
O ouro foi assim preterido em favor da dívida – numa altura em que as "yields" agravam-se – já que o metal precioso não remunera em juros.
O metal amarelo foi ainda pressionado pela subida do dólar – favorecido pela expectativa da continuação de uma política monetária restritiva – tornando as matérias-primas denominadas na nota verde, como é o caso do ouro, menos atrativas para quem negoceia com outras moedas.
Wall Street veste vermelho com inflação acima do esperado
Os principais índices de Wall Street abriram esta terça-feira em terreno negativo, após a divulgação de dados que dão conta de uma inflação acima do esperado em janeiro, o que vem intensificar a incerteza sobre o ritmo do corte das taxas de juro pela Reserva Federal norte-americana.
O S&P 500 cai 1,33% para os 4.954,90 pontos, o tecnológico Nasdaq Composite perde 1,81% para 15.653,99 pontos, e o industrial Dow Jones cede 1,05% para 38.388,34 pontos.
Já a inflação "core" – que exclui os preços voláteis da energia e dos alimentos – cifrou-se em 3,9%, em termos homólogos.
O otimismo dos investidores fica, assim, arrefecido - estava a ser alimentado por uma combinação de bons resultados das empresas, crescimento da economia norte-americana e consequente expectativa de cortes nos juros diretores num futuro próximo.
"Os dados do IPC desta manhã lembram-nos que a inflação é um problema difícil e mal compreendido, que não é linear. Dado que o IPC 'core' foi novamente de 3,9% - e não baixou para 3,7%, que era o consenso na previsão - isso não só coloca em questão o calendário dos cortes da Fed, como potencialmente abre portas à possibilidade de não termos visto ainda o fim das subidas dos juros pela Fed neste ciclo", diz à Bloomberg Chris Zaccarelli, da Independent Advisor Alliance.
Já Rob Swanke, do Commonwealth Financial Network, diz à agência que "esta não é certamente a notícia que a Fed queria para começar a cortar os juros". "O mercado essencialmente excluiu a possibilidade de um corte dos juros em março e dá menos de 50% de probabilidades de um corte na reunião de maio, por isso podemos ficar em suspenso por vários meses", acrescentou.
Euribor desce a três, a seis e a 12 meses
A taxa Euribor desceu hoje a três, a seis e a 12 meses face a segunda-feira, mantendo-se abaixo de 4% nos três prazos.
Com as alterações de hoje, a Euribor a três meses, que recuou para 3,901%, manteve-se acima da taxa a seis meses (3,882%) e da taxa a 12 meses (3,655%).
A taxa Euribor a 12 meses, atualmente a mais utilizada em Portugal nos créditos à habitação com taxa variável e que esteve acima de 4% entre 16 de junho e 28 de novembro, desceu hoje para 3,655%, menos 0,023 pontos do que na segunda-feira, depois de ter avançado em 29 de setembro para 4,228%, um máximo desde novembro de 2008.
Segundo dados do Banco de Portugal (BdP) referentes a novembro de 2023, a Euribor a 12 meses representava 37,4% do 'stock' de empréstimos para habitação própria permanente com taxa variável. Os mesmos dados indicam que a Euribor a seis e a três meses representava 36,1% e 23,9%, respetivamente.
No prazo de seis meses, a taxa Euribor, que esteve acima de 4% entre 14 de setembro e 01 de dezembro, também recuou hoje para 3,882%, menos 0,026 pontos que na anterior sessão, contra o máximo desde novembro de 2008, de 4,143%, registado em 18 de outubro.
No mesmo sentido, a Euribor a três meses diminuiu hoje face à sessão anterior, ao ser fixada em 3,901%, menos 0,011 pontos e depois de ter subido em 19 de outubro para 4,002%, um novo máximo desde novembro de 2008.
A média da Euribor em janeiro voltou a cair nos três prazos, mas menos acentuadamente do que em dezembro.
A média da Euribor em janeiro desceu 0,010 pontos para 3,925% a três meses (contra 3,935% em janeiro), 0,035 pontos para 3,892% a seis meses (contra 3,927%) e 0,070 pontos para 3,609% a 12 meses (contra 3,679%).
Em dezembro, a média da Euribor baixou 0,037 pontos para 3,935% a três meses (contra 3,972% em novembro), 0,138 pontos para 3,927% a seis meses (contra 4,065%) e 0,343 pontos para 3,679% a 12 meses (contra 4,022%).
Na mais recente reunião de política monetária, em 25 de janeiro, o Banco Central Europeu (BCE) manteve as taxas de juro de referência pela terceira vez consecutiva, depois de dez aumentos desde 21 de julho de 2022.
A próxima reunião de política monetária do BCE realiza-se em 07 de março.
As Euribor começaram a subir mais significativamente a partir de 04 de fevereiro de 2022, depois de o BCE ter admitido que poderia subir as taxas de juro diretoras devido ao aumento da inflação na zona euro e a tendência foi reforçada com o início da invasão da Ucrânia pela Rússia em 24 de fevereiro de 2022.
As taxas Euribor a três, a seis e a 12 meses registaram mínimos de sempre, respetivamente, de -0,605% em 14 de dezembro de 2021, de -0,554% e de -0,518% em 20 de dezembro de 2021.
As Euribor são fixadas pela média das taxas às quais um conjunto de 19 bancos da zona euro está disposto a emprestar dinheiro entre si no mercado interbancário.
*Lusa
Maré vermelha na Europa. Tecnológicas tombam mais de 2%
As bolsas europeias abriram a sessão no vermelho, em antecipação da divulgalção dos dados da inflação nos Estados Unidos e do seu resultado na política monetária da Reserva federal (Fed) norte-americana. As tecnológicas, em particular, tiveram um desempenho negativo, arrastadas por uma queda nas ações dos semi-condutores.
O Stoxx 600, referência para a região, perde 0,25% para 486,22 pontos.
Os setores com melhor desempenho são o do petróleo (+0,76%) e das "utilities", ou seja, gás, luz e água (+0,30%). O setor da tecnologia teve a queda mais expressiva (-2,15%), com as empresas de "chips" entre as maiores perdedoras - é o caso da Siltronic AG, depois de as metas para 2024 terem ficado significativamente abaixo das expectativas dos analistas.
"Os mercados vão passar esta manhã na angústia dos dados de hoje do IPC [Índice de Preços no Consumidor]", disse à Bloomberg Florian Ielpo, do Lombard Odier Asset Management.
A expectativa é que a primeira estimativa de janeiro dê conta de uma inflação abaixo dos 3% em termos anuais - seria a primeira vez que tal acontece desde março de 2021. Estes dados confirmariam a narrativa de um abrandamento dos preços, que tem dado força às bolsas. No entanto, este abrandamento da inflação pode não ser suficiente para alguns representantes da Fed, que desejam uma descida ainda maior antes de começarem a cortar as taxas de juro.
Entre os principais índices da Europa Ocidental, o alemão Dax cai 0,60%, o francês CAC-40 desliza 0,36%, o italiano FTSEMib perde 0,38% e o espanhol IBEX 35 recua 0,15%. Em Amesterdão, o AEX tomba 1% e o britânico FTSE 100 desce 0,11%.
Juros aliviam na Zona Euro
Os juros das dívidas soberanas na Zona Euro aliviaram esta terça-feira, o que sinaliza uma maior aposta dos investidores em obrigações.
A "yield" da dívida pública portuguesa com maturidade a dez anos desce 0,1 pontos base para 3,148% e a da dívida soberana alemã, com o mesmo prazo, alivia 0,6 pontos para 2,352%.
A rendibilidade da dívida italiana cede 0,1 pontos base para 3,902%, a da dívida francesa alivia 0,2 pontos para 2,857% e a da dívida espanhola desce 0,2 pontos para 3,314%.
Fora da Zona Euro, os juros das Gilts britânicas agravam 2,1 pontos base para 4,073%.
Expectativas sobre inflação fazem ouro brilhar e animam dólar
O ouro valoriza, antes da divulgação dos dados relativos à inflação nos EUA, esperados para esta terça-feira, que poderão dar pistas sobre o rumo da política monetária da Reserva Federal (Fed) norte-americana e os tão esperados cortes nas taxas de juro.
O ouro sobe 0,30% para 2.026,16 dólares por onça.
A expectativa é que a primeira leitura do índice de preços no consumidor de janeiro revele um aumento inferior a 3% - seria o primeiro desde março 2021. Se assim for, ganha força a ideia de que a Fed pode avançar com cortes nos juros nos próximos meses. Taxas mais baixas são normalmente positivas para o ouro, que não remunera juros.
Ao mesmo tempo, o dólar ganha força, com os "traders" também expectantes com a inflação. Mas neste caso é ao contrário: a esperança é que o aumento dos preços seja maior.
O dólar ganha 0,10% para 0,9293 euros.
"Esperamos que os dados continuem a justificar um ciclo de flexibilização da Fed muito menos pronunciado do que é atualmente avaliado pelo mercado, e isso deve ajudar o dólar", disse à Bloomberg Win Thin, chefe do departamento de estratégia de mercados da Brown Brothers Harriman & Co.
Petróleo valoriza à espera do relatório da OPEP
O petróleo valoriza, animado por indícios de um maior aperto na oferta de crude e pela antecipação de um relatório da OPEP, numa altura em que a Organização dos Países Exportadores de Petróleo mantém os planos de cortar na oferta para dar fôlego aos preços.
O West Texas Intermediate (WTI), "benchmark" para os Estados Unidos, segue a somar 0,31% para 77,16 dólares por barril.
Já o Brent do Mar do Norte, crude negociado em Londres e referência para as importações europeias, recua ainda 0,30% para 82,25 dólares.
Uma parte considerável da frota de petroleiros que a Rússia usa para a entrega de crude está parada devido às sanções dos EUA, no âmbito da guerra na Ucrânia, avança a Bloomberg, citando o sistema de "tracking" de embarcações.
O petróleo já ganhou mais de 6% este ano, mas ainda não disparou. O impacto dos cortes de produção da OPEP e do conflito no Médio Oriente tem sido amenizado por uma maior oferta fora deste grupo de exportadores, bem como por incertezas em torno do rumo da procura.
Espera-se que o relatório mensal da OPEP venha esclarecer quais vão ser os equilíbrios globais no próximo trimestre.