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Fecho dos mercados: China pressiona bolsas, Reino Unido quebra libra e Fed abana dólar

A desaceleração do crescimento económico na China foi um dos factores de pressão sobre os mercados accionistas esta sexta-feira. A divisão em torno do acordo para o Brexit alcançado entre Londres e Bruxelas também continuou a penalizar, especialmente a libra esterlina. Ainda no mercado cambial, a nota verde cai perante a perspectiva de menos subidas de juros pela Fed. Já o ouro e o milho parecem seguir as pisadas do gás natural, a caminho de um 'rally'.

Pedro Catarino/CM
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Os mercados em números

PSI-20 perdeu 0,06% para 4.913,93 pontos

Stoxx 600 recuou 0,20% para 357,71 pontos

S&P 500 cede 0,11% para 2.727,27 pontos

"Yield" a 10 anos de Portugal sobe 0,1 pontos base para 1,970%.

Euro ganha 0,70% para 1,1407 dólares

Petróleo avança 0,92% para 67,23 dólares por barril em Londres

 

Bolsas europeias no vermelho com abrandamento na China a pesar

O PSI-20 fechou a sessão desta sexta-feira a ceder 0,06% para 4.913,93 pontos, no segundo dia consecutivo em que a bolsa nacional registou perdas.

No resto da Europa também predominou o pessimismo, com o índice de referência europeu Stoxx 600 a recuar pela terceira sessão seguida, penalizado pelas quedas registadas nos sectores da banca e automóvel. O abrandamento da economia chinesa foi um dos factores que contribuiu para as quedas das bolsas.

Em Lisboa, o BCP foi o título que mais pressionou, ao perder 1,40% para 0,2465 pontos, seguido pela Mota-Engil, que desvalorizou 2,61% para 1,57 euros no quinto dia consecutivo a negociar no vermelho e numa sessão em que a construtora tocou no valor mais baixo (1,534 euros) desde Dezembro de 2016. A Mota-Engil teve um mau dia depois de ontem ter anunciado que a adjudicação de novos contratos na América Latina no valor de 200 milhões de euros.

Também o sector ligado às telecomunicações esteve em destaque pela negativa, com a Pharol a resvalar 3,13% para 0,1734 euros e a Nos a deslizar 1,36% para 5,085 euros.  

Juros sobem no Reino Unido, Alemanha e Portugal

Os mercados obrigacionistas estão a negociar esta sexta-feira com subidas e descidas pouco acentuadas, numa altura em que os investidores esperam por desenvolvimentos em torno do acordo para o Brexit e do contexto político no Reino Unido. Os juros das obrigações alemãs a 10 anos (bunds) seguem a subir 0,8 pontos base para 0,368%. Também no Reino Unido a tendência é de subida das "yields" das obrigações no vencimento a 10 anos, que avançam 4,7 pontos base para 1,420%, evidenciando a menor procura por estes títulos. O mesmo acontece com os juros da dívida portuguesa na mesma maturidade, que aumentam ligeiramente, em 0,1 pontos base, para 1,970%.

Em sentido contrário estão as "yields" das obrigações italianas, com uma descida de 0,3 pontos base para 3,490%.

 

Euribor mantêm-se em todos os prazos

A Euribor a três meses, em valores negativos desde 21 de Abril de 2015, manteve-se hoje em -0,316%. Também a taxa a seis meses, a mais utilizada em Portugal nos créditos à habitação e que entrou em terreno negativo pela primeira vez a 6 de Novembro de 2015, ficou no mesmo nível face à véspera, em -0,257%.    

A nove meses, a Euribor permaneceu em -0,196%, e no prazo a 12 meses manteve-se em -0,147%.

 

Dólar cai e libra também. Declarações de Clarida pressionaram

A nota verde está a negociar em baixa face às principais congéneres, penalizado sobretudo pelas declarações do vice-chairman da Reserva Federal norte-americana, Richard Clarida, que disse que o banco central dos EUA tem de ter em conta o panorama económico global e o facto de haver sinais de abrandamento do crescimento mundial. Isso fez diminuir a possibilidade de várias subidas de juros em 2019, o que está a pressionar o dólar. O euro segue assim a ser sustentado por esta debilidade da divisa norte-americana, com a moeda única a valorizar 0,70% para 1,1407 dólares.

Também a libra esterlina continua a ser pressionada devido às demissões no governo de May em protesto contra o acordo para o Brexit delineado entre Londres e Bruxelas. Os mercados apresentaram um primeiro vislumbre do que poderá acontecer sem um acordo pacífico no Reino Unido. A Bloomberg recorda que se o acordo for rejeitado, os especuladores do mercado cambial podem reaparecer em massa no período natalício – já de si, de pouca liquidez –, aumentando a pressão sobre um parlamento dividido. "Lembra-se do flash crash de 6% da libra, em Outubro de 2016, quando a moeda britânica afundou em apenas um minuto no mercado asiático?", pergunta a Bloomberg. Com efeito, a 6 de Outubro desse ano, a libra tocou em mínimos de 31 anos face ao dólar, pouco depois da abertura dos mercados na Ásia. Um erro nas ordens ou o algoritmo usado na transacção poderiam estar na origem da maior queda da libra desde o Brexit, apontou-se na altura. Meses mais tarde, uma investigação concluiu que o mergulho da moeda britânica tinha decorrido de vários factores, que juntos, provocaram a tempestade perfeita: erros de principiantes, algoritmos e posições de negociação complexas.

O custo de cobertura contra perdas na libra face ao euro está já no máximo nível desde Junho de 2017 e poderá ser apenas uma questão de dias até escalar para o mais alto valor desde o referendo que decidiu o Brexit a 23 de Junho de 2016.

 

Crude sobe com OPEP na mira mas desce na semana

As cotações do "ouro negro" subiram esta sexta-feira, devido à expectativa de que a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) e os seus aliados acordem um corte de produção na reunião de 6 de Dezembro. O West Texas Intermediate (WTI) para entrega em Dezembro segue a somar 0,97% para 57,01 dólares por barril. Também o Brent do Mar do Norte – que é negociado em Londres e serve de referência às importações portuguesas – segue no verde, com os preços do contrato para entrega em Janeiro a valorizarem 0,92% para 67,23 dólares.

No entanto, o saldo da semana é negativo. A contribuir para as quedas desta semana esteve um tweet do presidente norte-americano, Donald Trump, em que criticou a Arábia Saudita por querer reduzir a sua oferta de crude em 500.000 barris por dia a partir de Dezembro e em que disse esperar que a OPEP não corte a produção. A pesar têm estado também os receios de que haja uma oferta excessiva no mercado face à procura, especialmente num contexto de abrandamento económico global.

 

O ouro e o milho são muito diferentes mas vão no mesmo caminho

Apesar de serem matérias-primas muito diferentes, tanto o milho como o ouro estão a negociar em intervalos muito comprimidos que se assemelham grandemente ao que sucedeu ao gás natural antes da escalada que iniciou há cerca de dois meses, sublinha em texto de opinião na Bloomberg o estratega de commodities Mike McGlone.

"Muito à semelhança do que aconteceu ao gás natural em inícios deste ano, o ouro tem em campo todos os ‘drivers’ para disparar a partir deste estreito intervalo de negociação. O aumento da inflação e dos níveis de endividamento são companheiros positivos. (…) Já a perspectiva de um ‘rally’ no milho é muito mais elevada do que uma descida dos preços. A favorável procura global coloca esta matéria-prima agrícola no topo da lista dos mercados com tendência de subida", salientou.

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