Rússia, crescimento económico e política monetária centram atenções em dia de fecho morno na Europa

As bolsas europeias fecharam entre ganhos e perdas, com oscilações pouco expressivas – à exceção da praça de Atenas, que caiu mais de 2%.

O fecho das principais bolsas do Velho Continente revelou-se mais estável, depois de o Stoxx 600, índice europeu de referência, ter registado na semana passada a maior queda desde meados de março.

Os investidores estiveram a digerir e a avaliar os riscos da tentativa de sublevação armada na Rússia, durante o fim de semana, e focaram-se também nas perspetivas para o crescimento económico e para a política monetária dos bancos centrais.

O Stoxx 600 fechou a deslizar 0,10%, para 452,68 pontos, depois de ter chegado a recuar 0,7% durante a sessão. Esta foi a sexta sessão consecutiva de perdas, na mais longa série de descidas desde outubro.

Os setores da banca e do petróleo & gás foram os que mais contribuíram para sustentar a tendência positiva. A travar maior ganhos estiveram sobretudo as cotadas dos media e das viagens, bem como a indústria alimentar.

Entre os principais índices da Europa Ocidental, o alemão Dax cedeu 0,11%, o francês CAC-40 valorizou 0,29%, o italiano FTSEMIB avançou 0,12%, o britânico FTSE 100 resvalou 0,11% e o espanhol IBEX 35 pulou 0,09%. Em Amesterdão, o AEX registou um acréscimo de 0,12%.

Já na praça de Atenas, o índice de referência perdeu 2,70%, no que foi considerado como uma normal correção dentro de uma tendência "bullish" de base. Os investidores estavam à espera da confirmação de que não sairia qualquer surpresa no resultado das eleições.

Juros da Zona Euro aliviam

Os juros das dívidas soberanas da Zona Euro aliviaram nesta segunda-feira, depois da divulgação de dados na Alemanha que mostraram que as perspetivas de negócios do país caíram para o nível mais baixo registado este ano.

A "yield" das Bunds alemãs a dez anos – referência para o mercado europeu – aliviou 4,5 pontos base para 2,305%.

Os juros da dívida portuguesa com vencimento em 2033 recuaram 3,3 pontos base para 2,987%. Já a "yield" das obrigações espanholas com a mesma maturidade subtraíu 3,9 pontos base para 3,267%.

Por seu lado, as rendibilidades  da dívida italiana a dez anos aliviaram 3,5 pontos base para 3,938%.

Dólar em alta face ao euro com regresso de tensões geopolíticas

O dólar está a valorizar face ao euro, mas a negociar em baixa face a outras divisas de peso, com os investidores a analisarem as renovadas tensões geopolíticas.

Ao mesmo tempo, os olhares estão também a virar-se para a divulgação do "outlook" da atividade industrial da Fed de Dallas nos Estados Unidos, que deverá dar mais pistas sobre o caminho de política monetária da Reserva Federal norte-americana, o principal foco de atenção dos mercados.

O dólar sobe 0,16% para 1,0911 euros, ao passo que o índice do dólar da Bloomberg – que compara a força da nota verde contra outras 10 divisas – recua 0,17% para 102,728 pontos.

Procura por ativos-refúgio dá ganhos ao ouro

O ouro segue a valorizar ligeiramente, a reforçar o seu estatuto de valor-refúgio numa altura em que os investidores procuram alguma segurança após a recente turbulência na Rússia, que teve como principal catalisador o grupo Wagner.

O metal amarelo avança 0,19% para 1.924,81 dólares por onça.

"Este golpe de estado (russo)... revelou fissuras e fragilidades que não podem passar despercebidas", disse Vishnu Varathan, analista da Mizuho, acrescentando que "sem dúvida isso amplifica os riscos geopolíticos globais".

Mercados petrolíferos relativizam turbulência política na Rússia

Os preços do "ouro negro" seguem a negociar em alta ligeira, com a instabilidade política decorrente da revolta abortada por parte de mercenários russos do grupo Wagner, no fim de semana, a ser vista pelos mercados como não constituindo uma ameaça imediata ao fornecimento de crude por parte da Rússia – que é um dos maiores produtores mundiais desta matéria-prima.

O West Texas Intermediate (WTI), "benchmark" para os Estados Unidos, segue a somar 0,01% para 69,17 dólares por barril.

Por seu lado, o Brent do Mar do Norte, crude negociado em Londres e referência para as importações europeias, avança 0,15% para 73,96 dólares.

Wall Street à procura de rumo. Tesla cai mais de 1% com corte de recomendação do Goldman

Wall Street negoceia praticamente inalterada num dia que deverá ser marcado pela reação do mercado aos avanços e recuos da "rebelião" do grupo paramilitar Wagner contra Moscovo.

O industrial Dow Jones negoceia na linha de água (0,02%) para 33.735,39 pontos, enquanto o Standard & Poor's 500 avança muito ligeiramente (0,06%) para 4.350,97 pontos.

Também o tecnológico Nasdaq Composite sobe 0,16% para 13,513.99 pontos.

Os investidores estão atentos às ações da Tesla, as quais caem mais de 1%, depois de o Goldman Sachs ter cortado a recomendação da fabricante automóvel, devido às pressões nos preços.

Na passada sexta-feira, os três principais índices norte-americanos travaram a fundo o "rally", tendo o Nasdaq desvalorizado 1,44%, interrompendo um ciclo de oito semanas de ganhos.

Por sua vez, o S&P 500 perdeu 1,01% colocando um ponto final a uma sequência de cinco vitórias semanais, enquanto o Dow Jones quebrou um ciclo de três semanas de ganhos, ao cair 1,67%.

Durante esta semana, o sentimento deverá ser influenciado pelas declarações dos líderes dos bancos centrais e economistas no Fórum BCE que decorre em Sintra, sendo que o presidente da Reserva Federal (Fed) norte-americana vai participar no debate com a presidente do BCE, Christine Lagarde e o homólogo japonês Kazuo Ueda, na quarta-feira.

Euribor cai a 3, 6 e 12 meses depois dos novos máximos na sexta-feira

As taxas Euribor desceram esta segunda-feira a três, a seis e a 12 meses, depois de terem atingido na sexta-feira novos máximos desde novembro de 2008.

A taxa Euribor a 12 meses, que atualmente é a mais utilizada em Portugal nos créditos à habitação com taxa variável, desceu hoje para 4,092%, menos 0,055 pontos, depois de ter registado seis máximos consecutivos.

A Euribor a 12 meses subiu para 4,147% em 23 de junho, um novo máximo desde novembro de 2008.

Segundo dados de março de 2023 do Banco de Portugal, a Euribor a 12 meses representava 41% do 'stock' de empréstimos para habitação própria permanente com taxa variável. Os mesmos dados indicam que a Euribor a seis e a três meses representava 33,7% e 22,9%, respetivamente.

A média da taxa Euribor a 12 meses avançou de 3,757% em abril para 3,862% em maio, mais 0,103 pontos.

No prazo de seis meses, a taxa Euribor, que entrou em terreno positivo em 6 de junho de 2022, também baixou hoje, ao ser fixada em 3,908%, menos 0,025 pontos, depois de ter subido em 23 de junho até 3,933%, também um novo máximo desde novembro de 2008.

A média da Euribor a seis meses subiu de 3,516% em abril para 3,682% em maio, mais 0,166 pontos.

No mesmo sentido, a Euribor a três meses recuou hoje para 3,577%, menos 0,033 pontos e depois de ter sido fixada em 3,610% em 23 de junho, um novo máximo desde novembro de 2008.

A média da Euribor a três meses subiu de 3,179% em abril para 3,372% em maio, ou seja, um acréscimo de 0,193 pontos percentuais.

As Euribor começaram a subir mais significativamente a partir de 4 de fevereiro de 2022, depois de o Banco Central Europeu (BCE) ter admitido que poderia subir as taxas de juro diretoras devido ao aumento da inflação na Zona Euro e a tendência foi reforçada com o início da invasão da Ucrânia pela Rússia em 24 de fevereiro de 2022.

Na mais recente reunião de política monetária, realizada em 15 de junho, o BCE voltou a subir, pela oitava reunião consecutiva, mas como em 04 de maio em apenas 25 pontos base, as taxas de juro diretoras, acréscimo inferior ao de 50 pontos base efetuado em 16 de março, em 2 de fevereiro e em 15 de dezembro, quando começou a desacelerar o ritmo das subidas em relação às duas registadas anteriormente, que foram de 75 pontos base, respetivamente em 27 de outubro e em 8 de setembro.

Em 21 de julho de 2022, o BCE aumentou, pela primeira vez em 11 anos, em 50 pontos base, as três taxas de juro diretoras.

As taxas Euribor a três, a seis e a 12 meses registaram mínimos de sempre, respetivamente, de -0,605% em 14 de dezembro de 2021, de -0,554% e de -0,518% em 20 de dezembro de 2021.

As Euribor são fixadas pela média das taxas às quais um conjunto de 57 bancos da zona euro está disposto a emprestar dinheiro entre si no mercado interbancário.

Lusa

Europa a caminho do maior ciclo de perdas desde outubro. Lisboa inverte a tendência

A Europa arrancou a sessão no vermelho e nem Lisboa – que no início das negociações arrancou no verde – se manteve de pé. 

O mercado reage aos mais recentes desenvolvimentos sobre a "rebelião" do grupo Wagner contra Moscovo e está focado no "outlook" sobre o crescimento económico e a política monetária, num dia em que arranca o Fórum BCE, em Sintra.

O Stoxx 600 desliza 0,50% para 450,89 pontos, estando prestes a fechar o mais longo ciclo de perdas desde outubro do ano passado.

Entre os 20 setores que compõem o "benchmark" europeu, os setores com natureza mais cíclica, como banca e setor automóvel comandam perdas.

Já o setor da energia sobe, à boleia da valorização do petróleo e gás, após o grupo Wagner ter recuado na "rebelião" contra Moscovo este fim de semana.

Na sexta-feira, o Stoxx 600 registou a pior perda semanal desde março, pressionado sobretudo pelas políticas monetárias dos bancos centrais.

Entre as principais praças europeias, Madrid cai 0,58%, Frankfurt desvaloriza 0,52% e Paris cai 0,46%. Londres perde 0,53%, Amesterdão cai 0,14% e Milão derrapa 1,23%.

Os investidores estão atentos às ações da Samhallsbyggnadsbolaget i Norden AB, as quais escalam 17,05%, após ser noticiado que a empresa sueca está em conversações exclusivas para vender uma participação remanescente de 51% numa subsidiária, de forma a saldar dívidas.

Juros aliviam na Zona Euro atentos aos ventos de Sintra

Os juros aliviam muito ligeiramente na Zona Euro, com os investidores à espera dos mais recentes dados macroeconómicos alemães e num dia em que a UE emite dívida a dois e onze anos com juros de 0,8% e 3,25%, respetivamente.

A "yield" das Bunds alemãs a dez anos – referência para o mercado europeu – alivia 1 ponto base para 2,341%.

Os juros da dívida portuguesa com vencimento em 2033 recua 0,9 pontos base para 3,010%.

A "yield" das obrigações espanholas com a mesma maturidade subtrai 0,4 pontos base para 3,302%.

Os juros da dívida italiana a dez anos aliviam 0,1 pontos base para 3,972%.

Durante esta semana, os investidores vão ainda estar atentos ao discurso da presidente do BCE, Christine Lagarde, e outros banqueiros centrais, no âmbito do Fórum BCE, que arranca esta segunda-feira ao final do dia, em Sintra.

Euro na linha de água à espera da bateria de dados económicos da Alemanha

O euro negoceia na linha de água (0,04%) para 1,0898 dólares, com os investidores à espera das mais recentes previsões e dados económicos do Ifo, Instituto Leibniz de Estudos Económicos da Universidade de Munique, e do banco central da maior potência europeia, a Alemanha.

Os investidores vão ainda estar durante o dia atentos ao arranque da 10.ª edição do Fórum BCE em Sintra. Esta segunda-feira, o programa terá uma nota mais protocolar, com um discurso de boas-vindas da presidente da autoridade monetária, Christine Lagarde, e uma intervenção durante o jantar de Gita Gopinath, vice-presidente do FMI.

O índice do dólar da Bloomberg – que compara a força da nota verde contra outras 10 divisas – cede 0,18% para 102,716 pontos, antes de ser divulgado o "outlook" da Fed de Dallas, sobre a indústria.

O iene sobe 0,29% para 0,0070 dólares, depois de Masato Kanda, ministro das Finanças do Japão, ter reconhecido - citado pela Bloomberg – que as mais recentes quedas do iene face a outras moedas, como o euro e o dólar têm sido rápidas e excessivas, tendo ainda assegurado que as autoridades estão atentas ao mercado e pautadas por um forte sentido de urgência.

Ouro valoriza após fechar semana em terreno negativo

O ouro valoriza, num movimento antecipado pelos analistas como de procura-refúgio, depois da mais recente turbulência na Rússia.

O metal amarelo soma 0,35% para 1.928,01 dólares por onça, depois de ter encerrado a semana passada a perder 1,9%.

A subida do ouro acabou por ser limitada pelo fim da "rebelião" do grupo paramilitar Wagner.

Ainda assim, é a política monetária que se mantém em primeiro plano. Durante esta semana, os investidores vão estar atentos ao decorrer do Fórum BCE, que arranca esta segunda-feira, em Sintra.

Durante o evento, além da presidente do BCE, Christine Lagarde, vão estar outros banqueiros centrais de destaque, como o líder da Reserva Federal (Fed) norte-americana, Jerome Powell e o presidente do Banco do Japão, Kazuo Ueda.

Petróleo sobe e gás escala mais de 5% no rescaldo da "rebelião" do grupo Wagner

O petróleo valoriza tanto em Londres como em Nova Iorque, com os investidores a digerirem os mais recentes acontecimentos relativos ao maior produtor da Organização dos Países Exportadores de Petróleo e Aliados (OPEP+), a Rússia.

O West Texas Intermediate (WTI) soma 0,40% para 69,44 dólares por barril. Por sua vez, o Brent do Mar do Norte – referência para as importações europeias – sobe 0,5% para 74,22 dólares por barril.

A turbulência na Rússia, com a "rebelião" dos mercenários do Grupo Wagner, que acabariam por desistir de um confronto com o Kremlin, está a influenciar o sentimento dos mercados.

Além do petróleo, também no mercado do gás os investidores estão a reagir a esta "rebelião" que acabou por morrer na praia.

A matéria-prima negociada em Amesterdão (TTF) – "benchmark" para o mercado europeu chegou a escalar mais de 5% no arranque das negociações, estando entretanto a valorizar 4,48% para 35 euros por megawatt-hora.

Este movimento já tinha sido antecipado por alguns analistas, como Tom Marzec-Manser, responsável pelo departamento de "research" para o mercado do gás da ICIS em Londres, isto porque "o risco geopolítico da Rússia é agora maior do que antes do fim de semana", justifica.

Embora a Europa tenha reduzido significativamente a dependência de gás russo, a realidade é que o bloco ainda recebe algumas quantidades desta matéria-prima, vinda de Moscovo.

Europa aponta para verde. Ásia fecha mista de olhos postos na Rússia

A Ásia fechou a sessão em terreno negativo - à exceção da Coreia do Sul - enquanto a Europa aponta para um arranque das negociações em terreno positivo, com o sentimento a ser marcado pelos mais recentes desenvolvimentos em torno das movimentações rebeldes do grupo Wagner contra o Kremlin.

Pela Ásia, na China, Hong Kong caiu 0,3%. As ações da produtora de alumínio russa United Co. Rusal International cotados nesta praça chegaram a cair 2,9%.  Por sua vez, Xangai deslizou 1,4%.

No Japão, o Topix perdeu 0,1% e o Nikkei desvalorizou 0,16%. Na Coreia do Sul, o Kospi subiu 0,43%.  

Pela Europa, os futuros sobre o Euro Stoxx 50 sobem 0,2%.

O mercado vive uma relativa calma esta segunda-feira, depois de o chefe do grupo paramilitar Wagner, Yevgeny Prigozhin, ter suspendido este sábado as movimentações da rebelião na Rússia contra o comando militar, menos de 24 horas depois de ter ocupado Rostov, cidade-chave no sul do país para guerra na Ucrânia.

No final do dia de sábado, em que foi notícia o avanço de forças da Wagner até cerca de 200 quilómetros de Moscovo, Prigozhin anunciou ter negociado um acordo com o presidente da Bielorrússia, Alexander Lukashenko.