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Covid-19 varreu mercados para semana negra e Stoxx600 para maior queda em quatro anos

Terminou da pior maneira aquela que foi a semana mais negra para os mercados em quatro anos. Nesta sexta-feira as principais bolsas europeias acentuaram as perdas registadas nos últimos dias e o Stoxx600 apresentou a maior desvalorização em quase quatro anos. Brent teve pior semana desde 2008 e nem o “seguro” ouro escapou à onda vermelha que varreu os mercados.

Reuters
28 de Fevereiro de 2020 às 17:19
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Os mercados em números

PSI-20 recuou 3,76% para 4.765,73 pontos

Stoxx 600 perdeu 3,54% para 375,65 pontos

S&P500 cai 1,50% para 2.934,07 pontos

Juros da dívida portuguesa a dez anos aliviam 2,7 pontos base para 0,332%

Euro deprecia 0,35% para 1,0962 dólares

Petróleo em Londres cai 3,56% para 50,32 dólares por barril

 

Stoxx600 com semana mais negra desde 2008
As principais bolsas europeias transacionaram em terreno negativo pelo segundo dia consecutivo na sessão desta sexta-feira, 28 de fevereiro, dia que contribuiu para que a generalidade dos índices do velho continente fechassem a semana com o pior saldo semanal desde a crise financeira.

 

O índice de referência Stoxx600 perdeu 3,54% para 375,65 pontos, para uma desvalorização de 12,25% na semana, o pior desempenho semanal desde outubro de 2008. O Stoxx600 tocou em mínimos de agosto durante uma sessão em que todos os setores penalizaram mas em que uma vez mais foi o turístico a registar uma queda mais expressiva.

 

Em linha com as principais congéneres, o PSI-20 recuou 3,76% para 4.765,73 pontos para mínimos de agosto naquela que foi a maior queda diária desde o dia seguinte ao referendo do Brexit.

 

De acordo com contas da Bloomberg feitas ainda durante a negociação bolsista na Europa e nos Estados Unidos, o medo relativamente ao surto do coronavírus tirou 5 biliões de dólares aos mercados na semana, uma das piores desde a crise financeira internacional de 2008.

 

O número crescente de novos casos por infeção do Covid-19, que cresce agora mais rapidamente fora da China do que dentro das fronteiras chinesas, agravou o medo quanto à possibilidade de o coronavírus assumir proporções de pandemia global, possibilidade admitida pela Organização Mundial do Comércio (OMS), cenário que iria prejudicar ainda mais uma economia mundial já em abrandamento. Há cerca de mil pessoas de quarentena na Alemanha e foi detetado o primeiro infetado na Nigéria, o país mais populoso do continente africano. Entretanto a OMS passou o nível alerta para "muito elevado".
 

O "sell-off" de títulos bolsistas acentuou-se esta sexta-feira já depois de uma fonte oficial da Casa Branca ter admitido que o vírus chinês poderá levar ao encerramento de escolas e empresas, agravando assim o medo dos investidores quanto ao impacto e consequências do novo vírus da pneumonia.

Juros das dívidas quase "imunes" ao coronavírus
Sendo certo que o Covid-19 poderá impactar negativamente as economias da Zona Euro, as obrigações de dívida da generalidade dos países que integram o espaço da moeda única estão a beneficiar da fuga dos investidores em relação a ativos considerados mais suscetíveis às repercussões do coronavírus.

 

É o caso da taxa de juro associada aos títulos soberanos de Portugal a 10 anos, que recua 2,7 pontos base para 0,332% e também da "yield" das obrigações alemãs no mesmo prazo que alivia 7,9 pontos base para -0,626%, estando assim em mínimos de setembro último.

 

Em sentido inverso seguem os juros da dívida italiana a 10 anos, que sobem 2,6 pontos base para 1,096% na sexta subida seguida. Itália é o país europeu mais afetado pelo coronavírus e somam-se os alertas para a possibilidade de a economia transalpina prosseguir no primeiro trimestre a estagnação já verificada nos últimos três meses de 2019.

Euro, dólar e libra perdem com iene a servir de refúgio

Também nos mercados cambiais se faz sentir a epidemia do Covid-19, com euro, libra e dólar a perderem terreno. O euro está a recuar 0,35% para 1,0962 dólares enquanto a libra recua pelo terceiro dia seguido face à moeda única europeia num dia em que tocou em mínimos de 15 de janeiro relativamente à divisa comunitária.

 

Estas moedas estão também a ser pressionadas pelo receio dos investidores em relação ao coronavírus, sendo que a libra também perde valor devido ao reforço da incerteza em torno da negociação da relação futura com a União Europeia, isto depois de o governo britânico ter admitido começar a preparar um cenário de "no deal" se até junho as partes não alcançarem progressos na discussão que terá lugar a partir de março.

 

Nota positiva para o japonês iene que soma mais de 1,5% contra o dólar, com a divisa nipónica a ver reforçado o respetivo valor enquanto ativo de refúgio.

Brent a caminho de pior semana desde 2008
A possibilidade de o coronavírus provocar um abrandamento económico relevante e, em consequência, levar a uma diminuição da procura global de crude está a provocar desvalorizações expressivas do petróleo nos mercados internacionais. O Brent do Mar do Norte, negociado em Londres e utilizado como valor de referência para as importações nacionais, perde 3,56% para 50,32 dólares por barril. O Brent está a caminho de uma desvalorização em torno de 14% na semana que agora termina, o pior registo semanal desde que, em outubro de 2008, perdeu mais de 21%. 

Já o West Texas Intermediate (WTI), transacionado em Nova Iorque, afunda 6,20% para 44,17 dólares por barril, estando assim a caminho do pior saldo semanal desde 2009.

A organização dos países exportadores de petróleo (OPEP) referiu entretanto que está comprometida em renovar o acordo vigente para o cartel relativo ao corte dos níveis de produção como forma de impulsionar o preço da matéria-prima.

Ouro com maior queda desde 2013
Tido habitualmente como um dos ativos de refúgio preferenciais para os investidores em períodos conturbados nos mercados, desta feita nem o ouro escapou à razia que varre praticamente os mercados de "lés a lés". O metal precioso deprecia 2,31% para 1.606,97 dólares por onça numa sessão em que chegou a recuar praticamente 4,5%, o que faz de tal queda a maior desde 2013.

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