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Abertura dos mercados: Fed atira bolsas europeias para mínimos de dois anos. Petróleo afunda
O cenário central há poucas semanas apontava para três subidas de juros da Fed em 2019. Entretanto o mercado corrigiu as expectativas e já apontava para apenas uma subida. O presidente da Fed sinalizou dois aumentos, o que está a provocar um "sell off" nas bolsas e no petróleo. Os investidores estão procurar refúgio na dívida soberana e também no iene e ouro.
Os mercados em números
PSI-20 desvaloriza 1,36% para 4.679,81 pontos
Stoxx 600 cai 1,56% para os 336,20 pontos
Nikkei desvalorizou 2,84% para 20.392,58 pontos
"Yield" 10 anos de Portugal estável em 1,65%
Euro aprecia 0,45% para os 1,1428 dólares
Petróleo desce 2,66% para 55,72 dólares por barril em Londres
Bolsas europeias em mínimos de dois anos
As bolsas europeias negoceiam em mínimos de Novembro de 2016. O Stoxx 600, o índice que agrega as 600 maiores cotadas europeias, está a desvalorizar 1,56% para os 336,20 pontos. Tal deve-se ao anúncio da Reserva Federal de que prevê mais duas subidas dos juros em 2019, depois de quatro subidas este ano.
Esta previsão desiludiu os investidores que aguardavam uma redução ainda maior no ritmo de subida dos juros – ou até mesmo uma pausa. As bolsas norte-americanas afundaram renovando mínimos do ano, as asiáticas foram pelo mesmo caminho e agora os índices europeus tombam mais de 1% para mínimos de dois anos.
Os investidores também não gostaram de ouvir as declarações do presidente da Fed, já que Jerome Powell não se mostrou preocupado com a forte volatilidade que tem atingido os mercados. "Não olhamos para nenhum mercado em particular" e "um pouco de volatilidade" provavelmente não terá impacto na economia, disse o líder da Fed.
Na Europa, todos os sectores estão a sofrer quedas de 1% a 2%. Um dos que mais desvaloriza é o sector da energia numa altura em que o petróleo regressa às quedas, também afectado pela decisão da Fed. O aperto da política monetária numa altura em que a economia está a desacelerar intensificou as preocupações sobre a excessiva oferta de petróleo no mercado face à procura.
A evolução da cotação do barril também está a ter efeito em Lisboa na negociação das acções da Galp Energia que desvalorizam mais de 1%. Entre os "pesos pesados" da bolsa, destaque ainda para a queda dos títulos do BCP e da EDP, assim como do sector do papel. Ao cair mais de 1%, o PSI-20 caminha para renovar mínimos de Março do ano passado.
Fed também pressiona dólar
Apesar de ter adoptado uma postura mais agressiva do que muitos esperavam, a expectativa há poucas semanas apontava para três subidas de juros por parte da Fed em 2019. Daí que a indicação de um ritmo mais ténue de aumento de juros na maior economia do mundo esteja a penalizar o dólar, numa sessão em que o iene está a ser um dos activos de refúgio de eleição, com a moeda japonesa a atingir máximos de Outubro. O índice do dólar (que mede a relação da moeda norte-americana com as principais divisas mundiais) desvaloriza 0,3% e o euro avança 0,45% para 1,1428 dólares.
Investidores refugiam-se na dívida alemã e japonesa
Os juros da dívida soberana estão a cair de forma generalizada, com os investidores a saírem dos activos de maior risco, procurando abrigo nas obrigações soberanas consideradas mais seguras. A "yield" da dívida alemã a 10 anos desce 3 pontos base para 0,209%, o que representa o nível mais baixo em 20 meses. Já ontem a "yield" das obrigações dos EUA tinha atingido um mínimo de nove meses em 2,75% e já hoje o juro das obrigações japoneses aproximaram-se de 0%.
A taxa genérica das obrigações soberanas de Portugal a 10 anos está a estável em 1,65%, perto de mínimos de Abril. Na dívida italiana com a mesma maturidade os juros sobem 1 ponto base para 2,781%.
Petróleo volta a afundar para mínimos
O petróleo também está a sofrer com o movimento de fuga dos investidores dos activos de maior risco e receios com o abrandamento da economia global. O barril de brent em Londres desce 2,66% para 55,72 dólares, o que representa um novo mínimo desde Outubro de 2017. O WTI, que é transaccionado em Nova Iorque, desvaloriza 3,05% para 46,70 dólares.
Além do efeito da reunião da Fed, a matéria-prima está também a ser penalizada pelo continuado aumento da produção de petróleo nos Estados Unidos, já que os inventários num dos principais centros de armazenamento de "shale oil" no país aumentaram para o nível mais elevado desde Janeiro.
Ouro volta a ter estatuto refúgio
O metal precioso é outro dos activos onde os investidores procuram refúgio, algo que não aconteceu noutros períodos de turbulência nos mercados. O ouro negociou ontem em máximos de cinco meses, mas perdeu terreno depois de conhecida a decisão da Fed, já que o metal precioso beneficia de taxas de juro mais elevadas. Com o dólar agora em queda, o ouro regressa aos ganhos, com uma valorização de 0,4% para 1.247,53 dólares no mercado à vista em Londres.