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Falcão da Fed assusta pombas de Wall Street. Bolsas marcam novos mínimos do ano
As bolsas norte-americanas encerraram em queda, depois de a Reserva Federal sinalizar duas eventuais subidas dos juros no próximo ano, quando o mercado estava à espera de um posicionamento ainda mais brando por parte do banco central.
O Dow Jones fechou a sessão desta quarta-feira a cair 1,49% para 23.323,18 pontos e o Standard & Poor’s 500 recuou 1,54% para 2.509,91 pontos.
Por sua vez, o tecnológico Nasdaq Composite desvalorizou 2,17% para 6.636,86 pontos.
Os três grandes índices de Wall Street estão já em fase de correcção [quando há uma queda de pelo menos 10% face ao último pico], o que não acontecia desde Março de 2016, e seguem a caminho do seu pior mês de Dezembro desde a Grande Depressão, em 1931.
O último mínimo de fecho do S&P 500 este ano tinha sido de 2.581 pontos, tendo sido marcado em inícios de Fevereiro. Em Setembro atingiu um novo máximo histórico, mas no último trimestre tem estado a ser fortemente penalizado por um movimento de "sell-off" - o mesmo acontecendo com o Dow e o Nasdaq.
Por sua vez, o índice Russell 2000, que regista o desempenho das empresas de menor capitalização [small caps], já está em "mercado urso", a cair 20% face aos recentes máximos (que foram também históricos).
Os principais índices bolsistas do outro lado do Atlântico abriram a sessão desta quinta-feira em alta, na expectativa de que a Reserva Federal (Fed) anunciasse um rumo mais brando no próximo ano em matéria de política monetária.
Mas não foi o que aconteceu - pelo menos na dimensão esperada.
A entidade liderada por Jerome Powell revelou, às 19:00 de Lisboa, o quarto aumento de 25 pontos base este ano da sua taxa directora, que ficou compreendida entre 2,25 e 2,50%.
Até aqui, sem surpresas. No entanto, os investidores aguardavam com grande expectativa que a Fed sinalizasse o rumo das taxas de juro em 2019, apontando para uma desaceleração no ritmo de subidas da taxa directora ou até mesmo para uma pausa.
Com efeito, perante o abrandamento económico global, muitos investidores esperavam que o banco central se decidisse mesmo por uma pausa no aumento dos juros – que hoje foram elevados pela nona vez desde que foi iniciada a via da normalização da política monetária [em Dezembro de 2015] e que tem encarecido o preço do dinheiro.
Acontece que a Fed, no comunicado divulgado no final do encontro dos governadores, adoptou um tom menos suave (menos ‘dovish’ – a pomba, por oposição ao falcão [‘hawkish’]).
Embora a Reserva Federal tenha reduzido o número de aumentos projectados para 2019, justificando essa alteração com a necessidade de acompanhar a própria evolução da economia norte-americana, o mercado esperava que essa redução fosse ainda mais acentuada.
Depois da reunião realizada no mês passado, a ideia que ficou assente passava por três novos aumentos em 2019 ou apenas dois. E agora já se conta, de facto, com apenas dois. Mas hoje o mercado já nem queria sequer ouvir falar de duas subidas no próximo ano. A ‘suavidade’ da Fed ficou, por isso, aquém das expectativas.
"Ao reduzirem o número de subidas de juros que estimam para 2019, os responsáveis pela política monetária poderão em breve fazer uma pausa na sua política de endurecimento monetário. Mas os investidores esperavam uma abordagem ainda menos agressiva [ou mais suave], para mais depois de as bolsas norte-americanas terem entrado em território de correcção devidos aos receios de abrandamento económico mundial", sublinha a Bloomberg.
Por entre a recente volatilidade nas acções e noutros activos de risco, muitos investidores esperavam que Powell limitasse as quedas decorrentes dos aumentos dos juros e que transmitisse uma mensagem menos ‘falcão’ do que no passado".