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Abertura dos mercados: "Sell off" nas bolsas e petróleo afunda com coronavírus. Investidores fogem para ouro e obrigações

O forte aumento de pessoas infetadas fora da China, com destaque para Itália na Europa, está a provocar a saída acentuada dos investidores dos mercados acionistas, que procuram refúgio no ouro, nas obrigações soberanas e no dólar. O Stoxx600 está a aprofundar as quedas e já desce mais de 3%.

Nuno Carregueiro nc@negocios.pt 24 de Fevereiro de 2020 às 09:29

(notícia atualziada às 10:10 com novas cotações)

Os mercados em números

PSI-20 cede 3,06% para 5.222,08 pontos
Stoxx 600 desvaloriza 3,36% para 413,68 pontos
Juros da dívida portuguesa a dez anos recuam 3,1 pontos base para 0,199%
Euro desvaloriza 0,22% para 1,0823 dólares
Petróleo em Londres perde 3,66% para 56,36 dólares por barril


Bolsas europeias com maior queda desde 2016

Os mercados acionistas arrancaram a semana com quedas fortes, numa altura em que os investidores estão a sair em força das ações devido à propagação do coronavírus em vários países fora da China.

O Stoxx600 desce já 3,28% para 413,68 pontos, com o índice pan-europeu a sofrer a queda intra-diária mais forte desde junho de 2016. Está a ser pressionado por todos os setores, mas com maior intensidade pelas mineiras e fabricantes automóveis, que são as mais expostas ao impacto do surto do coronavírus.

Este "sell off" nos mercados acionistas acontece numa altura em que a propagação do vírus denominado Covid-19 está a ganhar força fora da China e a provocar vítimas mortais no Japão, Coreia do Sul, Medio Oriente e também na Europa (Itália).

As autoridades da Coreia do Sul (país mais afetado com o vírus para além da China) relataram esta segunda-feira a existência de 763 casos de contágio, um número bastante superior aos 30 da semana passada. Em Itália, mais de 150 pessoas testaram positivo para o vírus até domingo - face aos três casos do dia anterior - levando o governo a colocar 11 cidades sob quarentena na região norte do país. Há quatro vítimas mortais confirmadas em Itália.

O número de mortos devido ao Covid-19 subiu hoje para 2.592 na China continental e foram reportados 409 novos infetados, quase todos na província de Hubei. A cidade santa de Qom, 140 quilómetros a sul de Teerão, tem já registadas 50 mortes provocadas pelo novo coronavírus, reportou hoje a agência semioficial iraniana ILNA.

 

O grupo das principais 20 economias mundiais alertou este domingo que a propagação rápida do coronavírus representa um sério risco para o crescimento global e concordaram em agir se o impacto da epidemia se intensificar.

 

O Fundo Monetário Internacional cortou a previsão de crescimento anual da China em 0,4 pontos percentuais para 5,6%, mas para já as autoridades chinesas mantém as suas metas de crescimento, tendo reforçado a promessa de reduzir impostos e apoiar as empresas a recuperarem dos prejuízos causados pelo surto.

 

"São muitas as notícias negativas na frente do coronavírus, com o número de novos casos a aumentar", comentou à Reuters Shane Oliver, economista-chefe da AMP, destacando que "existe muita incerteza" sobre o impacto económico, mas que será provável que a economia chinesa registe uma contração no atual trimestre.

As bolsas asiáticas registaram uma sessão de forte queda, com o índice da bolsa Coreia do Sul (Kospi) a liderar as desvalorizações (-3,87%), seguida de Hong Kong e Sidney. Na Europa a bolsa de Milão destaca-se no vermelho, com o FTSE MIB a ceder mais de 5%. Nos Estados Unidos a sessão também deverá ser marcada por quedas fortes, uma vez que os futuros sobre o S&P500 recuam mais de 2%.

Em Lisboa o PSI-20 não escapa a esta maré vermelha, com o índice lisboeta a descer 2,35% para 5.260,25 pontos, numa altura em que 18 títulos que o compõem estão a negociar no vermelho.

Obrigações servem de refúgio. Juros de Portugal em mínimos de novembro

As obrigações soberanas voltam a funcionar como porto de abrigo dos investidores que estão a fugir dos mercados acionistas e outros ativos considerados mais arriscados.

A "yield" das obrigações alemãs a 10 anos desce 6,1 pontos base para -0,495% e a taxa de juro dos títulos portugueses com a mesma maturidade recua 3,1 pontos base para 0,199%, o que corresponde ao nível mais baixo desde o início de novembro de 2019.

Também as obrigações norte-americanas a 10 anos estão a ser alvo de forte procura por parte dos investidores, atirando a taxa de juro dos títulos para o nível mais baixo desde 2016. A yield das treasuries desce 7 pontos base para 1,40%.

Já nas obrigações italianas assiste-se a um movimento inverso, com os investidores preocupados com o efeito económico negativo da propagação do coronavírus no país que está a ser o epicentro do surto na Europa. Os juros disparam 7 pontos base para 0,976%.

Euro recua após recuperar de mínimos

A moeda europeia também está ser penalizada pela propagação do coronavírus, já que a incerteza gerada pelo surto está a fortalecer a procura de dólares. Depois de no final da semana ter recuperado de mínimo de três anos, o euro desvaloriza 0,22% para 1,0823 dólares e o índice que mede o desempenho da moeda norte-americana contra as principais divisas mundiais está a subir 0,3%.

Petróleo afunda mais de 3%

O cenário de uma travagem da economia mundial devido à propagação do coronavírus está a penalizar as cotações das matérias-primas, com destaque para o petróleo, que regista perdas acima de 3%.

O Brent, que negoceia em Londres e serve de referência às importações portuguesas, desvaloriza 3,66% para 56,36 dólares. O WTI, que transaciona em Nova Iorque, desce 3,5% para 51,51 dólares.

Ouro dispara para máximos de 2013

O metal precioso continua a ser o ativo de refúgio preferido dos investidores em dias de vermelho carregado nos mercados acionistas. No mercado à vista em Londres o ouro está a valorizar 2,53% para 1.684,98 dólares a onça, o que corresponde a máximos desde janeiro de 2013.

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