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Petróleo em Londres recua para mínimo de quatro anos
As estimativas de aumento das reservas de crude nos Estados Unidos e a política de preços da Arábia Saudita continuam a pressionar a cotação do petróleo, que esta quarta-feira atingiu o valor mais baixo em quatro anos na bolsa de Londres.
Os preços do petróleo continuam a negociar em terreno negativo, pressionados pela expectativa de um novo aumento das reservas petrolíferas nos Estados Unidos, bem como pela política de preços nos Estados Unidos.
Na bolsa de Londres o barril de Brent está a descer 0,8%. O petróleo que serve de referência às importações portuguesas já esteve esta manhã a recuar 1,4% para 81,63 dólares, o valor mais reduzido desde 21 de Outubro de 2010.
Em Nova Iorque o WTI cede 0,41% para 76,87 dólares. Ontem a matéria-prima atingiu um mínimo para 77,19 dólares, um mínimo desde Outubro de 2011.
O petróleo está a recuar nos dois mercados há cinco sessões consecutivas e acumula fortes perdas no ano. Desde o final de 2013 o Brent em Londres cede 26%, enquanto o crude WTI em Nova Iorque cai 22%.
A queda de hoje continua a ser justificada pela política de preços da Arábia Saudita. Depois de há pouco mais de um mês ter colocado os preços do petróleo sob pressão com uma descida dos valores de venda para o mercado asiático, desta vez afundou as cotações com um novo corte dos preços, mas desta vez para os EUA. Uma estratégia que não agradará a alguns membros da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP), mas que o maior produtor do mundo vê como a mais acertada para manter a sua quota de mercado.
A Arábia Saudita não está preparada para se render à quebra nas vendas de petróleo nos EUA, país onde o petróleo de xisto betuminoso elevou a produção para o nível mais elevado em 30 anos. "A Ásia precisa de comprar o petróleo à Arábia Saudita, independentemente das flutuações dos preços", diz Ken Hasegawa, analista de energia na Newedge Group, citado pela Bloomberg. "Do outro lado do mundo, está a tentar expandir a sua quota baixando os preços", acrescenta.
A queda das cotações reflecte também as perspectivas dos investidores que os países membros da OPEP, apesar desta queda das cotações, não vão aceitar cortar a sua produção individual, de modo a não baixar as receitas com a venda da matéria-prima. "Muitos investidores no mercado, incluindo eu, estão altamente cépticos com os cortes de produção da OPEP", comentou à Bloomberg Christopher Bellew, operador da Jefferies International.
A pressionar as cotações esta quarta-feira está também a estimativa de que as reservas de crude nos Estados Unidos voltaram a aumentar na semana passada.