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Petróleo cai mais de 4% com bancos centrais a ofuscarem queda dos stocks
Os investidores estão a prestar mais atenção à política monetária dos grandes bancos centrais, com a subida dos juros de referência a suscitar receios de que a esperada retoma da procura por crude demore a materializar-se.
A sessão teria tudo para ser risonha para os preços do "ouro negro": as reservas norte-americanas de crude caíram mais do que o esperado e as exportações da Organização dos Países Exportadores de Petróleo e seus aliados (OPEP+) caíram para mínimos de um ano.
No entanto, as cotações seguem a afundar mais de 4% nos principais mercados internacionais. Porquê? Porque os investidores estão a prestar mais atenção à política monetária dos grandes bancos centrais, com a subida dos juros de referência a suscitar receios de que a esperada retoma da procura por crude demore a materializar-se.
O West Texas Intermediate (WTI), "benchmark" para os Estados Unidos, segue a ceder 4,38% para 69,35 dólares por barril.
Por seu lado, o Brent do Mar do Norte, crude negociado em Londres e referência para as importações europeias, recua 4,01% para 74,03 dólares.
"Os cortes de produção por parte dos membros da OPEP+ levaram a que as exportações de crude do cartel e seus aliados caíssem para mínimos de um ano. Além disso, deverão cair mais em julho, em resultado do corte unilateral da Arábia Saudita", sublinha Giovanni Staunovo, analista de matérias-primas do UBS, num "recearch" a que o Negócios teve acesso.
"Com a procura a registar uma subida sazonal nos próximos meses, antevemos maiores quedas dos stocks de crude – que sustentarão os preços do petróleo", acrescenta o estratega do banco suíço. Esse impulso não se está a observar hoje, mas à conta dos receios em torno da subida dos juros diretores.
O BCE elevou os juros na semana passada e disse que o movimento é para continuar. A Fed pausou as subidas, mas sinalizou novos aumentos até ao final do ano – e ontem o presidente do banco central, Jerome Powell, mostrou-se "hawkish" ao reiterar que são necessárias novas subidas e que há ainda "um longo caminho a percorrer" até que a inflação nos EUA regresse à meta dos 2%. Além disso, hoje o Banco de Inglaterra subiu em 50 pontos base, para 5% - o valor mais alto em 14 anos.