Notícia
Peso do petróleo na inflação é maior nos EUA, mas mais persistente na Europa
O impacto da subida dos preços do petróleo na inflação "é mais rápido nos Estados Unidos mas as consequências inflacionistas são mais persistentes na Zona Euro". Em termos de sensibilidade das expectativas da inflação, Portugal ocupa a quinta posição entre os Estados membros da região.
27 de Junho de 2023 às 13:48
O impacto do aumento dos preços do petróleo é mais "rápido" nos EUA, mas mais "persistente" na Zona Euro, revelou Christiane Baumeister, professora da Universidade de Notre Dame no âmbito da apresentação de um estudo subordinado ao tema, durante o Fórum BCE, que está a decorrer em Sintra.
O impacto da subida dos preços do petróleo na inflação "é mais rápido nos Estados Unidos mas as consequências inflacionistas são mais persistentes na Zona Euro", começou por referir Christiane Baumeister.
Já em termos de impacto do efeito inflacionista dos choques petrolíferos nas expectativas sobre a inflação, a também especialista sobre o papel da energia na transmissão de política monetária referiu que as "expectativas de inflação aumentam mais gradualmente na Zona Euro".
Tal movimento indica, para a professora da Universidade de Notre Dame, "que o aumento dos preços do petróleo está mais enraizado nas expectativas" das famílias e empresas.
Durante a apresentação, Christiane Baumeister revelou ainda um gráfico onde ordena os mais mais e menos sensíveis, em termos de expectativas da inflação.
A académica sublinhou que "a sensibilidade das expectativas de inflação varia muito entre os países membros, tanto em termos de magnitude como de dinâmica", sendo que a Eslováquia ocupa o primeiro lugar da tabela e a Irlanda o último. Portugal ocupa a quinta posição.
Olhando para as causas que levaram ao choque petrólifero, além da pandemia e outros fatores, destaca-se a forma como mudaram as importações russas e o facto de a OPEP estar de "mãos atadas".
"Os níveis baixos de capacidade disponível limitam a flexibilidade da OPEP para equilibrar o mercado", alerta Christiane Baumeister.
No que toca à invasão russa à Ucrânia e consequentes sanções por parte do Ocidente, a professora francesa explica que, com esta mudança, Moscovo virou-se para outros importadores passando a haver "um novo padrão dos fluxos comerciais de petróleo".
Relativamente ao papel dos EUA neste mercado, em específico o setor de ouro negro oriundo de xisto betuminoso, a especialista frisa que se tem assistido a um "crescimento lento da produção desde a pandemia", devido a "barreiras físicas", como o "aumento dos custos" ou a "escassez de mão de obra" e de natureza corporativa, como é o caso da "exigência dos investidores" em termos de disciplina de capital e de retornos do investimento.
Reguladores têm de "reforçar escrutínio"
Durante o painel subordinado ao tema da energia, o colunista espanhol da Bloomberg e autor do livro "Mundo à Venda", Javier Blas, apelou a um maior escrutínio dos "traders" que "especulam nos mercados financeiros e compram e vendem no mercado de físico", de forma a evitar aquilo que classificou como "preços artificiais".
Javier Blas recorrer mesmo às citações de várias instituições, incluindo do BCE, para alertar a este problema. Segundo o colunista da Bloomberg, em 2017, a autoridade monetária alertou que "em grande medida os 'traders' de 'commodities' escaparam ao controlo das autoridades reguladoras na UE".
O impacto da subida dos preços do petróleo na inflação "é mais rápido nos Estados Unidos mas as consequências inflacionistas são mais persistentes na Zona Euro", começou por referir Christiane Baumeister.
Tal movimento indica, para a professora da Universidade de Notre Dame, "que o aumento dos preços do petróleo está mais enraizado nas expectativas" das famílias e empresas.
Durante a apresentação, Christiane Baumeister revelou ainda um gráfico onde ordena os mais mais e menos sensíveis, em termos de expectativas da inflação.
A académica sublinhou que "a sensibilidade das expectativas de inflação varia muito entre os países membros, tanto em termos de magnitude como de dinâmica", sendo que a Eslováquia ocupa o primeiro lugar da tabela e a Irlanda o último. Portugal ocupa a quinta posição.
Olhando para as causas que levaram ao choque petrólifero, além da pandemia e outros fatores, destaca-se a forma como mudaram as importações russas e o facto de a OPEP estar de "mãos atadas".
"Os níveis baixos de capacidade disponível limitam a flexibilidade da OPEP para equilibrar o mercado", alerta Christiane Baumeister.
No que toca à invasão russa à Ucrânia e consequentes sanções por parte do Ocidente, a professora francesa explica que, com esta mudança, Moscovo virou-se para outros importadores passando a haver "um novo padrão dos fluxos comerciais de petróleo".
Relativamente ao papel dos EUA neste mercado, em específico o setor de ouro negro oriundo de xisto betuminoso, a especialista frisa que se tem assistido a um "crescimento lento da produção desde a pandemia", devido a "barreiras físicas", como o "aumento dos custos" ou a "escassez de mão de obra" e de natureza corporativa, como é o caso da "exigência dos investidores" em termos de disciplina de capital e de retornos do investimento.
Reguladores têm de "reforçar escrutínio"
Durante o painel subordinado ao tema da energia, o colunista espanhol da Bloomberg e autor do livro "Mundo à Venda", Javier Blas, apelou a um maior escrutínio dos "traders" que "especulam nos mercados financeiros e compram e vendem no mercado de físico", de forma a evitar aquilo que classificou como "preços artificiais".
Javier Blas recorrer mesmo às citações de várias instituições, incluindo do BCE, para alertar a este problema. Segundo o colunista da Bloomberg, em 2017, a autoridade monetária alertou que "em grande medida os 'traders' de 'commodities' escaparam ao controlo das autoridades reguladoras na UE".