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Petróleo afunda perto de 6% para mínimos de mais de um ano com abalo na banca

Preços estão em mínimos de dezembro de 2021. O crude de referência para a Europa já perdeu mais de 10 dólares nas últimas 10 sessões.

Reuters
15 de Março de 2023 às 16:32
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Os preços do "ouro negro" seguem a mergulhar nos principais mercados internacionais, para mínimos de mais de um ano, com os dissabores do Credit Suise a assustarem os mercados mundiais e a ofuscarem a expectativa de uma retoma da procura de crude pela China.

 

O West Texas Intermediate (WTI), "benchmark" para os Estados Unidos, cai 5,75% para 67,23 dólares por barril. Por seu lado, o Brent do Mar do Norte, crude negociado em Londres e referência para as importações europeias, perde 5,62% para 73,10 dólares.

 

Tanto o WTI como o Brent estão assim a negociar nos níveis mais baixos desde dezembro de 2021 e a cair há três sessões consecutivas.

 

Depois de as autoridades norte-americanas terem ido em socorro dos depositantes do Silicon Valley Bank e do Signature Bank, que fecharam portas na passada sexta-feira e no domingo, respetivamente, os mercados bolsistas recuperaram ontem algum fôlego – mas não o mercado petrolífero, devido aos receios de uma nova crise financeira que possa reduzir a futura procura por petróleo.

 

E esses receios foram hoje intensificados com os reveses do Credit Suisse, que caiu para mínimos históricos depois de o seu maior investidor, o Saudi National Bank, descartar nova ajuda.

 

A acalmia nas bolsas acabou por ser breve, dada a forte queda de hoje do banco suíço, o que está também a pressionar adicionalmente o crude. O dólar é um típico valor-refúgio em situações de instabilidade e a sua valorização retira atratividade aos ativos denominados na nota verde (como é o caso do "ouro negro") para quem negoceia com outras moedas.

 

A turbulência nos mercados financeiros "tem estado a pesar nos preços do petróleo, com o Brent a ter já caído mais de 10 dólares nas últimas 10 sessões", explica Giovanni Staunovo, analista de matérias-primas do UBS, num "research" a que o Negócios teve acesso.

 

"Há quem possa questionar-se sobre o porquê de uma crise na banca atingir tão duramente o petróleo, já que não é provável que impacte na procura e produção de crude. No entanto, em períodos de elevada volatilidade, os investidores tendem a ficar avessos aos ativos de risco, como o crude, e a investirem em ativos mais seguros", explica Staunovo.

 

O analista do banco suíço sublinha que os preços do petróleo têm sido muito sensíveis à recente mudança no sentimento de risco, especialmente devido à ausência de fundamentais que sustentem o preço, com os stocks norte-americanos de crude a aumentarem este ano.

 

Segundo Staunovo, "o que está a intensificar a queda nos preços é o mercado de opções, através da chamada 'cobertura de risco delta' (delta hedging)". E de que forma?. "As instituições financeiras vendem instrumentos de proteção para situações de queda dos preços (put options) a 'players' do mercado petrolífero – aos produtores, por exemplo. Com o preço do crude a cair abaixo do nível em que a proteção é acionada (strike level), essas instituições financeiras precisam agora de evitar ter um risco de preço nos seus balanços, pelo que estão a vender contratos de futuros do crude para compensarem os riscos, o que amplia a queda dos preços", explica o analista do UBS.

 

Assim, "os investidores vão estar atentos à forma como os governos e bancos centrais estão a gerir as pressões de mercado", acrescenta.

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