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OPEP+ aumenta ligeiramente produção mas sauditas fazem encolher mercado

A Organização dos Países Exportadores de Petróleo e seus aliados (grupo conhecido por OPEP+) estava decidida a manter em fevereiro os atuais níveis de produção. Mas a Rússia e o Casaquistão vão aumentar ligeiramente as suas quotas. Só que o reforço no corte de produção que deve ser decidido unilateralmente por Riad vai mais do que compensar essa entrada de crude.

Reuters
05 de Janeiro de 2021 às 20:35
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A OPEP+, composta pelos 13 membros da Organização dos Países Exportadores de Petróleo e pelos seus 10 aliados, estava decidida que em fevereiro não iria alterar as atuais quotas de produção, depois de no mês passado ter definido um aumento da oferta na ordem dos 500.000 barris por dia para o mês de janeiro. A meio da tarde, os principais meios de comunicação social avançavam todos com esse cenário, citando fontes próximas do processo.

 

No entanto, terminada a reunião, foi anunciado que afinal vai haver um ligeiro aumento em fevereiro. Entram mais 75.000 barris por dia no mercado, 10.000 à conta do Casaquistão e os restantes por parte da Rússia.

 

Apesar de não ter ainda sido definido o volume de produção para março, no caso daqueles dois países já foi também acertada uma quota, o que leva a que o volume de retirada de crude do mercado diminuía de 7,125 milhões de barris por dia em fevereiro para 7,05 milhões.

 

Mas esta maior oferta de matéria-prima, devido à redução do esforço de corte da produção, poderá ser mais do que compensada pelo corte unilateral que está a ser pensado pela Arábia Saudita.

 

Segundo algumas fontes, em declarações à Bloomberg e Reuters, Riad pretende diminuir adicionalmente a sua oferta, em um milhão de barris por dia (ou seja, além do plafond de produção acordado no âmbito da OPEP, ainda reforça individualmente esse seu esforço de fecho das torneiras). Já não é a primeira vez que os sauditas tomam esta decisão para ajudar a sustentar os preços e assim ajudam também a encaixar a maior entrada de ouro negro proveniente do Casaquistão e da Rússia.

 

Resta saber se esse corte unilateral terá mesmo efeito no mercado, já que alguns membros do cartel costumam prevaricar e produzir acima das quotas que lhes foram estipuladas.

 

Já há mais meio milhão de barris diários no mercado

 

No passado dia 3 de dezembro, os 23 membros da OPEP+ chegaram a acordo quanto ao nível de oferta em janeiro, tendo decidido aumentar a entrada de crude no mercado em meio milhão de barris por dia.

 

Os mercados estavam a antecipar que a OPEP+ prolongaria, pelo menos por mais três meses, os níveis de corte da produção que vigoravam naquele momento, mas não foi isso que aconteceu.

 

Recorde-se que a OPEP+ acordou reduzir a oferta em 7,7 milhões de barris por dia entre agosto e dezembro, para depois aliviar esse corte em cerca de dois milhões de barris diários a partir de janeiro de 2021 mas esperava-se que decidisse adiar a entrada de mais crude no mercado.

 

Mas a Rússia (que não queria adiar a entrada de crude no mercado) e a Arábia Saudita (que era favorável à manutenção do nível de produção) puseram de lado o plano de deixar tudo na mesma durante mais três meses, já que não estavam a chegar a um entendimento, e trabalharam num acordo de mais curto prazo, o que resultou.

 

Decidiram assim aumentar a oferta em 500.000 barris por dia, em vez dos dois mil milhões diários anteriormente definidos. O corte total ficou, por isso, nos 7,2 milhões de barris diários.

 

Agora, a decisão passa por reduzir esse corte para 7,125 milhões de barris por dia em fevereiro e para 7,05 milhões de barris/dia em março. Mas como a OPEP+ definiu que passa a ter reuniões mensais para definir as quotas do mês seguinte, na reunião de fevereiro tudo pode mudar – muito dependendo da evolução dos programas de vacinação contra a covid-19 e do seu efeito na reabertura das economias.

 

Preços reagem em alta

 

As cotações da matéria-prima estiveram hoje a subir, a reagir com entusiasmo às notícias vindas da OPEP, com o crude negociado nos EUA a superar os 50 dólares pela primeira vez em quase um ano.

 

O West Texas Intermediate (WTI), "benchmark" para os Estados Unidos, para entrega em fevereiro, que negociou no vermelho na primeira sessão do ano, fechou a escalar 5,08% para 50,04 dólares. Não tocava no patamar dos 50 dólares desde fevereiro do ano passado.

 

Já o contrato de fevereiro do Brent do Mar do Norte, crude negociado em Londres e referência para as importações europeias, valorizou 5,11% para 53,70 dólares.

 

Apesar de afinal ter sido revelado que vai haver aquele pequeno aumento da oferta por parte de Nursultan e Moscovo, o corte planeado por Riad mais do que compensará esse extra no mercado – o que sustentou as cotações.

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